Rio de Janeiro é a última cidade a receber exposição sobre Basquiat

A mostra reúne mais de 80 obras de um dos maiores nomes das artes plásticas nas últimas décadas

A exposição sobre o pintor Jean-Michel Basquiat está em sua última parada no Brasil, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, onde permanece até o dia 07 de dezembro. A retrospectiva inédita no Brasil, conta com mais de 80 quadros, desenhos e gravuras de Basquiat, que se tornou um dos destaques da retomada da pintura figurativa na década de 1980. Continue lendo…

O artista “sem movimento” do pop art

Alex Katz e o pop art


Alex Katz sempre evitou relacionar seu nome a um grupo ou movimento artístico, mas seu trabalho colorido e suas pinturas que dialogam o realismo com o abstracionismo não o impediram de ser associado ao pop art. Independente de rótulos, após destruir mais de mil pinturas durante os primeiros dez anos como pintor, Katz acabou encontrando um estilo que é só seu.

Alex Katz nasceu em 1927 no Brooklyn, Nova York, estudou na Cooper Union em Nova York até o início da década de 1950 até se aprimorar na arte da pintura e escultura na Escola Skowhegan, Maine. Sua intenção era ser capaz de pintar mais rápido do que de pensar para que, dessa forma, encontrasse uma arte de fato livre.

Sua técnica, similar àquela posteriormente batizada como arte comercial, se uniu aos quadros coloridos de uma ousada simplicidade para que juntos construíssem uma fama responsável não só por relacionar Alex Katz ao pop arte, mas também por lhe conferir o título de um dos precursores do movimento.

Katz transformou seu ciclo de amigos e familiares em modelos de inspiração para seus quadros. Suas pinturas são divididas quase igualmente nos gêneros de retrato e paisagem feitas em painéis de madeira e alumínio.

Aos 90 anos de idade – recém completados – o artista coleciona um currículo com uma vasta lista de obras e exposições espalhadas por cem instituições públicas de importantes museu espalhados por Nova York, Londres, Paris, Madri, Tóquio, Berlim e Munique.

A vida do inquieto Jean-Michel Basquiat

O artista partiu aos 27 anos de idade deixando um vasto e brilhando trabalho artístico como legado

(Foto: Lizzie Himmel)

(Foto: Lizzie Himmel)

Jean-Michel Basquiat  faz parte do seleto e talentoso grupo de artistas que nos deixou cedo, mais precisamente aos 27 anos de idade, a tal idade que acaba interrompendo a brilhante carreira de roqueiros e artistas de reconhecimento mundial. Assim como Amy Winehouse e Janis Joplin, a causa da morte foi overdose, e assim como os dois, Basquiat também se enveredou pelo campo da música.

Mas sua carreira mesmo foi marcada pela pintura. Além de músico, Jean-Michel foi pintor, poeta e produtor cultural. Americano de ascendência porto-riquenha e haitiana, Basquiat nasceu com uma aptidão incomum para as artes. Com três anos, já desenhava caricaturas. Aos 17 anos, levou seus traços para os muros de Manhattan.

Incentivado por sua mãe, passou a levar a arte a sério quando era ainda criança. Aos seis anos, ganhou carteira de sócio mirim do Museu de Arte Moderna de Nova York, de onde não saia. Com o divórcio dos pais, se mudou para Porto Rico e voltou a Nova York no final da adolescência.
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Não se adaptou às escolas, saiu de casa e foi morar com amigos. Juntos pintavam muros e camisetas, que Basquiat vendia nas ruas da cidade. O grafite de Basquiat vinha com a assinatura “SAMO”, que significava “same old shit” (sempre a mesma merda). Seus desenhos chamaram a atenção e em pouco tempo Jean-Michel ficou famoso.

Seus traços subversores e seu olhar à frente do tempo o consagraram como um importante pintor vanguardista, conhecido posteriormente como neo-expressionista. Fez amizade e atuou ao lado de Andy Warhol até a sua morte, em 1987. Muito abalado com a perda do amigo, Basquiat acaba exagerando no consumo de drogas e morre de overdose no ano seguinte, em 12 de agosto de 1988.

