Design é Meu Mundo / Poltrona Chifruda

Peça rara: Poltrona Chifruda de Sérgio Rodrigues

Aspas foi o nome que Sérgio Rodrigues deu para a poltrona que criou em 1962 em protótipo único. Mais tarde ela foi rebatizada de chifruda em virtude de seu formato, que lembra os chifres grandes daqueles bois de raça.

A Chifruda tem um desenho bem original com um ar meio jocoso que a distância muito das demais peças feitas pelo mestre do design nacional. Sua irreverência foi proposital: a peça foi criada exclusivamente para integrar uma exposição feita por Sérgio Oca intitulada “O móvel como obra de arte”.

Após ser exposta a peça foi esquecida. Seu protótipo único se perdeu por décadas até reaparecer no radar do designer, que recebeu o convite para restaurá-la após a peça ter sido comprada por um colecionador norte-americano em um leilão. O valor: nada menos que 30 mil dólares.

Sérgio Rodrigues decidiu, então, reeditar a peça. Fernando Mendes de Almeida e Roberto Hirth reeditaram a poltrona e fizeram seu lançamento mundial em 2009 na loja Espasso, localizada em Nova York e especializada em mobiliário brasileiro. A coleção reeditada veio com exemplares limitados e peças numeradas, por isso a Chifruda é a menina dos olhos de qualquer colecionador de móveis.

A “Vermelha” que influenciou seu tempo

Design é meu mundo de hoje confere destaque a uma peça que está entre as mais importantes do design nacional

 


Falar dos irmãos Campana dispensa qualquer apresentação. Fernando e Humberto atravessaram fronteiras com seus trabalhos no designer (não só mobiliário), e não estamos falando apenas das fronteiras que dividem o Brasil com outros países, mas também que dividem o lugar comum da criação autoral.

Um de seus trabalhos icônicos quando se fala em design mobiliário é a Poltrona Vermelha, esta que, paradoxalmente, pode ser encontrada em diversas cores que não o (claro!) vermelho. Idealizada em 1993, àquela época na cor vermelha, a poltrona não fez muito sucesso como seu futuro lhe entregou. Ela demorou a deslanchar.

O Estúdio Campana havia vendido apenas cinco exemplares da poltrona quando a peça acabou caindo nas graças do italiano Massimo Morozzi à frente da marca Edra. Morozzi se encantou tanto pela excentricidade da poltrona que propôs aos irmãos produzir a peça em escala industrial. Esse momento marcou a entrada definitiva de Fernando e Humberto no mercado internacional.

A produção em escala industrial acabou não sendo assim tão industrial. A poltrona é de difícil confecção e necessita que suas cordas sejam traçadas à mão. Na Edra existe uma pessoas especificamente responsável por fazer este trabalho e acaba por produzir apenas uma peça por dia. Todo este trabalho é um dos motivos pelos quais a obra dos Campana seja assim tão singular.

A poltrona, que leva 500 metros de corda trançada em sua confecção (uma quantidade tão grande que dispensa qualquer estofado adicional para criar o conforto necessário), acabou se tornando não apenas um ícone da obra dos irmãos Campana, mas também do design do século 20. Em 1998 foi exposta no MoMa, em Nova York (primeiro mobiliário nacional a ganhar este destaque no museu) e, com o perdão pelo trocadilho, atualmente continua atual, um verdadeiro clássico do design brasileiro.

Arthur Mattos Casas / Aparador Onda

Design é meu mundo fala sobre Arthur Mattos Casas

(Foto: Ana Paula Castro)

(Foto: Ana Paula Castro)

Arthur Mattos Casas é uma das estrelas da ETEL. Formado em arquitetura e urbanismo em 1983, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, Arthur é um paulistano apaixonado por sua cidade. É dela que tira inspiração para seus projetos tanto no Brasil quanto em Nova York, Paris, Tóquio e Buenos Aires. “É preciso olhar curto, que nem índio, para encontrar beleza da cidade”, disse Arthur Casas sobre São Paulo.

Mas seus trabalhos não se resumem à arquitetura. Arthur Mattos Casas também é designer mobiliário e colabora com a ETEL. Seu trabalho com madeira ajuda a produzir as joias distribuídas pela marca de móveis assinados. Um encantador trabalho do designer, esculpido na madeira, é o aparador Onda.

A peça pode ser executada em várias dimensões e o puxador arredondado também de madeira é o protagonista do móvel – ele é o responsável por dar o nome da peça, que lembra as ondas de um mar agitado.

