Contornos do Cerrado

Casa Cor Goiás: Contornos do Cerrado é o nome que a designer Regina Amaral batizou a varanda da mostra 2016

Foto: Joemar Bragança/Casa Cor Goiás

Foto: Joemar Bragança/Casa Cor Goiás

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e cerca de 22% está localizado em território nacional. Mais especificamente no centro-oeste. Suas características são conhecidas dos goianos: arvores tortas, galhos secos e folhas grandes. O que muitos não sabem é que nosso cerrado é considerado como um hotspots mundial de biodiversidade. Agora, imagina a riqueza do resultado de trazer para dentro da arquitetura este bioma tão importante para a geografia nacional?

A responsável por essa homenagem foi a designer de interiores Regina Amaral, que completa este ano 14 participações na exposição. Regina se declara fã das raízes locais e sempre que pode homenageia algo bem típico da cultura goiana. Na Casa Cor Goiás 2016 não foi diferente. Ao projetar a varanda da mostra, a designer colocou seus visitantes no meio de uma paisagem do cerrado.

Contornos do Cerrado é o nome que Regina escolheu para batizar seu pequeno bioma particular. A decoração do local é inspirada no período de queimadas do cerrado, quando as árvores se contorcem para se livrar do fogo, tornando-se verdadeiras esculturas.
regina2

No espaço de 90m² foram criados vários ambientes que proporcionam conforto para reunir o maior número de pessoas, como um deck com ofurô, cozinha gourmet e ambiente de estar com balanços – Tidelli vindos direto do Armazém da Decoração para criar um clima lúdico no ambiente.

Com raízes na simplicidade e comodidade, as cores que prevalecem na varanda são quentes e os materiais basicamente madeira e pedra. Esta última utilizada de forma natural como revestimento das paredes, peças únicas, com formas, cores, mesclas e tonalidades esculpidas pela própria natureza, acrescentando beleza e estilo ao ambiente.

Outro ponto de destaque são as obras do goiano DJ de Oliveira, que representam a cultura do estado. Como diferencial, a marcenaria desenhada por Regina Amaral são valorizados pela iluminação cênica e pontual. O ecossistema goiano é relembrado em cada canto e detalhe da Varanda do Cerrado, como no paisagismo feito com galhos secos de forma discreta e integrado à natureza.
regina4 regina3 regina1

Fotos: Marcus Camargo

Bailarina do palco de papel

Léo, Ba e Dani recebem, nos palcos da Sala Conceito do AZ, convidados para prestigiar a Bailarina – nova coleção assinada por Léo Romano

Casa Cr São Paulo

No palco da arte, design é convidado especial. Talvez seja por essa próxima relação que o arquiteto Léo Romano tenha ampliado, desde o início da carreira, seu campo de atuação. É que Léo não cansa de ousar. Suas criações transitam entre o design visual, de interiores, gráfico, moveleiro, entre a arquitetura e a moda – todas de mãos dadas com a arte, e, em nenhuma delas, Léo Romano deixa de manifestar seu lado inquieto e curioso.

Seu palco principal é uma folha de papel em branco e suas dançarinas são as mãos, que em um perfeito pas de deux, dão vida às linhas que surgem em sua imaginação. “Quando criança queria ser cantor ou bailarino, ficava encantado com os movimentos da dança, mas foi no desenho, timidamente, que busquei o meu caminho” contou o arquiteto. “Me encontrei em folhas brancas”.

A paixão pela dança e a beleza de seus movimentos podem não ter levado Léo para os palcos, mas fez com que o arquiteto os trouxesse para o seu palco particular. Bailarina. Esse é o nome de seu último projeto, um trabalho completo e conceitual que está sendo lançado, simultaneamente, em seus ambientes na Casa Cor Goiás e São Paulo.

Inspirado na dança de um grande balé clássico, os objetos foram construídos com pés que remetem ao formato das bailarinas. Todas de ponta, prontas para dançar em um grande corpo de baile. “A colação Bailarina reflete a busca das minhas lembranças”. Em seu palco de papel, o desenho vira móvel de madeira. “Hoje faço dos meus cadernos o melhor lugar do mundo, me renovo quando uma página vazia revela uma forma”, contou Léo.

Para o arquiteto, a materialização das linhas que dançam harmonicamente em seu palco é a recompensa de seu trabalho. “A Bailarina foi o resultado de um processo no qual artesões esculpem delicadamente uma sequencia de pernas finalizadas com pés em ponta”, explicou. Como resultado, mesa de jantar, aparador, espelho de piso e de parede se materializaram como recompensa de seu trabalho.

Em entrevista ao Blog AZ, Léo Romano explicou que sua nova criação dialoga com a coleção de móveis lançada por ele no último ano. A linha Chuva, também na madeira, trabalhou com pés que lembram os pingos d´agua caídos do céu representando, na obra final, a fluidez que remete ao nome das peças. A nova coleção tem algo de Chuva, mas a fluidez foi substituída pelos movimentos da dança.

