Beleza plástica agora para crianças

Salão do Móvel de Milão: Kartell lança sua primeira coleção infantil durante a Design Week 2016

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O Salão do Móvel de Milão começou cheio de novidades que podem ser vistas nos quatro cantos da cidade. Um nome forte no mobiliário e com presença sempre marcante na feira aproveita a ocasião para lançar sua primeira linha infantil da história. A Kartell transcende o mobiliário e cria peças que são também brinquedos.

Tudo no plástico e, como de costume da marca, elaborado na mais alta tecnologia, a Kartell Kids apresenta peças feitas em tamanho mirim, bem como móveis que podem ser usados para as brincadeiras de criança. A frente deste projeto estão Philippe Starck, Piero Lissoni, Nendo e Ferruccio Laviani.

“Nossos produtos mantêm a funcionalidade e são intrinsecamente divertidos, lúdicos e atraentes” – Claudio Luti, presidente da Kartell.

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Os designers se uniram para criar a nova linha formada pelo carro Discovolante e o trator Testacalda de Piero Lissoni, os balanços de Philippe Starck, o cavalo de balanço e os bancos Sorriso de Nendo e as mesas Clip Clap por Ferruccio Laviani. A coleção também reedição na versão mirim sucessos da marca, como a Louise Ghost.

“Eu queria fazer algo que fosse como um brinquedo, mas que fizesse sentido em termos de decoração e estrutura”, explicou o designer Nendo. O diferencial da linha foi a capacidades dos designers de poder brincar com suas criações. “Isto é o principal neste projeto, desenhar as peças de forma divertida e todos curtirem aquilo que está sendo feito”, concluiu.

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Piet Mondrian e o movimento De Stijl

Mondrian e o movimento De Stijl influenciaram o design e a arquitetura atual

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Para quem é tão apaixonado por minimalismo, o Blog AZ não poderia deixar de comentar a exposição Mondrian e o movimento De Stijl que ficou em cartaz no CCBB de São Paulo até o início deste mês de abril. Para os que ainda não associaram o nome ao movimento, Piet Mondrian e o De Stijl foram os precursores do minimalismo na primeira década do século 20.

Embora o movimento De Stijl esteja associado principalmente ao abstracionismo neoplástico, ele foi o pai do minimalismo – muito aplicado no design moveleiro atual. O neoplasticismo foi um termo criado por Piet Mondrian para dar nome ao novo modelo artístico que unia todas as artes. Suas principais características eram o uso predominante de linhas retas, formas geométricas e cores primárias; algo simples que acabou por gestar a filosofia minimalista do less is more.

Piet Mondrian foi um artista holandês classificado como modernista. Ele, entretanto, não ligava seu nome a nenhum movimento vanguardista específico. Mondrian foi cubista, neoplasticista, pos-impressionista, precursor do neoplasticismo e dizia que sua arte transcendia as divisões culturais.

A bem da verdade, o artista atravessou por todos os movimentos artísticos que efervesceram o continente Europeu no início do século passado. Mas além das pinturas vivas (ao estilo Van Gogh) e o cubismo de seus coloridos retângulos, seu nome ficou mesmo conhecido após a agitação provocada pela revista De Stijl – O Estilo (1917-1928) e o surgimento de uma nova forma de se fazer arte e design que veio depois dela.

A revista De Stijl surgiu quase que exclusivamente para divulgar o neoplasticismo e por esta razão seu nome é normalmente confundido com o nome do movimento. Além de Mondrian, a revista contou com outros colaboradores, como Doesburg e Gerrit Rietvield. Mondrian contribuiu com o De Stijl por meio da propagação da arte feita com cores primárias. O vermelho vivo, o amarelo berrante ou o azul de giz de criança estavam presentes em seus retângulos coloridos.

O movimento contribuiu imensamente com a arquitetura produzida desde então. A revista foi criada por um grupo de artistas, que incluiu designers e arquitetos, para defender a união de todas as artes e do estilo neoplasticista. Na arquitetura, essa aliança foi a responsável por trazer justamente as cores primárias de Mondrian para dentro das casas. Os princípios do movimento acabaram por quebrar com a convencional estrutura arquitetônica da época. Os projetos privilegiaram espaços abertos, a luminosidade e a funcionalidade – algo comum hoje graças ao De Stijl.

