Contagem regressiva para a Casa Cor Goiás 2015

Amanha Eliane Martins e Sheila Podestá abrem as portas da Casa Cor para convidados conferirem a mostra de perto no coquetel de inauguração

Um pouco do que está por vir: Casa Cor Goiás 2015

Um pouco do que está por vir: Casa Cor Goiás 2015 (com Etel Interiores)

Estamos a um dia do início das movimentações na Casa Cor Goiás 2015. É que embora os trabalhos já tenham começado há muitos meses e que oficialmente a casa só abra a partir do dia 15, amanhã as organizadoras da Casa Cor Goiás, Eliane Martins e Sheila Podestá, abrem as portas da maior mostra de design e decoração do estado para o Dia da Imprensa.

O Dia da Imprensa na Casa Cor Goiás é um evento exclusivo para jornalistas que poderão conferir, em primeira mão, os lançamentos e tendências do mercado de arquitetura, decoração, design e paisagismo distribuído em 37 ambientes que mostram o que há de melhor em tecnologia, materiais, equipamentos, produtos e criatividade.

Nessa mesma noite, a Casa Cor recebe convidados para o Coquetel de Inauguração juntamente com a EBM – patrocinadora local do evento em Goiás. A parceria habitual dos arquitetos com o Armazém da Decoração também não poderia passar despercebida pelo nosso Blog AZ. Dos 37 ambientes que dividem a Casa em 2015, estamos presentes em 13 deles.

Os 19 arquitetos e parceiros do Armazém da Decoração na Casa receberão nosso destaque nos próximos dois meses e vocês poderão conferir por meio dos cliques de Marcus Camargo e dos textos de Bárbara Alves o que estará acontecendo na Casa Cor Goiás 2015 entre os dias 15 de maio e 24 de junho.

Aguardem!!!!

Design é meu mundo / Lattoog

O design de Leonardo Lattavo e Pedro Moog na Lattoog

Poltrona E2 no Armazém da Decoração (Foto: Marcus Camargo)

Poltrona E2 no Armazém da Decoração (Foto: Marcus Camargo)

O hobby da dupla Leonardo Lattavo e Pedro Moog tornou-se profissão oficial em 2004 quando o arquiteto Leonardo e o designer Pedro decidiram juntar seus nomes e criatividades na marca que, além de atuar na área de arquitetura, lança peças de mobiliário: Lattoog. Carioca do mundo, a Lattoog caminha em direção à internacionalização do design brasileiro sem perder o gingado de nossa cultura tão rica.

Arquiteto e Urbanista com mestrado em pela University College of London, Leonardo possui diversos projetos de arquitetura e interiores realizados no Brasil, Inglaterra, Itália, Espanha e Alemanha. Juntou sua experiência e talento com os de Pedro Moog, designer autodidata com formação acadêmica em Administração de Empresas.

Além de atuarem como arquitetos e trabalharem com artes plásticas, Pedro e Leonardo assinam sofás, cadeiras, poltronas, luminárias, mesas e acessórios de casa. Com a filosofia da “antropofagia cultural” que pegaram emprestado de Oswald de Andrade, a dupla cria seguindo as influências externas sem negar, entretanto, a cultura local. O que fazem é uma mistura criativa que é “devorada e transformada em cultura brasileira e revolucionária”.

Dos móveis produzidos pela Lattoog, algumas peças formaram uma família. As coleções Viralata e Praias Cariocas deixam claro essa tendência antropofágica da dupla. A série “Viralatas” traz móveis híbridos, união de dois que resultam num terceiro, diferente e único, trazendo mais uma vez a marca brasileira da miscigenação e mistura. Praias Cariocas é uma série que honra o nome e o verão brasileiro com peças para área externa.

Para Leonardo a Lottoog é sinônimo de criatividade. “Não somos especializados em marcenaria, metalurgia ou estofaria, somos especializados em bom desenho e boas ideias”, confessou. Suas peças são conhecidas do público e do Armazém da Decoração.