Ao partir, deixou um legado com cerca de 3 mil obras que retrataram a cultura africana e o caos social e emocional que conduziu a criatividade de tantos artistas de renome da década de 1980. Seu trabalho continua influenciando o trabalho de outros artistas na atualidade. Na ArtRio 2016, um autorretrato de Barquiat bateu o recorde de preço ao ser arrematado em leilão por 57,3 milhões de dólares.
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Imagens: Divulgação

Arte míope

Artista sul africano pinta quadros que mostram como é viver com miopia

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Estudos dizem que cerca de um terço da população brasileira sofre de miopia. A Organização Mundial da Saúde prevê um panorama ainda mais embaçado. Segundo estimativa da Academia Americana de Oftalmologia (AAO), em 2050, metade da população mundial terá problema para enxergar à distância.

Quem sofre desse mal sabe como é ver o mundo de forma turva e um artista quis levar essa sensação para a outra porcentagem da população ainda não atingida pelo distúrbio do grau. Philip Barlow, artista sul africano, usa tinta e tela e mostra como é viver a vida através dos olhos de um míope.

Philip vive e pinta em Riebeek Kasteel, perto da Cidade do Cabo, capital do país, obras obras hiper-realistas. Nos últimos anos, entretanto, tem alterado suas técnicas de pintura para mostrar como a incidência da luz pode influenciar uma paisagem. Foi ai que suas paisagens ficaram míopes aos olhos de quem vê e seu trabalho passou a ser conhecido como myope art (arte míope).
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 Imagens: divulgação / Philip Barlow

A arte em suas várias facetas

O artista, fotógrafo e designer Marcus Camargo conta um pouco mais sobre seus trabalhos na Casa Cor Goiás 2016

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A arte ganha forma no papel de Marcus Camargo assim como ganhou em sua vida. O designer é formado em Artes Visuais/Design de Interiores pela Universidade Federal de Goiás e atua como fotógrafo, cenógrafo e designer de produtos. Mas as artes sempre estiveram presente na vida de Marcus desde a sua infância com a pintura, a fotografia e a dança. Bailarino, Marcus Camargo dançou por três anos no elenco jovem da Quasar Cia. de Dança e no Grupo DasLos. Atualmente, seu trabalho que ganha maior destaque está nas linhas do desenho e da pintura.

“O desenho começou pra mim como um diário pessoal, nele eu desenhava tudo que estava vivendo e queria colocar para o mundo”, explicou o designer em entrevista ao Blog AZ. Com o desenho, Marcus conquistou uma forma de libertação pessoal. “A estética do desenho vinha em forma de signos, tudo muito “abstrato”, orgânico e intuitivo. Quando percebi que esse meu desenho ultrapassou o meu diálogo pessoal e começou a comunicar com outras pessoas, vi que realmente a minha arte era capaz de tocar”, concluiu.

Quando o trabalho artístico se aproxima do design, podemos encontrar uma conexão desta arte com a arquitetura. No trabalho de Marcus Camargo esta conexão se materializou em quatro ambientes da Casa Cor Goiás 2016. Não é a primeira vez que Marcus expõe suas criações na mostra. Em 2012, criou a mesa Reflexus e uma instalação de vidro no bar projetado por Larissa Maffra e Marina Bastos e o revisteiro Asa para bilheteria de Ozair Riazo e Vanessa Garcia. No ano passado, participou da mostra em Goiás, com painel de quase 7m pintado manualmente no ambiente de Adriana Mundim e Fernando Galvão, e Brasília – projetou uma parede pintada no restaurante projetado por Marcela Passamani. Desde 2012, o profissional fotografa ambientes para arquitetos durante a Casa Cor.

Este ano, Marcus teve o privilégio de mostrar suas várias facetas em uma só edição da mostra, pois em três trabalhos usa o desenho de formas diferentes – na parede, em pratos e em quadros – e outro que trabalha com instalação artística.
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Loft da Fazenda

No Loft da Fazenda, projetado pela arquiteta Mariela Romano, Marcus projetou uma escultura em 3D usando sua identidade de desenho. “A arquiteta já queria uma cabeça de boi na entrada do ambiente, mas não sabia qual e não encontrava algo diferente, foi aí que ela me chamou para conversar”. Da conversa, surgiu a ideia de tridimensalizar o trabalho de Marcus na forma de uma cabeça de boi. “Topei na hora o desafio, pois sempre quis mostrar meu desenho aplicado em outro formato, agora em escultura, que é a evolução de uma técnica que teve início em 2014 com a série de desenhos que criei intitulada Desenho Táteis”, explicou. O boi tem 2m de largura, feito em aço corten, e dividido em três camadas recortadas a laser, criando um volume que se modifica dependendo de onde a pessoa o observa.
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50 Tons Urbanos

Para o ambiente de Giovanni Borges, o loft 50 Tons Urbanos, Marcus criou um desenho na parede com caneta permanente. “Sinuoso e sensual, o desenho vem para unir os ambientes, começando pelo dormitório e terminando na varanda”, explicou o designer. O objeto Crânio King, também projetado por Marcus está no ambiente.