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Mesa de jantar Magma / Design é Meu Mundo

Design é Meu Mundo: Jacqueline Terpins

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“Me interessam todos os materiais que possam ser moldados em alta temperatura”, confessa Jacqueline Terpins. Jacqueline ficou conhecida pelas peças que realçam o movimento original do cristal e abusam das formas do vidro.

Nascida na Paraíba, Jacqueline formou-se em Comunicação Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ, e trabalha com matérias-primas superaquecidas a mais de 20 anos. Talvez seja esta a razão de suas peças parecerem obras de arte. O movimento que as altas temperaturas provocam em certas estruturas faz do trabalho de Terpins um mobiliário único. Exemplo da exuberância das altas temperaturas – suas peças chegam a ser aquecidas a mais de 1000ºC – é a mesa de jantar Magma.

Jacqueline deu suaves contornos à estrutura de aço Corten – uma espécie de aço patinável que possui em sua composição elementos que melhoram as propriedades anticorrosivas, o que o torna material útil na construção civil, já que apresenta, em média, três vezes mais resistência à corrosão que o aço comum. Aço Corten ficou responsável pela estrutura da mesa. Seu tampo fica sob a responsabilidade do quartzo proveniente do Espírito Santo.

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Banco Gui / Design é Nosso Mundo

ALVA Design lança o banco Gui, releitura dos antigos tamboretes

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Os antigos tamboretes de infância foram transformados em peça de design pela ALVA e entram para o catálogo do Armazém da Decoração, por isso não poderíamos deixar de falar deles. ALVA é o estúdio que leva o nome e a criatividade dos irmãos Susana Bastos e Marcelo Alvarenga.

Cada um com seu toque artístico – ele, arquiteto e ela, artista plástica e estilista – fez com que juntos criassem um espaço de criação. Susana Bastos formou-se em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Marcelo Alvarenga é formado em Arquitetura e Urbanismo pela mesma universidade. Foi em Minas Gerais que escolheram aliar seus talentos.

Um dos resultados desse trabalho é o Banco Gui, em seus vários formatos. “Nosso avô e nosso pai tinham o hobby de fabricar tamboretes para uso da família, então decidimos brincar com esse objeto”, explicou Susana. O banco é uma releitura dos velhos tamboretes, mas feito não apenas com um lugar, como também da junção de pequenos bancos.

Os bancos Gui foram criados com estrutura de madeira e assento de couro e apresentados durante o Design Weekend 2016 em São Paulo.

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Cadeira Bo / Paulo Alves

Conheça a banqueta Bo, criada por Paulo Alves para homenagear Lina Bo Bardi

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Paulo Alves é nacionalmente conhecido por seu trabalho com a madeira. O arquiteto se especializou no design de móveis e embora não trabalhe unicamente com a madeira, tornou-se um escultor da árvore – ofício que desempenha com criatividade e, sobretudo, sustentabilidade.

Com pouco mais de 20 anos de carreira, Paulo deu seus primeiros passos no renomado escritório de Lina Bo Bardi. A ítalo-brasileira não foi apenas uma importante influência profissional para Paulo Alves, foi também a inspiração para uma de suas peças.

A banqueta Bo foi a homenagem que o arquiteto fez para a colega Lina Bo Bardi. E não é apenas o nome que ganhou referências de artista e arquiteta. Segundo o designer, as linhas retas que marcam o estilo da poltrona são uma referência à genialidade de Lina no aproveitamento dos materiais e em seus conceitos.

As cadeiras foram confeccionadas em Pinus para habitar o interior do teatro do SESC Pompéia. Perfeita combinação, já que a cadeira acabou fazendo parte do prédio criado por sua homenageada. É que o SESC Pompéia faz parte da lista de obras arquitetônicas deixadas por Lina como um presente para São Paulo.

Bo é uma cadeira para um uso cotidiano, podendo ser usada também como apoio, mesa lateral e até mesmo criado-mudo. Uma peça leve, porém marcante.

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Design é Meu Mundo / ICZERO1

ICZERO1 criada por Indio da Costa

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Linhas inusitadas e design avançado são traços do trabalho de Luis Augusto Indio da Costa, conhecido por Guto Indio da Costa. Sua trajetória profissional começou em 1987 na Faculdade da Cidade, Rio de Janeiro, apenas o primeiro de muitos passos que daria pelo mundo. Em 1990 é aceito na Art Center College of Design e se muda para Suíça, período que não desperdiçou as oportunidades de estágio na França, Dinamarca e Califórnia (EUA).

