Gêmeos inauguram bunker permanente em museu do Rio

Gêmeos criaram um Bunker para integrar o acervo do Museu Casa do Pontal no Rio de Janeiro

(Foto: Agência Brasil)

(Foto: Agência Brasil)

A dupla Gustavo e Otávio Pandolfo ou Gêmeos, como preferem ser chamados, já estão se acostumando em ver seus trabalhos expostos nas paredes de galerias e museus. Os artistas urbanos, que antes tinham que trabalhar duro para ver seus trabalhos nas paredes das cidades – sempre apagados pelas tintas frias e cinzas dos pinceis da prefeitura – conquistaram seu lugar e agora querem defender o lugar do Museu Casa do Pontal.

O Museu Casa do Pontal foi fundado há mais de 35 anos pelo francês Jacques Van de Beuque, mas agora está sendo tragado pelo crescimento urbano da capital carioca. Os dois andarem que dão lugar ao acervo do museu está sendo esmagado por um condomínio residencial, o que pode obrigar com que o museu procure um novo abrigo.

O Bunker criado pelos Gêmeos, uma instalação de quase dois metros de altura feita de cimento e ferro, pesa 20 toneladas e fará parte do acervo permanente do museu. A obra parece uma toca de cimento com porta de prisão que abriga um boneco amarelo, personagem conhecido dos desenhos da dupla.

O boneco de gesso tem 1,64 metros de altura e foi pintado com tinta resistente às intempéries do tempo, já que o Bunker está estacionado no jardim do museu. Nas mãos, o melancólico boneco segura um ex-voto – objeto doado às divindades como forma de agradecimento por uma dádiva concedida.

O Bunker vai integrar um acervo com mais de 8.500 peças de 200 artistas brasileiros. A ideia da obra era tratar da preservação, já que nas paredes internas da instalação, os Gêmeos pintaram imagens que remetem à destruição. “A obra é uma espécie de alerta. É triste ver um país tão rico em cultura e tão pouco preservado”, explicou os irmãos.

A fuga do Circo

Manuscrito de Lina Bo Bardi sobre quadro pintado pelo pai revela as memórias da forte figura da arquiteta ítalo-brasileira

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“Meu pai o dedicou a mim, que sempre tive horror de domingos. Os animaizinhos ele tirou de um grande livro colorido com o qual aprendi a ler”, foi assim que a arquiteta Lina Bo Bardi descreve a obra “Domingo – Fuga do Circo” em uma carta ao médico da família e amigo Piero Manginelli em 1975. A pintura foi uma homenagem que seu pai fez à filha entediada com o dia mais famoso por ser o mais chato: domingo.

A obra faz parte do acervo da família de Lina, mas nunca entrou para as exposições sobre a arquiteta. O paradeiro da obra ficou desconhecido por algum tempo, até descobrirem que o quatro – presente de Lina ao médico da família – foi parar nas mãos da psicanalista Marilucia Melo Meireles. Após a morte de Piero Manginelli, seus familiares presentearam a psicanalista com a obra de Enrico Bo.

No manuscrito de Bo Bardi que acompanhou o quadro, ela conta que a obra foi pintada em 1952 por seu pai. “Ele começou a pintar nas longas noites da guerra seguindo uma vocação sufocada por décadas”. Enrico Bo pintou seu primeiro quadro quando já tinha 62 anos de idade. À época do manuscrito, Lina tinha um estúdio em Milão onde expunha as obras do pai.

As pinturas em realismo mágico de Enrico Bo estão em coleções espalhadas pela Itália e pelo Brasil. Atualmente, o quadro está guardado com carinho no consultório de Marilucia Melo Meireles. Ao ser revelado, o manuscrito trouxe a tona um lado doce da forte arquiteta Achillina Bo, conhecida mundialmente por Lina Bo Bardi. A dona dos traços que ergueram o Masp e outros importantes prédios teve sua memória revelada pelo quadro pintado por seu pai há mais de 50 anos.
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Linha Tajá: Sérgio Rodrigues

Muita cor nesse verão com móveis de Sérgio Rodrigues reeditados pela Butzke

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Os traços sóbrios e modernistas de Sérgio Rodrigues no design mobiliário não o impediram de trabalhar com as cores e foi assim, alegre e carnavalesca, que a família de móveis Tajá foi reeditada em 2012 pela Butzke. A família Tajá original foi criada em 1978 por Sergio Rodrigues, composta de poltrona, sofá de dois lugares e cadeiras de diferentes tamanhos.