No design, o nome de destaque foi o de Gerrit Rietvield. Criador da cadeira Vermelha Azul, de Gerrit Rietveld levou o movimento De Stijl para a arquitetura e criou diversos móveis seguindo os princípios do neoplasticismo.

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Mostra

A exposição ficou em cartaz no Centro Cultural Branco do Brasil (CCBB) da capital paulista com 70 obras de Piet Mondrian, que narraram sua história desde os primeiros passos vanguardistas do artista, passando pele embarque do holandês no movimento De Stijl. Além de suas obras, a mostra trouxe peças de mobiliário criadas por Gerrit Rietvield.

A maior parte do acervo veio do Museu Municipal de Haia, na Holanda, que reúne a maior coleção mundial de obras de Mondrian com pinturas, desenhos de arquitetura, mobiliário e fotografias.

 

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As pinturas de Piet Mondrian e sua versatilidade. Seus quadros parecem pertencer a artistas diferentes, diante da distância estre os estilos aplicados em casa uma de suas pinturas.

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Os móveis do também holandês Gerrit Rietveld, saídos do movimento De Stijl. Seu apego às linhas retas e cores primárias revela sua forte relação com o neoplasticismo de Piet Mondrian.

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Fotos: Cileide Alves

Life by Lufe

A vida segundo a câmera fotográfica de Lufe Gomes

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Quer fotografar? Com uma câmera nas mãos, você tem o mundo aos seus pés. Foi assim que Lufe Gomes entendeu sua arte e por meio dela, e de suas lentes, leva o mundo para as mãos das pessoas. Lufe Gomes fotografa de tudo e toda imagem vira arte após passar pelo filtro de sua câmera.

Moda, arte, decoração, cotidiano. Tudo protagoniza o trabalho fotográfico do artista. Mas para ele seu trabalho se resume em apenas uma palavra: pessoas. Sãos as pessoas que movem o mundo e é que ele quer representar – ainda que elas não estejam em todas as suas fotos.

“Quem fez isso? Quem escolheu essa decoração? Quem cozinhou esse prato? Pessoas.
Elas me encantam e por elas entrei nesta jornada em busca do colorido e saboroso universo do alimentar-se”, explica em seu site. Quando fotografa um prato, faz na verdade um retrato de quem o criou. “É a própria pessoa impressa ali naquele produto final, naquele bar ou naquela cozinha do restaurante onde a grande ação acontece”.
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Ele se diz, na verdade, um contador de histórias. E o é. O mineiro já morou em Florianópolis, Londres e agora mudou-se para São Paulo. É de lá que conta a história das pessoas com imagens de suas vidas e de seus trabalhos.

Nomes como Donatella Versace, Matthew McConaughey, Reynaldo Gianecchini, Sandra Anemberberg, Marcelo Rosembaum, Guilherme Torres e outras personalidades públicas. Ele desenvolve diversos projetos com foco em algum estilo fotográfico. Na Life by Lufe, Gomes fotografa a decoração das casas.

Segundo o artista, a Life by Lufe é muito mais do que um fotógrafo tirando fotos de uma casa. “Eu vou realmente lá conhecer aquela pessoa através das coisinhas dela. Eu acredito demais que a casa também é um retrato da pessoa, ou do momento que ela está”, explicou.

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Muller Van Severen design

Escultor e fotógrafa belgas se consolidam também no campo do design de móveis com o estúdio Muller Van Severen

 

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Separados profissionalmente, Fien Muller e Hannes Van Severen eram, além de casados, escultor e fotógrafa. Juntos profissionalmente, se tornaram Muller Van Severen, designers de móveis. A história do estúdio belga Muller Van Severen é bastante interessante, principalmente porque é bem recente.

O casal Fien Muller e Hannes Van Severen tinha o interesse de desenvolver algum trabalho juntos, já que são ambos artistas, mas ainda não haviam encontrado uma plataforma onde poderiam utilizar o talento das duas áreas de atuação.
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Foi em 2011 que a oportunidade surgiu. A empresária Veerle Wene convidou os dois a criarem juntos um projeto para ser exposto em sua galeria e o momento coincidiu com a mudança do casal para uma casa que exigia um mobiliário diferenciado. À Bamboo, Fien contou que o casal enfrentava um problema de iluminação na nova casa em razão da altura de seu pé é direito.