 

Poltrona Pantosh (Foto: Divulgação)

Poltrona Pantosh (Foto: Divulgação)

Poltrona Moleco (Foto: Divulgação)

Poltrona Moleco (Foto: Divulgação)

Arquitetura japonesa: Kengo Kuma

A madeira e as técnicas tradicionais da arquitetura japonesa no trabalho de Kengo Kuma

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Não é estranho que um país geograficamente tão distante do Brasil tenha uma cultura igualmente afastada da nossa. Em razão de sua complicada localização, o Japão ficou isolado em longos períodos do contato com o mundo exterior e nos momentos de invasão, viu sua cultura sofrer influência de ideias novas procedentes do estrangeiro.

Os japoneses desenvolveram a habilidade de absorver e assumir elementos dessas culturas estrangeiras que serviam para complementar suas preferências estéticas. O resultado disso foi o desenvolvimento de uma cultura peculiar com algumas características próprias e outras emprestadas.

As manifestações artísticas mais antigas que se desenvolveram no Japão datam dos séculos VII e VIII e estão relacionadas com o budismo. As características assumidamente orientais são fortes na cultura do país, principalmente em sua arquitetura peculiar. A principal marca da arquitetura japonesa é a capacidade dos profissionais de aproveitar diversos tipos de madeira, ao contrário da arquitetura europeia que aproveitava a pedra e o tijolo como matéria prima principal.
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A madeira é forte no trabalho de um dos grandes representantes da arquitetura japonesa, Kengo Kuma. Essa tendência vem do hábito japonês de aproveitar os recursos naturais tanto na área externa como interna. Kengo Kuma costuma enaltecer o artesão japonês e a qualidade do seu trabalho com materiais naturais como dois grandes trunfos de seu país. Materiais naturais, para Kengo Kuma, estão mais próximos da essência humana e cumprem melhor a função da arquitetura de promover o bem estar.

Kuma nasceu em Yokohama, Japão, e formou-se em arquitetura pela Universidade de Tóquio. Mais tarde, mudou-se para os Estados Unidos, onde continuou seus estudos na Universidade de Colúmbia, em Nova York. Atualmente, Kuma dirige seu escritório de arquitetura Kengo Kuma & Associates (KKAA) com sede em Tóquio e Paris, além de trabalhar como professor na Escola de Pós-Graduação de Arquitetura de Tóquio.

Seu escritório emprega 150 arquitetos e é responsável por grandes projetos espalhados pelos quatro cantos do mundo. Os traços da tradicional arquitetura japonesa aliada à madeira são marcas registradas do trabalho de Kuma.

Uma de suas fontes de inspiração é o trabalho de Frank Lloyd Wright. Segundo Kuma, o arquiteto americano carregou seu trabalho de um estilo que se aproxima bastante da arquitetura tradicional japonesa. Ele traduzia a filosofia japonesa numa linguagem global e geral. “Estou a tentar fazer o mesmo que Frank Lloyd Wright, mas a meu modo”, confessou.

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Madame – World of Emilio Pucci / Kartell

Design é meu mundo dá o destaque merecido para a união do trabalho de Philippe Starck com a Emílio Pucci

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É difícil pensar na Kartell sem lembrar-se das icônicas poltronas de Philippe Starck. O francês conquistou o mundo com suas criações de plástico e uma das suas poltronas mais famosas, a Louis Ghost, já ultrapassou a marca dos 1,5 milhão de unidades comercializadas em todo o mundo.

Starck nasceu em Paris no dia 18 de janeiro de 1949 e estabeleceu seu nome no design de mobiliários desde que se formou na École Nissim de Camondo e fundou sua própria empresa, a Starck Productions. Sua parceria com a Kertell é antiga e com a marca conquistou seus maiores sucessos.

A Mademe, poltrona de Starck com a Kartell, é um desses exemplos de sucesso. A poltrona já desfilava belas estampas escolhidas por Philippe, mas agora a Mademoiselle Kartell entrou no mundo de Pucci. Emilio Pucci foi um grande fashion designer italiano e sua grife se uniu à Kartell pela primeira vez no ano passado. A parceria deu certo.

