5 trabalhos para conhecer a “não artista” Lygia Clark

Lygia Clark foi uma pintora e escultora brasileira que não admitia ser chamada de artista, mas sim de “propositora”. Segundo ela, “a arte não consiste mais em um objeto para você olhar, achar bonito, mas para uma preparação para a vida”. Associada ao movimento neoconcretista, ela buscava a interação do público com suas obras.

Nascida em 1920, em Belo Horizonte, Lygia Clark iniciou seus estudos artísticos em 1947, sob a orientação de Zélia Salgado e Roberto Burle Marx. Em 1950, mudou-se para Paris, onde foi aluna do cubista Fernand Léger. Ao retornar para o Brasil, alguns anos depois, integrou o Grupo Frente, que representou um marco do movimento construtivo da arte no país.

Lygia morreu em 1988, vítima de um ataque cardíaco. Ela é considerada uma das mais importantes artistas brasileiras do século 20, embora se declarasse “não artista”. Conheça a trajetória de Clark por meio de cinco obras que marcaram sua carreira:

1 — Superfície Modulada Nº 4 (1957)

Esta obra faz parte da primeira fase da carreira de Lygia, que realizou a série Superfícies Moduladas entre os anos de 1952 e 1958. A obra Nº 4, de 1957, é uma composição de tinta industrial sobre madeira que foi apresentada na Bienal de Veneza de 1968.

Fazia parte do acervo de Luiz Buarque de Hollanda e foi arrematada, em 2013, pelo valor de R$ 5,3 milhões, tornando-se, até aquele momento, a obra de arte mais valiosa de um brasileiro vendida em leilão.

2 — Bicho (1960)

Entre 1960 e 1964, Clark realizou a série “Os Bichos”, obras em metal unidas com dobradiças. São seres constituídos de várias formas de movimentos, estruturadas por uma linha orgânica, que se assemelha a colunas vertebradas.

As obras podiam ser manipuladas pelo público e Clark dizia que tinham vida própria. “Um bicho não é apenas para ser contemplado e mesmo tocado. Requer relacionamento. Ele tem respostas próprias, e muito bem definidas para cada estímulo que vier a receber”, disse ela.

3 — Máscara abismo com tapa-olhos (1970)

A partir da década de 1970, Lygia Clark estabeleceu uma nova conexão com sua arte, a partir do estudo sobre a psique humana. Passou, então, a focar no desenvolvimento de experiências sensoriais e terapêuticas. A Máscara abismo, uma de suas obras mais famosas, tenta criar a sensação de um órgão fora do corpo.

A obra substitui a experiência estética pela sensorial, incentivando o uso do tato. A máscara foi feita com uma rede sintética que envolve um saco plástico cheio de ar.

4 — Túnel (1973)

“Túnel” foi uma proposição artística elaborada por Lygia em 1973. E obra consiste em um tecido de 50 metros de comprimento em formato de tubo. O espectador é convidado a interagir com a obra, adentrando em uma das aberturas e percorrendo o túnel até o outro lado.

Entre as sensações vividas pelos participantes, estão o sufocamento, o alívio e a libertação. A obra é uma alegoria à experiência do nascimento.

5 — Objetos Relacionais

Entre 1976 e 1988, Lygia Clark trabalhou com o que denominava de “Estruturação do Self”, uma série de “objetos relacionais” que envolvem o espectador numa experiência corporal que completa a obra. Dessa forma, espectador e obra se transformam a partir da interação.

“No meu trabalho, se o espectador não se propõe a fazer a experiência, a obra não existe… o artista perde sua singularidade, seu poder expressivo. Ele [o artista] se contenta em propor aos outros de serem eles mesmos e de atingirem o singular estado de arte sem arte”, disse Clark.

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