“Começamos então a pensar em uma mesa com uma luminária acoplada e de repente foram surgindo várias outras ideias, num processo muito orgânico, como se aquilo já estivesse dentro de nós”, explicou a fotógrafa e designer.

Quatro anos após esse marco, o escritório Muller Van Severen foi vencedor do prêmio Designer of the Year da Bélgica, uma grade surpresa para os novos talentos do ramo moveleiro. É claro que, com o currículo do casal, o mobiliário Muller Van Severen transita entre a arte e o design. Suas peças são simples, criativas e afamadas por sua característica multiuso.

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Humano de madeira

Peter Demetz é dono de uma fascinante habilidade de transformar madeira em esculturas realistas humanas

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Alguns materiais, em mãos habilidosas, mais se parecem massinha de modelar. Peter Demetz é dono deste tipo de habilidade e a madeira, em suas mãos, vira gente. O artista italiano assina esculturas realistas de seres humanos – homens, mulheres e crianças – com atenção aos mínimos detalhes.

Suas peças são esculpidas à mão e atingem alturas que variam de 20 a 50 cm. Quem vê uma imagem tem dificuldade em perceber que não se trata realmente de uma pessoa. As roupas, o cabelo e até as imperfeições da pele são recortadas com um incrível grau de precisão.

Sua obra é, ao mesmo tempo, delicada e melancólica. Os personagens são cabisbaixos e sempre distantes dando a impressão de estarem mergulhados em um mar triste de saudade e de uma leve depressão.

Seu talento se transporta para suas peças que, para os desatentos, mais parecem pessoas recém-saídas de um mar de lama. Peter Demetz conquistou prêmios e brilhou em exposições ao redor do mundo em um merecido reconhecimento de seu incrível trabalho.

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A história por trás da fotografia

Conheça as histórias por trás das grandes fotografias

O beijo da Times Square (1945)

O beijo da Times Square (1945)

Uma imagem é capaz de imortalizar um instante, mas acaba por esconder atrás das câmeras grandes histórias. As fotografias mais marcantes muitas vezes acabam por esconder tristes verdades. O Blog AZ escolheu duas delas para mostrar o que a câmara não alcança.

O beijo da Times Square, tirada em 1945 na cidade de Nova York, virou o símbolo do fim da segunda guerra mundial. A imagem ficou tão célebre que até hoje casais buscam o ponto exato da avenida mais famosa de Nova York para recriar a cena.

Ao que tudo indicava o fotógrafo Alfted Eisenstaedt tinha apenas capturado a cena de um marinheiro e sua amada enfermeira, um casal de apaixonados, comemorando com amor o fim dos tempos de guerra. Ledo engano.

O marinheiro foi chamado de “bêbado atrevido”, já que seu beijo apaixonado foi na verdade um beijo forçado. O rapaz puxou pelo braço a primeira moça que viu a sua frente para “comemorar” com um beijo roubado o anúncio da rendição do Japão e o consequente fim da Segunda Guerra Mundial.

A identidade do casal que protagonizou o famoso beijo ficou oculta por muitos anos. Aos 90 anos de idade, George Mendonsa e Greta Zimmer Friedman revelaram serem os modelos da fotografia de Eisenstaedt.

A menina e o abutre (1993)

A menina e o abutre (1993)

Outra imagem marcante tem uma história trágica. A Menina e o Abutre foi tirada em 1993 no Sudão pelo sul-africano Kevin Carter. A fotografia rendeu ao fotógrafo, além de um prêmio Pulitzer, uma depressão tão profunda que levou ao seu suicídio.

Kevin era um dos quatro integrantes de um grupo de fotógrafos de guerra conhecido com Bang Bang Club. O objetivo dos fotógrafos era atrair a atenção das grandes nações, por meio de imagens, para a guerra e a fome que assolavam o continente africano nos anos 1990.

A Menina e o Abutre cumpriu seu objetivo. A cena, que mostra um abutre esperando a morte de uma criança subnutrida, comoveu o mundo e colocou a opinião pública contra o fotógrafo. As pessoas questionaram a frieza de Kevin, já que o fotógrafo nada teria feito para ajudar a criança. A culpa consumiu Kevin Carter até o dia que ele se matou.

E a menina? Ela estava sob proteção da ONU no momento em que Carter disparou o flash de sua câmera. Segundo noticiou o periódico El Mundo, a criança portava em seu braço no momento da foto uma pulseira com a inscrição “T3”. A sigla era usada pela ONU para classificar o nível de desnutrição das pessoas que estavam sob seus cuidados. Kong Nyong sobreviveu à fome e morreu 13 anos após ser fotografada por Kevin.