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Refúgio do Benjamin

Para o espaço Refúgio do Benjamin de Karla Oliveira, Marcus produziu uma série de 12 quadros intitulada “Cardíaco”. Os quadros, que foram desenhados para o ambiente de um médico que ama as artes, tem o coração como elemento inspirador em todas suas variações, tanto no lado científico quanto poético. “O coração é visto em estéticas diferentes, assim como a reverberação do movimento de pulsação do sangue no corpo”, analisou o artista.
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Sala de Almoço

Na Sala de Almoço de Andreia Carneiro, Marcus Camargo criou uma instalação de pratos esmaltados populares, com algumas fotografias de viagens da nutricionista Carol Moraes, que serviu de inspiração para o projeto. “A ideia era usar esses registros de viagens da nutricionista. Selecionei somente fotos que mostrava a mão dela segurando algum elemento da gastronomia popular de cada região que passou”. O resultado, segundo o artista, é um grande mapa orgânico que ilustra esse passeio sensorial na diversidade cultural.

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Frida Kahlo: a conexão entre a mulher e a pintora

Com uma vida cheia de percalços, Frida Kahlo destacou seu nome no mundo artístico

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“Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade”. Frida kahlo não teve uma vida fácil, mas conseguiu associar seu nome à força de uma mulher a frente de seu tempo.

Filha de pai alemão com mãe mexicana, Magdalena Carmen Frieda kahlo y Calderón nasceu em 6 de julho de 1907 na cidade mexicana de Coyacán – atual distrito da grande Cidade do México.

Em sua biografia de 47 anos de vida, coleciona dois conturbados casamentos com o mesmo homem, Diego Rivera, um romance com Leon Trotsky, uma grave doença na infância, um sério acidente de trem na adolescência e, principalmente, uma brilhante carreira como pintora.

Frida kahlo não começou a pitar nova. Seu pai usava a arte como passatempo e seu marido, Diego Rivera, era pintor. Após sofrer um grave acidente de trem, kahlo passou por 35 cirurgias e usou o tempo de repouso para criar. Então estudante de medicina, a artista acabou abandonando a ideia de virar médica.

 “O infortúnio não assumiu o caráter de tragédia: eu sentia que tinha energias suficientes para fazer qualquer coisa em vez de estudar para virar médica. E, sem prestar muita atenção, comecei a pintar.”

Assim como suas pinturas, Frida kahlo tinha um estilo cheio de cor e de vida ao se vestir. Ricas em elementos florais, as roupas da artista viraram tendência, mas eram, na realidade, uma forma de esconder suas deficiências provocadas pelo acidente e pela doença. Frida contraiu poliomielite na infância que deixou sequelas em seu pé esquerdo – que acabou sendo amputado quatro anos antes da prematura morte da artista.

Já o seu trabalho artístico foi associado ao surrealismo. Frida dizia que não imaginava nenhum de seus traços, que apenas representava a sua vida. Ela gostava de tudo o que era verdadeiramente mexicano e esta paixão acabou marcando sua criação. Frida usou tintas fortes para estampar em suas telas, na maioria autorretratos, uma vida tumultuada por dores físicas e dramas emocionais.

Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no México

Idealizada e coordenada pelo Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo, a exposição a exposição Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no México chega em Brasília neste mês de abril. A CAIXA Cultural Brasília apresenta, de 13 de abril a 5 de junho, a exposição que reúne 30 obras da artista Mexicana e cerca de 100 obras de outras 14 artistas mulheres nascidas ou radicadas no México. Com entrada franca, a mostra que já passou por São Paulo e pelo Rio de Janeiro apresenta um amplo panorama do pensamento plástico e o imaginário da artista. Quem passar por Brasília, não deixe de conferir.