Esse ano as marcas dedicaram seus trabalhos para dar à poltrona de Philippe Starck a inspiração do projeto Cities of the World da Pucci. Assim, Madame recebeu uma nova roupagem e os desenhos da Pucci substituíram as estampas selecionadas por Starck.

As quatro estampas usadas em Madame representam a Avenue Montaigne em Paris, a Piazza di Spagna em Roma, os icônicos arranha céu de Nova York e os distritos de Xangai. A nova coleção foi batizada de coleção de poltronas Madame – World of Emilio Pucci. Lindas, não?!!!

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Mesa CHUVA marca presença na Casa Cor 2015

Peça da quinta linha de móveis criada por Léo Romano, a mesa CHUVA faz parte dos móveis expostos na Casa Cor São Paulo 2015

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Lembra-se da Linha CHUVA? Pois é, a nova coleção do renomado arquiteto Léo Romano vai estar na Casa Cor e não apenas aqui em Goiás. Léo foi convidado para participar da 29ª edição da Casa Cor São Paulo 2015, que acontece entre 26 de maio e 12 de julho, e vai levar CHUVA com ele. Não necessariamente levar, afinal, as peças de sua nova linha já estão em São Paulo na Decameron.

Léo não cansa de ousar. Suas criações encantam em qualquer área que o designer visual, de interiores, gráfico, arquiteto e urbanista decide se aventurar. Na criação de móveis, Léo não deixa de manifestar seu lado inquieto e curioso.

A linha CHUVA escancarou a veia artística de Léo Romano, que conseguiu imprimir na obra final a fluidez a que remete o nome das peças. A coleção Chuva integra a série Objetos Poéticos, com peças em madeira e cerâmica – estas últimas assinadas pela artista plástica Iêda Jardim.

Segundo o próprio arquiteto, a madeira é trabalhada numa construção artesanal precisa e cuidadosa. O objeto representa imagens plásticas conduzidas por linhas puras e contínuas. É assim que a mesa CHUVA foi construída. Com pés que lembram pingos d´água, a mesa foi desenhada de forma escultural que pode caber tanto na sala de uma casa ou no salão de uma galeria.

O elemento água foi o fio condutor para a criação de toda a linha, inclusive da mesa. Aqui, Léo manteve uma tendência em valorizar os elementos da natureza. A mesa Chuva vai estar exposta na Casa Cor São Paulo, mas aqui em Goiânia pode ser encontrada no Armazém da Decoração, afinal a linha CHUVA é exclusividade nossa.

Casa Cor 2015: o Brasil visto por dentro

A brasilidade na arquitetura e no design vai invadir a mostra da casa mais aguardada do ano em 2015

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É o multicultural Brasil que está em destaque na 19ª edição goiana da Casa Cor. “Yes, temos inspiração” foi a frase escolhida pela mostra para abrir suas portas no dia 15 de maio e deixar provado, sem sombra de dúvidas, que o Brasil tem muito design na hora de criar, projetar e decorar. Celebrado como o evento de maior expressão da arquitetura, design, decoração e paisagismo do estado, a Casa Cor Goiás 2015 acontece entre os dias 15 de maio a 24 de junho na Mansão Anis Rassi, Rua Mario Bittar, nº 181, Setor Marista.

O tema brasilidade norteará este ano todos as mostrar Casa Cor 2015. “Brasilidade é ter coragem e ousar na forma e no conteúdo”, explicou Eliane Martins aos jornalistas durante o brunch de lançamento da Casa Cor no mês passado. Eliane, responsável pela franquia goiana da mostra juntamente com Sheila Podestá, explicou que o tema abre espaço para uma mistura de estilos e gostos. “Uma decoração tipicamente brasileira sabe ser alegre, aconchegante, inspiradora e imprevisível”, completou.

O público da casa vai poder conferir na 19ª edição da mostra uma homenagem à arte e ao design de identidade brasileira. O objetivo é reconhecer o valor de uma cultura tão diversa e encantadora como a nossa. Para dar forma à ideia – e aos 3.500 m² do espaço reservado para o evento em 2015 –, foram convidados 56 arquitetos, decoradores e paisagistas para projetar 32 ambientes.