Nem precisamos lembrar que nosso eterno mestre do design ficou conhecido por traçar a identidade do mobiliário brasileiro. Rodrigues, que nos deixou no final de 2014, costumava dizer que o móvel não é só uma peça. “O móvel não é só a figura ou só o material de é composto, é sim alguma coisa que tem dentro dele. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro”, dizia.

Sua poltrona, que hoje é destaque de nosso Blog AZ, foi reeditada nas madeiras Jatobá e Nogueira com tecnologia EPS, que exclui a necessidade de manutenção e assegura a beleza visual dos produtos, além da Laca nas cores: amarelo, azul, verde, vermelho e laranja. Trazer cor para casa nesse verão é ainda melhor quando o colorido vem assinado pelo mestre do design nacional.

Zipper abre as portas para artistas sem galeria

A Zipper Galeria recebe o 6º Salão dos Artistas Sem Galeria a partir de amanha às 19 horas

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A Zipper Galeria, ponto de encontro de artistas contemporâneos, recebe nesta sexta-feira (23) a 6ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria. O evento é promovido pelo Mapa das Artes para apresentar obras de dez artistas brasileiros que não são representados por nenhuma galeria de arte de São Paulo.

A seleção foi feita pelos curadores Adriano Casanova, Enock Sacramento e Mario Gioia para avaliar, exibir, documentar e divulgar em três mostras coletivas simultâneas os trabalhos desses “sem galeria”. Além da Zipper, as obras estarão expostas também nas galerias Sancovsky (SP) e Orlando Lemos Galeria (MG).

A exposição apresenta trabalhos de Andrey Zignnatto (SP), Charly Techio (PR), Rebollo (SP), Cida Junqueira (SP), Evandro Soares (GO), Fernanda Valadares (RS), Lucas Dupin (MG), Marcos Fioravante (RS), Myriam Zini (SP), Piti Tomé (RJ) e Thais Graciotti (SP).

A 6ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria recebeu 145 inscrições de 11 estados brasileiros. Os trabalhos ficarão expostos até 21 de fevereiro de 2015. Mais informações no site da galeria.

Poltrona Shell, a assinatura do estudiobola

Reinvenção inspirada na clássica Poltrona Bergère, Poltrona Shell mostra a criatividade do Estudiobola

Poltrona Shell (Foto: Marcus Camargo)

Poltrona Shell (Foto: Marcus Camargo)

A Poltrona Shell, criada em 2010 pelos designers Flavio Borsato e Maurício Lamosa, do estudiobola, é uma das peças mais icônicas do design contemporâneo brasileiro. Chamada de “fofona”, ela tem um toque vintage, mas também brilha em ambientes modernos, rústicos ou minimalistas. Ou seja, a poltrona Shell é uma peça versátil, além de perfeitamente executada. Continue lendo…

Fotógrafo registra cidade mais fria do mundo

O fotógrafo neozelandês Amos Chapple realizou uma série de fotografias do cotidiano dos moradores do vilarejo mais gelado do mundo

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No Centro-Oeste brasileiro existem cidades onde a temperatura mais alta e mais baixa de um mesmo ano sofre variação de apenas poucos graus e o calor é intenso durante os 365 dias que separam dezembro de janeiro, mas viver no calor é fácil perto de quem enfrenta temperaturas negativas o ano todo.

A fim de capturar a vida e os hábitos daqueles que enfrentam temperaturas geladas, o fotógrafo neozelandês Amos Chapple realizou uma série na cidade mais fria do mundo. Localizada no coração da Sibéria, a aldeia de Oymyakon – vilarejo onde habitam pouco mais de 500 pessoas na Rússia – é considerada o lugar habitado mais frio da Terra.

No ano de 1933 os termômetros do vilarejo registraram uma temperatura de -67,7 ° C, a mais baixa já registada para qualquer local habitado do planeta. Para chegar a esse pequeno canto gelado, o fotógrafo enfrentou uma jornada de dois dias de viagem partindo de Yakutsk, uma cidade de 300 mil habitantes com temperaturas médias de inverno de -34 ° C, o que a torna a cidade grande mais fria do mundo.
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O fotógrafo narrou que o mais difícil da experiência não foi enfrentar o frio, mas manusear a máquina fotográfica. As temperaturas eram tão baixas que o foco e o zoom das lentes ficavam congelados.

No dialeto local, Oymyakon significa água não congelada. O vilarejo está localizado na proximidade de fontes naturais de água que é a razão de sua existência. A pequena cidade foi fundada para amparar pastores de renas que utilizavam as águas termais da região para aquecer seus rebanhos.