Arte geométrica

O artista visual escocês Jim Lambie utiliza fita de vinil, cor e geometria para criar maravilhosas instalações

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É com algumas linhas e muitas cores que o artista escocês Jim Lambie brincará com a sua percepção visual. O artista contemporâneo usa fita de vinil e geometria para criar ângulos que passam a percepção de movimento.

Seu trabalho é único e personalíssimo. Jim estuda o espaço e sua arquitetura para criar instalações que possam interagir com o ambiente; assim, sua obra não pode ser replicada ou transportada para qualquer local.

Para explicar seu trabalho, Lambie disse apelar para a imagem de uma paisagem no estilo dos sonhos. “Cobrindo um objeto de alguma forma se evapora a borda dura fora da coisa, e puxa-o para além de uma paisagem de sonho”, filosofou.

Além da ideia de saída do sonho feliz de uma criança, as instalações de Jim misturam a arte contemporânea com o pop art que esbanja na cor. Apaixonado por música, inspira seus projetos nas letras de algumas de suas bandas preferidas, como o The Doors.

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Cidades de papel

Clara Benett mistura arte, história e arquitetura em seu trabalho com maquetes e com a representação das cidades

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Vamos combinar que a arquitetura e a arte são dois ofícios muito parecidos. Nas mãos da francesa Clara Benfatti eles se uniram em um único trabalho. É que a artista plástica elegeu São Paulo para transportar ao papel a paisagem da cidade grande. As silhuetas dos edifícios com a poesia de seu trabalho renderam à artista sua primeira exposição individual em meados do ano passado.

Clara Benfatti nasceu na França em 1984, mas escolheu o Brasil como país e radicou-se em São Paulo. Formada em artes plásticas na FAAP, expõe sua obra desde 2009 na capital paulista. Em 2015 a Zipper Galeria abriu suas portas para que a artista fizesse sua primeira exposição individual.

Entre seus trabalhos expostos nessa mostra, dois se destacaram. Em Outras Cidades, Benfatti utiliza o nanquim para sobrepor as silhuetas de uma grande cidade sobre a outra formando belas imagens no papel.

O papel também é a matéria prima utilizada pela artista para construir caixas-maquetes. A Silenciosa Fábula dos Objetos são maquetes feitas a partir de imagens de cômodos iguais. Explorando ainda as cidades, a artista criou a série Cidades Brancas, onde Clara mistura camadas de desenhos em papel vegetal de diversos tamanhos e formatos, criando uma perspectiva tridimensional.

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Nas lentes de Joao Castilho

Conheça o trabalho fotográfico do mineiro Joao Castilho

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Marcel Duchamp disse na primeira metade do século 20 que seria “arte tudo o que eu disser que é arte” e coroou estas palavras com a exposição A fonte, um urinol rejeitado como obra artística pelo júri de um museu em Nova York por não haver indícios de trabalho artístico em sua peça final. Foi neste momento que o mundo começou a se questionar sobre as novas formas de arte.

Enquanto os mais conservadores fechavam as portas para as novas formas de se criar, artistas ousados passaram a ganhar espaços daqueles que viam o mundo além de seu temo. A fotografia se enquadra neste contexto. Quando descoberta pelo francês Daguerre, a fotografia foi recebida como uma ameaça para a pintura, mas hoje ambas convivem harmoniosamente no meio artístico.

Entre os trabalhos de documentação e os mais autorais, temos diversos fotógrafos artistas que merecem destaque por suas obras. O mineiro Joao Castilho é um deles. Nome recorrente nas listas de destaques da fotografia brasileira, Castilho foi vencedor de quatro prêmios do meio.
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Formado em comunicação e artes em 2001, João se especializou nas Artes Plásticas e aplica este seu talento na fotografia. Quando se comunica, suas imagens não passam uma mensagem pronta. Ela deixa com que o observador retire do conteúdo de sua obra a ressignificação de acordo com suas próprias referências.

Ao longo dos 15 anos de carreira, o fotógrafo já participou de dezenas de exposições coletivas e outras tantas individuais com seus mais de 25 ensaios fotográficos. Em entrevista, Castilho já reafirmou seu desejo de sempre se transformar.