O Brasil poderá ser visto por dentro em menos de uma semana. O coquetel de inauguração, evento reservado para convidados, está marcado para as 20 horas do dia 13 de maio. Os visitantes serão recebidos na casa a partir do dia 15, das 16h às 22h. Aos sábados, domingos e feriados o horário se estende das 12h às 22h. O valor do ingresso é de 40 reais a inteira.

“O design está se tornando algo complexo”

“Essa mistura de sensações que uma peça de mobiliário desperta é o que me encanta”

(Foto: Marcus Camargo)

(Foto: Marcus Camargo)

Foi em meio às batidas do som e o tilintar das taças de champanhe, em uma noite de Papo Design, que Fernando Mendes reservou tempo para um papo sobre design com nosso Blog AZ. O design faz parte da vida e inspira Fernando na hora de mergulhar nas possibilidades da forma e do encaixe da madeira. “Essa mistura de sensações que uma peça de mobiliário desperta é o que me encanta”, confessou.

Fernando descobriu quando era ainda jovem que seu ídolo do design era também seu primo. Unidos pelos laços familiares e pela paixão ao design, Sergio Rodrigues e Fernando Mendes trabalharam juntos por mais de 20 anos, parceria que se encerrou com a morte de Sérgio no fim do ano passado. Todas essas histórias foram relembradas na entrevista que o designer concedeu ao Blog AZ:

 

Quando você fala em design, sempre defende o trabalho de uma marcenaria de verdade, o que seria essa marcenaria?

Quando eu faço referência a essa marcenaria, me aludo ao uso das técnicas de marcenaria milenares por meio do encaixe na produção do design de móveis contemporâneo. A marcenaria é atenda a uma construção artesanal antiga ou nova, basta saber usar. A utilização do encaixe da madeira com o mínimo de intervenção de outros materiais, como o prego, é o que chamamos de uma marcenaria de verdade.

 

É possível usar essa marcenaria de verdade em um atelier de grande produção?

Sim, é possível desde que o atelier desenvolve uma série de mecanismos para poder produzir utilizando a marcenaria artesanal. Hoje, existe no mercado o CNC, comando digital para operar uma fresa, que cria o formado e faz o encaixe da madeira. A [máquina] CNC não é uma tecnologia nova, desde o início da década de 1930 os escandinavos já utilizavam esse mecanismo para fazer os encaixes da madeira de forma seriada para uma produção de maior escala. Quer dizer, os escandinavos já utilizavam esses gabaritos para produzir os móveis de forma muito sofisticada há mais de 70 anos atrás, produzindo peças extremamente elaboradas com um suporte fabril bastante tradicional. É uma tecnologia que não se utiliza uma interface digital e sim a inteligência.

 

Você costuma criticar a questão de o trabalho manufaturado ser relegado à segunda categoria. Essa desvalorização é uma tendência mundial ou é recorrente apenas no Brasil?

Acho que desconsiderar o trabalho artesanal e manufaturado ainda é uma tendência mundial, mas que está mudando. Ainda acho que aqui no Brasil é um pouco pior. Os brasileiros tem a cultura, herdada da colonização portuguesa, de acreditar que é preciso ter um nível universitário para se dar bem na vida e como a arte da manufatura é ligada a um setor mais técnico, a gente desprestigia. Em razão do preconceito, falta no mercado brasileiro pessoas com maior formação técnica e essa tendência acaba inclusive por atrapalha a nossa economia. É muito difícil contratar pessoas do setor técnico no mercado. Eu já tive um funcionário alemão com formação no setor técnico na Alemanha e ele achava estranho esse desprestígio. Seus amigos brasileiros, de nível universitário, não entendiam como um alemão que falava inglês não tinha uma formação superior, como se essa ausência deixasse o seu trabalho menos importante. As pessoas não compreendiam como ele estava se ‘sujeitando’ ao trabalho de marceneiro, como se fosse uma profissão que exigisse pouca inteligência – o que não é verdade. A marcenaria dá a oportunidade de a pessoa desenvolver trabalhos incríveis que exigem inteligência e muito estudo elaborado. É uma profissão que não fica a dever nada para nenhuma outra.