Atualmente, o vilarejo é abastecido por uma única e pequena loja que oferece tudo o que a população precisa, enquanto uma central de aquecimento de carvão mantém os habitantes a uma temperatura aceitável. Seus moradores enfrentam dificuldades que o resto do mundo nem imagina existir, como a pouca água encanada devido ao terreno congelado e a necessidade de manter os veículos automóveis em garagens aquecidas para não congelarem.

Oymyakon fez história em 1926, quando atingiu a temperatura recorde de 71,2 graus abaixo de zero, mas essa medida nunca foi oficialmente reconhecida. Nenhum outro lugar permanente habitado pelo ser humano jamais registou frio tão espantoso. Confira mais sobre seu trabalho na página do Facebook.

 

Fotos:  Amos Chapple (divulgação)
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Poltrona Adriana: tesouro esquecido de Zalszupin

Poltrona Adriana ficou esquecida na garagem de Zalszupin até ser reeditada pela Etel em 2011

Poltrona Adriana
Já fomos apresentados a Jorge Zalszupin e sabemos bem o que esse polonês radicado no Brasil é capaz de fazer quando o assunto é design, então não é de se espantar que a Etel Interiores tenha descoberto um tesouro quando reeditou um clássico do designer da década de 1960: a Poltrona Adriana.

O designer nasceu em 1922 na Polônia, mas não ficou muitos anos nas terras geladas de seu país. Em 1945 o arquiteto terminou os estudos quando o mundo terminava mais uma guerra mundial. Após algumas escalas em países europeus, Jorge chegou ao Brasil e aqui fixou residência.

Em maio às descobertas modernistas, ao clima desenvolvimentista criado por Juscelino Kubichecke e longe da guerra, Jorge Zalszupin encontrou um terreno fértil para criar e desenvolver sua arquitetura vanguardista. No campo do design também mostrou seu know-how. Sua entrada na criação de móveis foi quase que natural e seus objetos de design passaram a fazer parte de quase todos os prédios oficiais do governo na recém-nascida Brasília.

Em 1962, Jorge desenhou o primeiro original da Poltrona Adriana que, curiosamente, ficou esquecida em sua garagem por anos. Dai a razão pela qual a releitura da peça, pela Etel interiores, foi realmente o encontro de um tesouro esquecido.

Passaram 50 anos do primeiro esboço da cadeira quando a filha de Zalszupin, em busca de objetos para compor uma mostra dedicada ao arquiteto, encontrou a peça em 2011. A poltrona estava machucada pelo tempo, mas logo foi reconhecida como uma joia do design.

Após receber atenção e os cuidados da Etel, a peça passou por um processo de restauração que durou mais de seis meses. O nome foi uma homenagem à Verônica, herdeira de Zalszupin responsável por encontrar a peça. Ela deu o original à sua filha, Adriana, que se encantou com móvel. Foi assim que a neta de Zalszupin, filha de verônica, acabou emprestando seu nome à poltrona.

Sebastião Salgado representa o Brasil no Oscar 2015

Documentário sobre a carreira fotográfica de Sebastião Salgado é indicado ao Oscar 2015

Foto: Sebastião Salgado por Bruna Prado

Foto: Sebastião Salgado por Bruna Prado

As lentes da máquina fotográfica de Sebastião Salgado têm muito para contar e as câmeras do cinema não ficaram alheias a este fato. O fotógrafo que já foi destaque de nosso Blog AZ quando publicamos a reportagem O mundo Pelas Lentes de Sebastião Salgado agora ganhou destaque também da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood quando, nesta manha, teve seu filme indicado ao Oscar 2015 como melhor documentário.

O filme é dirigido pelo renomado realizador alemão Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, filho de Sebastião Salgado. Em “O Sal da Terra”, o próprio fotógrafo vai contando as histórias por trás de suas fotos mais emblemáticas, começando pelas impressionantes fotos feitas em Serra Pelada nos anos 80. Wenders e Juliano narram alguns trechos, mas falam bem menos que o próprio fotógrafo.

A história do fotógrafo começa em Aimorés, interior de Minas Gerais, no ano de 1944 quando nasceu. Hoje cidadão do mundo, Salgado seguiu seu caminho esperando se tornar um economista. Com graduação e pós-graduação na área, Sebastião se mudou para Paris, onde atuou como economista e acabou se tornando fotógrafo.Livro Gênesis 3 - Sebastião Salgado

O fotógrafo viajou para mais de 100 países entre os anos de 2004 e 2012 visitando regiões como o Alasca, a Patagônia, a Etiópia e a Amazônia – histórias que estão narradas no documentário. “Era como seu eu tivesse vendo toda a história da humanidade, a construção das pirâmides no Egito. Não se ouvia o barulho de uma única máquina”, contou em um trecho do filme sobre suas viagens.