Seus trabalhos sempre despontaram para um estilo mais contemporâneo. Em concurso de design promovido pela Sony no início da década de 1990, onde Guto foi classificado entre os 12 premiados, sua interface unindo três habilidades para o  walman (aparelho portátil de toca CD, cassete e rádio) já era manuseado sem botões – uma espécie de tecnologia touch-screen ainda insipiente naquele período.
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Mas no mundo mobiliário, sua estrela mais brilhante é a ICZERO1 – produto que protagonizou o espaço de Mariela Romano na Casa Cor Goiás 2015. A ICZERO1 é uma cadeira de fibra 100% reciclável resiste ao sol e à chuva. Sua forma é minimalista e atemporal, com um quê de design italiano – mas bem à brasileira.

Para seu criador, a peça é “um arco solto, curvo, que abraça, envolve e acomoda, de forma leve, esguia e fluida”, explicou Indio da Costa sobre seu produto de tecnologia inovadora.
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Imagens: Divulgação

Poltrona Senior/ Jorge Zalszupin

Jorge Zalszupin e seu modernismo atemporal com a Poltrona Senior

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Vindo da Polônia, Zalszupin conquistou o Brasil. Assim como outros importantes nomes do design mobiliário brasileiro, Jorge Zalszupin não nasceu em terras tupiniquins, mas foi por elas conquistado. Formado em arquitetura na Romênia, o designer chegou ao Brasil em 1949, período em que passou a desenvolvesse sua arquitetura poética e vanguardista.

L´Atelier, marca criada por Zalszupin, ganhou nome e conquistou os corações mais irreverentes da arquitetura de meados do século 20. Suas peças, entretanto, saltaram do modernismo para entrar na atemporalidade. Atualmente, os móveis desenhados pelo designer fazem parte do catálogo de reedições da Etel.

Uma dessas joias é a Poltrona Senior, feita em cedro com couro. A poltrona, que já é um clássico do design nacional, se transforma quando desnuda do couro e se veste de um tecido colorido – como na foto acima. É por isso que ganhou o destaque do Design é Meu Mundo desta semana.

Design é meu mundo / Mesa de centro Brick

Mesa de centro Brick criada pela Lattoog

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Em 2004 o arquiteto Leonardo Lattavo e o designer Pedro Moog decidiram juntar os nomes e a criatividade para criar a Lattoog, marca que empresta o talento para as duas áreas de atuação.

Além dos projetos arquitetônicos, Pedro e Leonardo assinam sofás, cadeiras, poltronas, luminárias, mesas e acessórios de casa tomando emprestado a filosofia da “antropofagia cultural”. A ideia da dupla é criar seguindo as influências externas sem negar o brasileirismo do design mobiliário.

O que fazem é unir a criatividade com cultura brasileira de influência mundial. Um desses resultados pode ser visto na Mesa de centro Brick. Com a mistura de metal, madeira e couro, a peça possui a dupla função de mesa e revisteiro. Aqui a função de revisteiro é agregada à função de mesa trazendo uma combinação harmoniosa de diferentes materiais.

Design é Meu Mundo / Poltrona Beg

Poltrona Beg de Sérgio Rodrigues

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Precursor do design moderno brasileiro, Sérgio Rodrigues é um daqueles profissionais que não se fala no seu ofício sem citar seu nome. O Blog AZ não se cansa dele. É que durante sua carreira – tristemente encerrada em 2014 quando faleceu vítima de um câncer – Sérgio produziu muita peça mobiliária e cada uma delas faz parte da história do design nacional.

O destaque de hoje é para a Poltrona Beg. A poltrona Beg foi criada por Sergio Rodrigues originalmente para a mesa de reuniões do Banco do Estado da Guanabara, em 1967. Com estrutura em madeira de lei maciça torneada, a poltrona ganhou assento estofado em espuma de poliuretano revestido em couro – preto e marrom.

Desenhada para ter encosto e braços em peça única em compensado curvado, a cadeira respeita a tradição dos móveis de Sérgio, o conforto. Sérgio Rodrigues brincava possuir uma forma infalível de testar suas peças: ao criar um protótipo, deixava que seus gatos se deitassem nele. Era com base na aceitação do bichano que Sérgio confirmava ser a poltrona realmente ergométrica, pois dizia que os gatos são exigentes e apenas dormem em móveis confortáveis.

Passada no crivo do conforto, a Poltrona Beg não ficou apenas no Banco da Guanabara, acabou sendo vendida pelo atelier de Sérgio até ser deixada de lado. Em 2005 a poltrona foi reeditada pela LinBrasil e relançada no mercado.

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