 

Algumas pessoas acreditam que o design mobiliário e o design de modo geral são uma espécie de arte, já outros a tratam como uma profissão. Qual é a sua opinião a respeito desse debate?

O design hoje em dia tem uma característica interessante de se tornar uma área de interesse que abriga um monte de inteligência. Ele surgiu como uma maneira de aliar forma, função, fabricação e emoção para despertar interesses e criar algo que tenha um lado artístico e outro funcional. Ou seja, deve unir a beleza da arte com a funcionalidade do produto comercial, pois não adianta criar algo belo que não possa ser levado para a fábrica ou ser de fácil produção fabril e não ter nenhuma beleza atrativa. O design hoje em dia está abraçando cada vez mais áreas, já que tem essa peculiaridade de ir agregando inteligências e interesses. Um cabeleireiro, por exemplo, se tornou um hair designer. O design está se tornando algo mais complexo.

 

Tanto seu trabalho como o de Sérgio Rodrigues são bastante modernistas. Como você abraçou esse tipo de criação e, junto com Sérgio, produziu peças bastante atemporais?

O design atemporal é aquele que cria objetos com uma expressão tão forte que passa pelo tempo e continua agradando, sendo interessante e atual. É o que chamamos de clássico. Claro que o clássico não nasce com essa característica, ele se torna clássico de acordo com o tempo e sua aceitação. Meu trabalho é muito ligado às décadas de 1950 e 1960 em razão do meu interesse por essa tecnologia escandinava da marcenaria de encaixes. Como os escandinavos ficam muito tempo dentro de casa, já que os países nórdicos são muito frios, eles se preocuparam em desenvolver peças atentas ao aconchego dos móveis e a uma beleza limpa, minimalista e sem muito rebuscamento. São móveis confortáveis, duráveis e gostosos de usar. Essa mistura de sensações que uma peça de mobiliário desperta é o que me encanta. Outro fator que despertou meu interesse foi o trabalho de marcenaria com o encanto da textura e dos cheiros. A marcenaria tradicional é uma atividade que mexe muito com os sentidos. Espero até um dia conseguir descolar disso, mas esse vínculo não é uma preocupação pra mim. Eu crio inspirado pelo trabalho da marcenaria e pelo fascínio de desenhar as peças à mão. Aprendi com o Sérgio [Rodrigues], que tinha uma paixão pelo desenho, a importância da criação inicialmente manual do trabalho moveleiro.

 

Dentro dessa criação mais tradicional ou industrial e da criação autoral, você acredita que podemos distinguir o bom do mau design?

Eu não sou um crítico de design, mas acredito que o bom design venha da sensibilidade de se gostar de criar e produzir. Existem coisas que são boas e outras que não; que têm uma estrutura equivocada para a sua fabricação ou uma estética sem inspiração, copiada ou sem conforto. O conforto não deve ser desprezado em nenhum momento. O design tem que abraçar a arte, o conforto, o saber fazer e a beleza do mobiliário.

 

Você fala muito na questão do encanto e de gostar do design e todos que falam em Sérgio Rodrigues lembram dessa mesma característica apaixonada que ele tinha de encarar o design. Como foi trabalhar com ele?

Depois de mais de 20 anos de convivência com Sérgio que percebi o que foi a maior influência dele na minha vida e no meu trabalho e essa influência foi exatamente essa paixão e emoção que ele teve com o ofício. O Sérgio batalhou em um momento que não existia um design brasileiro. Tinham poucas pessoas fazendo alguma coisa que expressasse uma cultura nacional dentro da fabricação de mobiliário e dos espaços institucionais. Ele começou a se dedicar ao mobiliário com uma crença e uma vontade tão forte de fazer acontecer que foi em frente atravessando bons e maus momentos sem nunca abandonar o entusiasmo.