Árvore da Esperança, Mantem-te Firme!, 1946

Clássicos da pintura redesenhados em Playmobil

O artista francês Pierre Adrien Sollier revisitou as grandes obras clássicas da pintura substituindo os personagens por desenhos de bonecos de Playmobil

 

Mona Lisa de Leonado da Vinci

Mona Lisa de Leonado da Vinci

“Nada há de novo debaixo do sol”. A famosa frase bíblica é tão certeira que já virou até refrão de música nacional. Realmente é muito difícil encontrar uma criação que nasceu sem nenhuma influência exterior. Foi pensando nas influências, e em misturar o clássico com o moderno, que o criativo artista francês Pierre Adrien Sollier  resolveu reeditar grandes obras da pintura substituindo seus personagens por bonecos Playmobil.

Clássicos como Mona Lisa, A Liberdade Guiando o Povo ou mesmo A Balsa da Medusa agora são estrelados pelos famosos bonequinhos desmontáveis do alemão Hans Beck. “Quis fazer uma homenagem contemporânea a todos os artistas apaixonados pela pintura”, explicou o pintor sobre seu irreverente trabalho.

Os bonecos Playmobil foram criados em 1974 na Alemanha por Hans Beck e entraram no mercado no ano seguinte. Após algumas adaptações em sua produção, ganhou a atual composição no plástico. “Sempre achei bastante expressivo esse pequeno ‘homem comum de plástico’ e quis retratar nosso tempo de uma forma irônica e pouco convencional”, contou o artista sobre a escolha dos pequenos bonecos como protagonistas das suas obras.

O autor usava os bonecos de Playmobil quando era ainda estudante de animação, para testar os pontos de luz e escala. Desta brincadeira foi que surgiu a ideia de tirar os bonecos do papel de meros auxiliares e os colocarem em posições de destaque nas suas pinturas. Confira mais da obra do artista em sua página oficial.

A Balsa do Medusa de Théodore Géricault

A Balsa do Medusa de Théodore Géricault

A Liberdade Guiando o Povo de Eugène Delacroix

A Liberdade Guiando o Povo de Eugène Delacroix

As Meninas de Diego Velázquez

As Meninas de Diego Velázquez

Jean-Michel Basquiat

Jean-Michel Basquiat

A Última Ceia de Leonardo da Vinci

A Última Ceia de Leonardo da Vinci

A Leiteira de Johannes Vermeer

A Leiteira de Johannes Vermeer

Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte de Georges-Pierre Seurat

Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte de Georges-Pierre Seurat

 

 

 

 

Crítica ao racismo no pincel de Kehinde Wiley

Kehinde Wiley revisita obras primas com modelos negros em uma crítica aos estereótipos racistas

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Ao contrário do racismo velado que se esconde atrás do mito da igualdade racial brasileira, acima da linha do equador nosso vizinho norte-americano vive uma realidade um pouco diferente. Em entrevista ao programa de rádio WTF com Marc Maron, em meados de 2015 o presidente Barack Obama, primeiro presidente negro da história do país, afirmou que os americanos não estão “curados do racismo”. O presidente não é o único que se preocupa com a questão de raça.

Kehinde Wiley, filho de mãe afro-americana e pai nigeriano, levantou esta mesma bandeira desde que estourou no meio artístico. O nova-iorquino ficou conhecido por seus porta retratos pintados para criticar os estereótipos racistas. Nascido justamente na cidade mais conhecida por perpetuar as desigualdades raciais, Los Angeles, Kehinde Wiley (39) se especializou em pinturas de portratos ao estilo tradicional de artistas como Reynolds, Gainsborough ou Titian.
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A diferença veio nos protagonistas. No lugar da europeia aristocracia branca e heterossexual, Wiley pinta retratos de mulheres e homens negros em poses opostas aos estereótipos pré-estabelecidos pela sociedade. “Eu sei como os jovens negros são vistos. São meninos muitas vezes assustados. Eu fui um deles”, explica.

No lugar de meninos assustados, seus quadros retratam pessoas vibrantes. Seus personagens são a exata substituição dos brancos que eram pintados em portratos na idade média e moderna. São homens e mulheres em roupas contemporâneas retratados em cenários e poses pouco vistas para modelos negros: atravessando os Alpes suíços a cavalo ou olhando para o alto como um profeta.

