Cadeira Bo / Paulo Alves

Conheça a banqueta Bo, criada por Paulo Alves para homenagear Lina Bo Bardi

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Paulo Alves é nacionalmente conhecido por seu trabalho com a madeira. O arquiteto se especializou no design de móveis e embora não trabalhe unicamente com a madeira, tornou-se um escultor da árvore – ofício que desempenha com criatividade e, sobretudo, sustentabilidade.

Com pouco mais de 20 anos de carreira, Paulo deu seus primeiros passos no renomado escritório de Lina Bo Bardi. A ítalo-brasileira não foi apenas uma importante influência profissional para Paulo Alves, foi também a inspiração para uma de suas peças.

A banqueta Bo foi a homenagem que o arquiteto fez para a colega Lina Bo Bardi. E não é apenas o nome que ganhou referências de artista e arquiteta. Segundo o designer, as linhas retas que marcam o estilo da poltrona são uma referência à genialidade de Lina no aproveitamento dos materiais e em seus conceitos.

As cadeiras foram confeccionadas em Pinus para habitar o interior do teatro do SESC Pompéia. Perfeita combinação, já que a cadeira acabou fazendo parte do prédio criado por sua homenageada. É que o SESC Pompéia faz parte da lista de obras arquitetônicas deixadas por Lina como um presente para São Paulo.

Bo é uma cadeira para um uso cotidiano, podendo ser usada também como apoio, mesa lateral e até mesmo criado-mudo. Uma peça leve, porém marcante.

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Sérgio Rodrigues: um menino curioso

Homenagem ao grande mestre do design Sérgio Rodrigues

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Quando uma noite foi boa, não nos cansamos em falar dela. A noite de ontem foi assim, leve como Sérgio Rodrigues e simples e elegante como seus móveis. Seu jeito de levar a vida e a paixão com que encarava seu trabalho foi lembrado nas falar de Gisele Schwartsburd e Fernando Mendes. Então, para fechar essa homenagem com chave de ouro, as fotos da noite são apresentadas com falas desse grande mestre do design.
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“Muita gente imagina que os móveis brasileiros começaram a ter sucesso nas últimas décadas, quando na realidade eu ganhei prêmio na Itália nos anos 60. Já naquela época tinha representante nos Estados Unidos. A diferença é que agora são lojas físicas, com vitrine, visitadas por arquitetos, o que dá mais visibilidade ao trabalho”
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“Casa que não tenha estudo do interior é escultura, arquitetura não é só a casca.”
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“O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro”. 

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Fotos: Marcus Camargo

Noite de homenagem lembra jeito alegre de Sérgio Rodrigues

Exposição com peças desenhadas por Sérgio Rodrigues foi palco de um bato papo sobre a vida e a obra do arquiteto

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O jeito moleque de Sérgio Rodrigues, assim como sua paixão pelos móveis, foi tema de um bate papo descontraído para homenagear o grande mestre do design nacional na noite desta terça-feira (31) na Sala Conceito do Armazém da Decoração. “Sérgio foi criança até os 86 anos de idade”, contou Fernando Mendes, primo e discípulo do designer, ao Blog AZ. Ao seu lado para lembrar mais histórias da vida de Sérgio estavam também a diretora da LinBrasil Gisele Schwartsburd e o ator e diretor Marcos Fayad.

Os convidados encheram a Sala Conceito e, sentados em puffes ao lado de diversas peças desenhadas por Sérgio Rodrigues, ouviram suas histórias.  “Sérgio tinha uma ligação muito forte com a emoção e queria tocar as pessoas com a criação dele”, contou Fernando.

Gisele confessou que sua missão com a LinBrasil é colocar o Sérgio Rodrigues efetivamente dentro da história do design mundial. Atualmente, a empresa reedita mais de 30 móveis de Sérgio e, ao lado do Atelier de Fernando Mendes, é responsável por manter viva a obra do arquiteto.