“Não quero que meu trabalho seja a mera e eterna repetição de uma fórmula, não quero que ele se anestesie. Por isso, é preciso tensionar, ampliar, recriar pouco a pouco nosso próprio universo”.  Em cada um de seus ensaios, vemos esta ampliação. João tem a capacidade de se inventar e reinventar nas sombras e nas luzes de suas fotografias.

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Fotos: João Castilho

Jornal britânico inclui Brasília na lista dos dez destinos de turismo arquitetônico

O jornal britânico The Guardian incluiu Brasília na lista das dez cidades que devem ser visitadas por turistas que buscam rotas arquitetônicas

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No meio do cerrado brasileiro, lá onde não havia muita coisa, uma cidade se levantou praticamente do nada. Seu nome? Brasília. A capital federal, uma jovem de apenas 55 anos de idade, carrega em sua história a fama de sua arquitetura. Nascida fora de seu tempo, e de qualquer tempo, Brasília destaca-se no meio das outras 26 capitais brasileiras e chama a atenção do mundo. Quem conhece, se espanta. Por isso o jornal britânico, The Guardian, incluiu a cidade entre os dez melhores destinos de turismo de arquitetura do mundo.

Segundo a lista, divulgada no final de 2015, a capital modernista deve ser conhecida pela sua arquitetura incomum. Brasília divide a lista com Miami, por sua art déco, com o cubismo e a art nouveau de Praga e outras sete cidades espalhadas pelos quatro cantos do mundo. É plenamente justificável a eleição do planalto central para figurar nesta lista, já que “a construção de Brasília começou em 1956 – com a cidade rapidamente se tornando um marco na história do planejamento de cidades”, como lembrou a própria publicação.

Muito antes dos planos desenvolvimentistas de Juscelino Kubitschek, dos planejamentos urbanistas de Lúcio Costa ou dos desenhos pós-modernistas de Oscar Niemeyer, Brasília já estava prometida ao Planalto Central. A discussão entorno da mudança da capital para o interior do país data de antes do Brasil virar uma república. A Constituição da República de 1891 definiu que essa nova capital deveria ser construída no Planalto Central.

Foi apenas 64 anos após esta decisão que a capital federal começou a ser construída no interior de Goiás, agora um Distrito Federal. O traçado da cidade obedeceu ao plano piloto de Lúcio Costa, batizado com este nome por ter sido a primeira proposta urbanística criada para a cidade. A ideia inicial era fazer uma cidade com a forma de uma cruz, mas o nome “Plano Piloto”, somado à semelhança do projeto com o desenho de uma aeronave, fez com que o formato da área fosse popularmente comparado com um avião, composto de um eixo monumental suas asas.
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Os prédios principais foram desenhados por Oscar Niemeyer e sua ideia de arquitetura explica bem a cidade. “Quando eu crio um prédio eu não me tranquilizo antes de ver que ele causa espanto e cria emoção”, contou certa vez em entrevista sobre Brasília.

O projeto urbano de Lúcio Costa, com as superquadras, tinha a intenção de criar bairros que favorecessem as relações interpessoais. O térreo dos edifícios seriam abertos e públicos para permitir que crianças brincassem próximas a seus blocos. Entre as quadras a única divisão seria uma área verde, sem cercas, com reserva de área para pequenos comércios locais, espaços onde todos poderiam se encontrar.

Ocorre que Brasília cresceu além do planejado. As asas norte e sul não foram suficientes para abrigar seus moradores e cidades satélites foram nascendo, ao contrário de sua cidade mãe, sem qualquer planejamento urbanístico. Outro ponto que pesou na construção da cidade foi justamente a construção da cidade. O presidente queria levantar a capital até o fim de seu governo, o que daria aos envolvidos no projeto um prazo de apenas quatro anos para concluir as obras. A velocidade com que a cidade foi levantada rendeu à Novacap, empresa responsável pelo projeto, a fama de ter sido responsável pela morte de inúmeros funcionários.

O charme da capital administrativa fica por conta também do Lago Paranoá. Criado artificialmente no intuito de elevar os baixos índices de umidade da região, o lago possui 48 quilômetros quadrados de área, profundidade máxima de 38 metros e cerca de oitenta quilômetros de perímetro. A cidade, além de ganhar o título de capital da arquitetura pós-moderna, foi tombada pela UNESCO em 1987 como patrimônio mundial.

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