 

Praticamente tudo que ele criou teve uma força grande e uma enorme repercussão no mundo do design.

Sim, e essa conquista veio da ligação que ele tinha com a emoção. Acho que ele queria tocar as pessoas com a sua criação. Sérgio foi um homem muito carismático, mas tinha essa coisa de atingir e provocar o outro. Seu é muito sedutor já tudo que ele criou foi feito para projetos específicos e pessoas específicas. Ele estudava o cenário da vida da pessoa e fazia um casamento entre o lugar e o sujeito criando peças perfeitas para cada ocasião. Ele conseguiu, ao mesmo tempo, ter uma variedade imensa de modelos que são distintos e uma linguagem única que é marca registrada do seu design. Ele conquistou umas coisas que acho muito difícil de serem alcançadas.

 

Seu trabalho foi muito importante para mostrar ao mundo que o Brasil tem design. Você acredita que ele foi um marco nessa questão da afirmação nacional dentro do design moveleiro mundial?

A motivação dele veio disso. Sérgio foi estudar a arquitetura e percebeu que na arquitetura de meados do século XX existiam varias representações da expressão brasileira. O Brasil já aparecia no cenário mundial da arquitetura, entretanto não tinha muito nomes no campo do mobiliário. Ele olhava para dentro dessa arquitetura e via somente o design europeu, já que não tinha uma identidade brasileira para colocar dentro das casas. O mote de Sérgio com o design foi o de justamente querer preencher esse espaço interno com algo que se comunicasse com a nossa cultura.

 

Um passeio pela moda japonesa de Issey Miyake

A cultura japonesa é rica em todos os campos, mas é na moda que Issey Miyake mostra seu talento

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A cultura que vem do outro lado da terra tem Issey Miyake como maior representante no campo da moda, muito embora o designer não se considere um criador de moda e sim um produtor de roupas. O Blog AZ discorda… Issey Miyake cria tendências e tendências para lá de surpreendentes.

Miyake nasceu na cidade japonesa de Hiroshima, e logo após concluir sua formação acadêmica, em 1964, na Universidade Tama, Tóquio, aterrissou em Paris para estudar moda. Sua primeira experiência com uma maison de alta costura veio cedo. Mal tinha se acomodado na capital francesa e já foi chamado para contribuir com a grife Guy Laroche, para a qual passou a desenhar em 1966.

Antes do final da década de 1960, Issey Miyake trabalhou com a famosa Givenchy, até que decidiu voar para mais longe de sua terra natal: Nova York. Alí, Miyake foi se deixando influenciar pelo guarda-roupa que vinha das ruas. A moda deve servir aos homens e não o contrário, então a filosofia de liberdade despertou sua criatividade na criação de jeans e camisetas, e também para um estilo que surgiu através da combinação de roupas usadas.
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Em 1971 realizou seu primeiro desfile, mas não chegou a impressionar a comunidade fashion norte-americana. De volta a Paris, um seguindo desfile colocou Miyake no radar da moda mundial. Issey começou sua escalada mostrando uma moda com roupas superpostas. Suas peças envolviam o corpo feminino com leveza e uma dose extra de conforto.

Foi no final da década que a elite de vanguarda descobriu a beleza das criações de Miyake, que explorava texturas com forte influência oriental, mas que permitiam o uso dentro dos padrões ocidentais. Visionário, o designer sabe mesclar as culturas e os estilos.

Foi no final dos anos 1980 que o estilista introduziu um dos métodos mais presente em seu trabalho, pleating (plissado). O plissado permitiu a flexibilidade de movimentos e o conforto das roupas. Atualmente, as criações de Issey Miyake não são exclusividades de guarda-roupa. Ele desenvolveu fragrâncias e cria também peças de decoração, como luminárias e objetos de design – tudo bem próximo ao seu estilo inusitado.

Cidadão da moda e do mundo, Miyake dedica hoje seu trabalho à investigação na Fundação Issey Miyake, que pesquisa novos materiais e novas técnicas de vestuário. O designer entregou suas coleções a talentosos designers que continuam o trabalho deixado por ele. Seu império tornou-se uma multinacional multimilionária com lojas espalhadas pelas principais capitais do mundo.