(Foto: Marcus Camargo)

(Foto: Marcus Camargo)

Marcos Fayad divertiu a plateia lembrando-se de quando fez seus pais, goianos tradicionais do interior de Catalão, colocarem duas Poltronas Mole na sala de estar do casarão que moravam. O ator e diretor se mudou para o Rio de Janeiro na década de 1970 e se instalou em um prédio no tradicional bairro de Copacabana em frente a Oca, indústria de Sérgio responsável por expor mais de mil criações de móveis ao longo dos anos que se manteve aberta.

A noite inaugurou a exposição Sérgio Rodrigues, com um acervo de cerca de 50 peças da obra do arquiteto que ficará exposta na Sala Conceito do Armazém da Decoração. A exposição, organizada por Abadia Haick, Daniela Mallard e desenvolvida por Léo Romano vai receber estudantes e amantes do design que desejam conhecer de perto o trabalho de Sérgio até o fim do mês de abril.

(Foto: Marcus Camargo)

(Foto: Marcus Camargo)

 

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Morre aos 86 anos o designer Sérgio Rodrigues

Vítima de um câncer terminal morreu hoje Sérgio Rodrigues, um dos maiores mestres do design nacional

Sérgio Rodrigues (homenagem)
É já com muita saudade que o Blog AZ fala sobre um dos maiores designers que o Brasil teve a honra de conhecer. Sérgio Rodrigues faleceu na manhã desta segunda-feira (1), aos 86 anos de idade, em decorrência de um câncer terminal. Carioca, Sérgio foi arquiteto e construiu uma carreira brilhante como designer de móveis com peças ícones do design nacional.

Ao lado de nomes como Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas, Sérgio Rodrigues levou o design brasileiro para o exterior com seu traço modernista e suas peças de sucesso dos anos 50 e 60. A inquietação do designer ajudou seu lado criativo e Sérgio transformou seu trabalho em uma das mais admiráveis expressões do design nacional. Foi também pelo trabalho de Sérgio Rodrigues que o mundo descobriu que o Brasil tem designers, grades designers.

Sua carreira começou nas cadeiras da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde se formou em 1952. Como arquiteto, Sérgio trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos no projeto do Centro Cívico de Curitiba, bairro da capital que concentra os principais prédios do governo do Paraná.

Seu interesse pelo espaço interno não deixou Sérgio longe do design de móveis por muito tempo. Convicto de que “a arquitetura em que o planejamento do espaço interno não é estudado adequadamente não é arquitetura, é escultura”, o designer saltou da arquitetura para a criação mobiliária quando fundou a Indústria Oca em 1954, um dos estúdios de arquitetura de interiores e cenografia mais importantes do mobiliário brasileiro. A Oca foi responsável por expor mais de mil criações de móveis ao longo dos anos.

O conceito de brasilidade está estampado na obra de Sérgio Rodrigues. Carlos Motta, ao falar sobre o jeito brasileiro, logo se lembrou de uma das maiores obras do designer: a Poltrona Mole. “O design internacional muitas vezes é engessado, já o design brasileiro mostra as características de seu povo. Um ótimo exemplo disso é a cadeira Mole, de Sergio Rodrigues. Sérgio aproveitou esse jeito informal do brasileiro para fazer uma cadeira perfeita para se escorar”, brincou Carlos em uma palestra no anfiteatro do Armazém da Decoração em uma visita à capital.

De seu trabalho com o mobiliário, os maiores ícones do design nacional são a Cadeira Oscar (1956), Poltrona Mole (1957), Poltrona Aspas “chifruda” (1962), Poltrona Killin (1973), Banco Sonia (1997) e Poltrona Diz (2001). A Poltrona Mole é hoje parte do acervo do Museum of Modern Art de Nova York (MoMA) e seu sucesso fez com que a enciclopédia Delta Larousse atrelasse seu nome à imagem de “o criador do móvel brasileiro”.

O Brasil perdeu o mestre do design, mas suas peças atemporais imortalizaram Sérgio Rodrigues ao entrarem para a história. É com muito carinho que o Blog AZ dedica esta semana ao mestre para apresentar um especial com suas principais peças de mobiliário.

“O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro.” (Sérgio Rodrigues).

Sérgio Rodrigues em sua última visita ao Armazém da Decoração

Sérgio Rodrigues em sua última visita ao Armazém da Decoração

Texto: Bárbara Alves
Fotos: Elton Rocha