Tradição e futuro se unem na Japan House

Avenida paulista agora abriga uma das três Japan House espalhadas no mundo

Na semana passada, quando divulgamos a chegada ao Brasil de Kengo Kuma, anunciamos o mágico, mas nos esquecemos de falar de sua magia. Kengo Kuma possui projetos espalhados em todo o mundo, inclusive em terras tupiniquins. Entretanto, sua última obra no Brasil merece um destaque especial.

Estamos falando da Japan House, inaugurada em maio deste ano.  A casa japonesa é um centro cultural criado pelo governo japonês no coração de São Paulo – a avenida paulista – como um ponto de difusão de todos os elementos da rica e genuína cultura japonesa para a comunidade internacional.

A Japan House brasileira não está sozinha. É que São Paulo foi apenas uma das três cidades escolhidas para abrigar a casa que carrega a importante missão de dialogar a cultura japonesa com o resto do mundo. Japan House também pode ser encontrada em Londres, na Inglaterra, e Los Angeles, nos Estados Unidos.

A ideia da Japan House foi colocar tradição lado a lado com o futuro. No quesito arquitetura, o futuro não só esteve ao lado da tradição, mas se misturou com ela. Kengo Kuma aproveitou a madeira – seu material favorito – para criar um ambiente que é, ao mesmo tempo, a ideia do que foi com a perspectiva do que será. Explicando: madeira é um dos materiais mais usados na arquitetura japonesa, mas nas mãos de Kuma, acabou ganhando um design irreverente.

Kengo Kuma: life outside the box

Kengo Kuma chega ao Brasil para abrir exposição que apresenta seu trabalho na Japan House, “Eterno efêmero”

Kengo Kuma, o nome que dará vida à próxima Olimpíada de Tóquio, chegou ao Brasil para a abertura de uma exposição que mostra seu trabalho na casa por ele desenvolvida: a Japan House, na avenida paulista. “Não somos mais restritos à vida dentro de uma caixa. Caixas são entediantes e reduzem nossas possibilidades”, defende ele. Talvez por ele pensar assim, que a exposição foi batizada de “Eterno efêmero”.

Kuma nasceu em Yokohama, Japão, e formou-se em arquitetura pela Universidade de Tóquio. Mais tarde, mudou-se para os Estados Unidos, onde continuou seus estudos na Universidade de Colúmbia, em Nova York. Atualmente, Kuma dirige seu escritório de arquitetura Kengo Kuma & Associates (KKAA) com sede em Tóquio e Paris, além de trabalhar como professor na Escola de Pós-Graduação de Arquitetura de Tóquio.

Kuma defende que cimento e tijolo são matérias privas do século passado e que a arquitetura precisa trabalhar e aproveitar mais a madeira. É que a madeira é forte em seus trabalhos. Essa tendência vem do hábito japonês de aproveitar os recursos naturais tanto na área externa como interna. Como resultado, temos um dos um dos arquitetos mais inventivos do Japão.

A essência de seu trabalho está em utilizar a tradição construtiva japonesa como base para um desenho contemporâneo e inovador. O uso marcante do espaço diáfano, da luz natural, dos elementos orgânicos e das técnicas artesanais dão às suas construções uma personalidade fortíssima e serão tema de “Eterno efêmero”, que ocorre entre 18 de julho a 10 de setembro de 2017.

A mostra apresentar outros aspectos de sua produção criativa, que vai além da arquitetura convencional com um extenso trabalho de intervenções e de arquitetura efêmera (pavilhões, esculturas, demarcadores de espaço e módulos de pensamento construtivo).Fuan, uma casa de chá conceitual criada com balões, tecidos e gás hélio, traz a alma do artista à tona; já Tsumiki, uma obra construída em parceria com o músico Ryūichi Sakamoto, oferece um modelo construtivo, que incita a liberdade criativa das pessoas.

Arquitetura japonesa: Kengo Kuma

A madeira e as técnicas tradicionais da arquitetura japonesa no trabalho de Kengo Kuma

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Não é estranho que um país geograficamente tão distante do Brasil tenha uma cultura igualmente afastada da nossa. Em razão de sua complicada localização, o Japão ficou isolado em longos períodos do contato com o mundo exterior e nos momentos de invasão, viu sua cultura sofrer influência de ideias novas procedentes do estrangeiro.

Os japoneses desenvolveram a habilidade de absorver e assumir elementos dessas culturas estrangeiras que serviam para complementar suas preferências estéticas. O resultado disso foi o desenvolvimento de uma cultura peculiar com algumas características próprias e outras emprestadas.

As manifestações artísticas mais antigas que se desenvolveram no Japão datam dos séculos VII e VIII e estão relacionadas com o budismo. As características assumidamente orientais são fortes na cultura do país, principalmente em sua arquitetura peculiar. A principal marca da arquitetura japonesa é a capacidade dos profissionais de aproveitar diversos tipos de madeira, ao contrário da arquitetura europeia que aproveitava a pedra e o tijolo como matéria prima principal.
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A madeira é forte no trabalho de um dos grandes representantes da arquitetura japonesa, Kengo Kuma. Essa tendência vem do hábito japonês de aproveitar os recursos naturais tanto na área externa como interna. Kengo Kuma costuma enaltecer o artesão japonês e a qualidade do seu trabalho com materiais naturais como dois grandes trunfos de seu país. Materiais naturais, para Kengo Kuma, estão mais próximos da essência humana e cumprem melhor a função da arquitetura de promover o bem estar.

Kuma nasceu em Yokohama, Japão, e formou-se em arquitetura pela Universidade de Tóquio. Mais tarde, mudou-se para os Estados Unidos, onde continuou seus estudos na Universidade de Colúmbia, em Nova York. Atualmente, Kuma dirige seu escritório de arquitetura Kengo Kuma & Associates (KKAA) com sede em Tóquio e Paris, além de trabalhar como professor na Escola de Pós-Graduação de Arquitetura de Tóquio.

Seu escritório emprega 150 arquitetos e é responsável por grandes projetos espalhados pelos quatro cantos do mundo. Os traços da tradicional arquitetura japonesa aliada à madeira são marcas registradas do trabalho de Kuma.

Uma de suas fontes de inspiração é o trabalho de Frank Lloyd Wright. Segundo Kuma, o arquiteto americano carregou seu trabalho de um estilo que se aproxima bastante da arquitetura tradicional japonesa. Ele traduzia a filosofia japonesa numa linguagem global e geral. “Estou a tentar fazer o mesmo que Frank Lloyd Wright, mas a meu modo”, confessou.

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