Abrigo do conhecimento

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Um espaço onde se coleciona informações é tão sagrado quanto o solo de uma igreja, deve ser por isso que a arquiteta Cláudia Zuppani projetou com tanto carinho a Biblioteca da Casa Cor Goiás 2016. Se buscarmos a etimologia da palavra “biblioteca”, vamos encontrar no idioma vindo da Grécia – berço do conhecimento – a palavra βιβλιοϑήκη, que é a junção de “livro” e “depósito”.

Atualmente, com o mundo digitalizado, biblioteca virou sinônimo de “sala de estudo”, os livros deixaram de ser a atração principal do ambiente e sua principal finalidade, o aprendizado, vem se perdendo. Este comportamento assusta um pouco a arquiteta. “Tenho sentido que certos valores milenares têm sido questionados, como o estudo e conhecimento, por isso criar um ambiente que têm nessas palavras sua maior inspiração é uma forma de resgatar algo de tão importante para os brasileiros”, explicou a profissional.

Conhecimento é poder, e é nesse poder que o espaço de 80m² encontrou inspiração. O ambiente é contemporâneo e despojado, um perfeito contraste entre o simples e o luxuoso. Na arquitetura, Cláudia Zuppani optou pelo resgate. “Decidi projetar um ambiente de forma a ensimermar-se”, explicou a arquiteta brincando com as palavras. “Foi um verdadeiro retorno a si mesmo, já que optei por preservar a arquitetura local e trabalhar com a beleza existente no próprio galpão que formava o prédio antes da chegada da mostra”.

Com as paredes descobertas em tijolos aparentes e o teto revestido apenas pelas telhas que forram o galpão, a arquitetura cuidou de dar ao ambiente um tom mais despojado. Ficou então a cargo da decoração o toque de luxo do espaço. O mobiliário reúne peças renomadas do design brasileiro, como a estante Jader Almeida, poltronas Lina Bo Bardi e Sérgio Rodrigo – peças vindas do Armazém da Decoração.

O ambiente é diferenciado não apenas por seu espaço acolhedor, mas também por valorizar o momento intimo ideal para ler, meditar e pesquisar. A parede com tinta própria para escrever com giz é uma homenagem ao antigo quadro negro de escola. O piso em carpete evita ruídos no ambiente, revestimento que possibilita a concentração e o aconchego essencial de uma biblioteca.

Cláudia Zuppani se diz uma amante do conhecimento, dessas que adora sentar e pesquisar. Talvez por isso não tenha brincado com as palavras apenas durante a entrevista com o Blog AZ. No ambiente, algumas frases desfilam nas paredes e Cláudia deu destaque para as maiores palavras encontradas na língua portuguesa, como “inconstitucionalissimamente”.
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Texto: Bárbara Alves
Fotos: Marcus Camargo

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