Em 2008 Kehinde Wiley visitou o Brasil para fazer 22 pinturas de jovens brasileiros. “Existe uma ressonância óbvia entre a pobreza das favelas do Rio e a exclusão em South Los Angeles, onde cresci”, contou em entrevista `Folha de S. Paulo. O resultado de seu trabalho no Brasil foi a imagem de jovens negros vestidos com roupas de marca pintados sobre um fundo colorido.

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Lava-jato a serviço da arte

Política e arte não se misturam, mas no caso da operação Lava-Jato a arte ganhou alguns quadros para exposição

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No meio político não se fala em outra coisa senão em corrupção, mas o meio artístico pode se beneficiar do espólio deixado pelos corruptos do meio político. É que desde a terça-feira (14), o Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, apresenta nova exposição com obras de arte apreendidas na casa dos suspeitos de participação no esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro desvendado pela Operação Lava Jato.

MON já recebeu três lotes de obras de arte desde o início da operação, totalizando 203 peças. Conforme decisão judicial, o museu tem a guarda do material artístico até a decisão final das ações penais. Intitulada “Obras sob guarda do MON”, e com 50 peças, esta será a segunda exposição relacionada a um dos maiores esquemas de corrupção investigados no país, segundo o Ministério Público Federal (MPF).

O público poderá ver, por exemplo, três telas de Cícero Dias (1907-2003), a obra “Roda de Samba”, do carioca Heitor dos Prazeres (1898-1966) e sete fotografias de Miguel Rio Branco. Há ainda duas telas do paulista Sergio Sister, uma acrílica sobre madeira de Nelson Leirner, “Homenagem a Mondrian”, e mais dois trabalhos do artista Vik Muniz. Além de Di Cavalcanti, Iberê Camargo, Aldemir Martins, Claudio Tozzi, Daniel Senise, Amilcar de Castro e Carlos Vergara.

O museu não disponibilizou o valor total das obras, que ficarão sob sua tutela até nova decisão da justiça federal. O MON armazena os quadros no Setor de Acervo e Conservação e lá as obras passam por uma espécie de quarentena para que os técnicos tenham certeza de que não há nenhuma contaminação por fungo ou bactéria, que podem deteriorar o acervo
Serviço
Exposição: “Obras sob guarda do MON”
Sala: 2
Período expositivo: 14 de abril a 12 de julho de 2015, de terça a domingo, das 10h às 18h
Ingressos: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia-entrada)

 

 

A fuga do Circo

Manuscrito de Lina Bo Bardi sobre quadro pintado pelo pai revela as memórias da forte figura da arquiteta ítalo-brasileira

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“Meu pai o dedicou a mim, que sempre tive horror de domingos. Os animaizinhos ele tirou de um grande livro colorido com o qual aprendi a ler”, foi assim que a arquiteta Lina Bo Bardi descreve a obra “Domingo – Fuga do Circo” em uma carta ao médico da família e amigo Piero Manginelli em 1975. A pintura foi uma homenagem que seu pai fez à filha entediada com o dia mais famoso por ser o mais chato: domingo.

A obra faz parte do acervo da família de Lina, mas nunca entrou para as exposições sobre a arquiteta. O paradeiro da obra ficou desconhecido por algum tempo, até descobrirem que o quatro – presente de Lina ao médico da família – foi parar nas mãos da psicanalista Marilucia Melo Meireles. Após a morte de Piero Manginelli, seus familiares presentearam a psicanalista com a obra de Enrico Bo.

No manuscrito de Bo Bardi que acompanhou o quadro, ela conta que a obra foi pintada em 1952 por seu pai. “Ele começou a pintar nas longas noites da guerra seguindo uma vocação sufocada por décadas”. Enrico Bo pintou seu primeiro quadro quando já tinha 62 anos de idade. À época do manuscrito, Lina tinha um estúdio em Milão onde expunha as obras do pai.

As pinturas em realismo mágico de Enrico Bo estão em coleções espalhadas pela Itália e pelo Brasil. Atualmente, o quadro está guardado com carinho no consultório de Marilucia Melo Meireles. Ao ser revelado, o manuscrito trouxe a tona um lado doce da forte arquiteta Achillina Bo, conhecida mundialmente por Lina Bo Bardi. A dona dos traços que ergueram o Masp e outros importantes prédios teve sua memória revelada pelo quadro pintado por seu pai há mais de 50 anos.
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