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Design é meu mundo / Poltrona Benjamin

Poltrona Benjamin de Sérgio Rodrigues e Fernando Mendes

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Você quer um resumo da obra de Sérgio Rodrigues? O Blog AZ apresenta, então, a Poltrona Benjamin. Resultado de uma parceria entre Sérgio e seu primo e amigo Fernando Mendes, a poltrona foi uma das últimas peças do mestre do design e une, em um só trabalho, os 60 anos do design pensado, desenhado, criado e produzido por Rodrigues.

Segundo o próprio Sergio Rodrigues, Benjamin é um resumo de sua obra. “Quando ele viu o protótipo pronto, disse que era uma síntese de tudo o que fez em poltrona e cadeira, porque tinha vários detalhes e elementos utilizados nas peças que criou”, explicou Fernando Mendes.

A participação de Mendes foi fundamental. Foi junto com ele que Sérgio tirou o projeto inédito da gaveta para lançá-lo em 2014, ano de sua morte. Benjamin é um pouco Mole, um pouco Tonico, um pouco Killin ou Diz e é também a Xibô. Benjamin reúne as características dos móveis que Sérgio produziu ao longo da carreira e fechou com chave de ouro a linha de suas criações.

Embora tenha sido desengavetado apenas em 2014, Fernando Mendes acredita que seu desenho original foi esboçado entre 1995 e 2000. “Essa poltrona, na verdade, é uma certa evolução da Xibô (1990), com um desenho um pouco mais complexo”, contou à época de seu lançamento. Ninguém lembrou ao certo a razão pela qual Benjamin – poltrona batizada em homenagem a Benjamin, neto de Sérgio – não foi produzida quando criada, mas agora faz parte do acervo AZ e pode fazer parte também da sua casa.

(Foto: Marcus Camargo)

(Foto: Marcus Camargo)

(Foto: Marcus Camargo)

(Foto: Marcus Camargo)

Arquitetura sustentável

Pontes vivas são levantadas para salvar milhares de animais nas florestas localizadas próximo às estradas

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Os princípios da arquitetura orgânica e que colocam a arquitetura a serviço da vida são famosos para quem estuda a arte de construir; tão famosos que nem precisa estudar arquitetura para entender um pouco a respeito deles. O interessante é que esses princípios ganharam uma nova roupagem em um recente estilo arquitetônico que também está a serviço de vida, mas da vida animal. São as pontes vivas de passagens que cruzam grandes rodovias com o objetivo de oferecer uma travessia segura aos animais.

Não precisa ser um desses defensores fervorosos do meio ambiente para perceber que nossos carros é que estão invadindo a flora e acabando com muito animais que vivem em florestas ao redor das rodovias. Nessas estradas, existe uma grande quantidade de acidentes entre motoristas e animais e, para evita-los, passagens cheias de vegetação são construídas aumentando a segurança de ambos.

Em sua composição, as pontes possuem camadas de rocha, solo, vegetação rasteira e até árvores médias no intuito de imitar o habitar natural dos animais e evitar que eles procurem as travessias nos locais mais perigosos. O tamanho das pontes varia de acordo com o tipo de espécie que vive no local das estradas. Nas áreas florestais que têm a presença de ursos, linces e outros mamíferos de grande porte, as estruturas são mais largas e consistentes.

As pontes vivas também são conhecidas como eco-dutos, pontes verdes e viadutos de vida selvagem, e já podem ser vistas em diversos lugares do mundo. O Brasil ainda não deu o exemplo, mas as pontes podem ser vistas no Canadá, Alemanha e Holanda. No Parque Nacional de Banff, Canadá, existe atualmente 41 estruturas de travessia que ajudam na locomoção da fauna local e previnem acidentes na movimentada rodovia Trans-Canada. A Holanda também decidiu implantar as passagens verdes em suas estradas e hoje já conta com mais de 600 passagens animais.

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