O interesse de Wenders por Sebastião está registrado no próprio filme. Em um de seus depoimentos para o documentário, o diretor conta que conheceu o trabalho de Salgado há 25 anos, quando, ao visitar uma galeria, se emocionou com a imagem de uma mulher cega feita por Salgado para um dos seus primeiros projetos. “Desde então eu me tornei um admirador incondicional do seu trabalho, mas só vim a conhecê-lo pessoalmente há seis anos”, contou para as câmeras.

Ao lado da história de Salgado, concorre ao Oscar na mesma categoria Citizenfour, Finding Vivian Maier, Last Days in Vietnam e The Salt of the Earth. A cerimônia de premiação do Oscar será realizada em 22 de fevereiro.
Livro Gênesis 2 - Sebastião Salgado

Je suis Charlie, je suis l’humanité

Museu de Arte Moderna do Rio traz exposição que lembra que a luta pela liberdade de expressão e pelo fim de preconceitos não é tema novo

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Há uma semana do ataque terrorista na sede da revista francesa Charlie Hebdo, o Blog AZ mistura arte e luta social em defesa dos direitos humanos livre de qualquer preconceito. O Charlie Hebdo é conhecido por publicações de humor crítico ao fundamentalismo religioso, chegando a ser acusado de islamofóbico. A revista foi alvo, na última quarta-feira (8), do atentado que deixou 12 mortos entre jornalistas e policiais.

O mundo se dividiu entre ser Charlie pelo simples fato de repudiar a violência ou não ser Charlie por acreditar que, mesmo com violência injustificada, a liberdade de expressão deve ser limitada. Sem entrar nesse mérito, o Blog AZ lembra que este tema está longe de ser novo ou superado.

Durante a ditadura militar, que assombrou o Brasil por mais de 20 anos, se expressar era um direito mitigado. Após o Ato Institucional número 5, que endureceu ainda mais o regime dos militares, todo e qualquer veículo de comunicação deveria ter a sua pauta previamente aprovada e sujeita a inspeção local por agentes autorizados.
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O período conhecido como “anos de chumbo” ficou marcado na cabeça de tantos que foram censurados e torturados. Para não esquecer esta triste memória, as lutas não pararam. A arte não precisa de tragédias como a que ocorreu em Paris para lembrar que violência não pode calar ou amedrontar uma sociedade, seja ela por religião ou por poder.

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) mesclou fotografias tiradas em julho de 2013 – quando o Brasil saiu às ruas para pedir mudanças sociais e políticas – com àquelas tiradas durante a ditadura militar. O intuito é propagar a recusa da lógica ainda intrínseca da exclusão e do preconceito.
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“A frase-estandarte “seja marginal, seja herói”, escrita por Oiticica no começo da ditadura, não fazia apologia ao crime. Era uma convocação à resistência, à necessidade de cada um enfrentar a naturalização de um estado de exceção que se tornara norma. Ser marginal era optar pela margem, pela não acomodação, pela dissidência. Se a ordem é perversa, é uma exigência ética enfrenta-la. Sempre.”, escreveu na entrada da exposição o curador Luiz Camillo Osório.

A ida de milhares de pessoas às ruas europeias e, principalmente francesas, em defesa da liberdade e da paz é a demonstração de que quando a ordem é perversa, precisamos lutar. Foi assim que lutaram aqueles que resistiram ao período ditatorial e que foram homenageados por esse belo ensaio fotográfico exposto no segundo pavilhão do museu carioca. Confira algumas fotografias.
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Kartell sem o plástico

Patricia Urquiola desenha sofá para Kartell e mostra que nem sempre a queridinha do design internacional abusa do plástico em suas criações

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Quando falamos em Kartell nos lembramos do plástico, mas não é só do polímero sintético que vive a marca italiana. A Kartell é conhecida no mercado mundial por ter transformado um material tão cheio de preconceito em peças de luxo, mas 30% dos móveis fabricados pela empresa utilizam outros materiais, como madeira, tecido e ferro.

O protagonista do nosso Design é Meu Mundo de hoje, criação da espanhola de nascença e italiana de vivencia Patricia Urquiola, é um exemplo clássico de que a Kartell pode inovar sempre, até sem seu material de trabalho favorito. A peça é o sofá Foliage lançado em 2012 como parte da família de cadeiras de mesmo nome. Conforto e luxo traduzem bem a peça de Urquiola direto para nosso Blog AZ.

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