Na moda seu trabalho também desperta o público. Há 25 anos o designer desenhava as próprias roupas e tinha uma grife de moda, há 10 lançou sua primeira coleção de joias. Hoje lança, juntamente com sua linha de móveis, nova coleção de joias com os mesmos pés de bailarina que dançam em suas mesas.

Lançamento

O Armazém da Decoração, que é palco conceito para a experimentação dos designers goianos e nacionais, recebe Léo e Bailarina (com as linhas de móveis, joias e porcelana) em um momento de celebração. Léo faz 20 anos de carreira, AZ completa 18 e juntos se unem em um abraço de afeto e ousadia.

A Sala Conceito, perfumada de histórias, afeto e atrevimento, recebe seu criador – Léo Romano assina o projeto que deu vida à Sala Conceito AZ – para mais uma linda estreia. Na noite de hoje convidados serão apresentados à Bailarina ao lado de bailarinos que dançarão a dança da vida, da alma, do design e da arte.

* O evento recebe os convidados a partir das 20 horas – indispensável apresentação do convite. A performance está marcada para as 21 horas. Dress code: preto.
leo5

Fora da cena comum

Casa Cor Goiás: os arquitetos Alex Dalcin e Tati Tavares projetaram os Banheiros Públicos da mostra 2016

 

Foto: Joemar Bragança/Casa Cor Goiás

Foto: Joemar Bragança/Casa Cor Goiás

Linhas retas e uma geometria elegante. É assim, simples e contemporâneo, que o projeto dos novatos de Casa Cor Alex Dalcin e Tati Tavares deu vida aos banheiros públicos da mostra 2016. Os 33m2 do ambiente são o resultado de uma proposta contemporânea de estilo industrial.

O mix de materiais como aço corten, ferro, cobre, madeira, PVC, vidro, cerâmica e pedras naturais reforça a identidade do projeto. A iluminação é cênica, o banheiro ganha nova vida com a combinação das luzes, das cores e da estética do ambiente.
banheiro4

E para quem pensa que em espaços públicos e mais intimistas como este não cabe arte, uma surpresa: letterings (arte em lousa) assinados pelo GOtype Coletivo Tipográfico e painéis em street art assinados pelo artista plástico Mateus Dutra dão um ar artístico às cabines. “A Casa Cor é uma oportunidade que os profissionais têm para criar tendência, por isso nos preocupamos em projetar um ambiente irreverente”, explicou Tati Tavares.

Outro charme do local são os espelhos dupla face assinados pelos próprios arquitetos. Em perfeita harmonia, estão alguns objetos de decoração importados, vindos do Armazém da Decoração, que ajudam a criar uma cena fora comum – é que o banheiro não é nada convencional.

A tecnologia e a sustentabilidade dão as mãos neste projeto ao acolher torneiras hidrogeradoras, que abrem e fecham porque possuem um sistema eletrônico capaz de armazenar a energia gerada pela própria força da água. Elas dispensam o uso de rede elétrica para acionar seu sensor. “Acreditamos que esse sistema seja ideal para reduzir custos com o uso de água, além de ser prático para residências e empreendimentos comerciais”, destacaram os profissionais.
banheiro1 banheiro2

Fotos: Marcus Camargo

A biografia da Casa Cor

Casa Cor Goiás: Meire Santos homenageia a mostra ao mesmo tempo em que celebra seus 30 anos de carreira como designer de interiores no Lounge 20…30…

Foto: Marcus Camargo

Foto: Marcus Camargo

2016 é ano de comemoração: são 30 anos de Casa Cor Brasil, 20 anos de Casa Cor Goiás e 30 anos de carreira da designer de interiores Meire Santos. Quer razão mais importante para celebrar? Meire celebra a biografia da mostra. É que seu espaço é uma verdadeiro contador de história, e a protagonista do Lounge 20…30… é a história da Casa.

Reconhecida como a maior e melhor mostra de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas, a Casa Cor conta com 19 franquias nacionais e outras cinco internacionais, além de um público anual de mais de 500 mil pessoas. Meire não poderia deixar de contar essa história, que se cruza com a sua própria: a designer fez parte de 19 das 20 edições já realizadas em Goiás.

“Todos os anos elejo alguém para homenagear e dar um norte ao meu projeto”, explicou Meire. “Em 2016, esse ‘alguém’ foi justamente a história da Casa Cor”, completou a designer enquanto mostrada as revistas de todas as edições da exposição tanto em Goiás quanto nacional espalhadas pelo ambiente.

Foto: Marcus Camargo

Foto: Marcus Camargo

Seu espaço assimila inovação, qualidade e beleza, ao mesmo tempo em que resgata a memória da exposição. No projeto, a profissional explorou texturas e mobílias cheias de boas referências reverenciando o design de qualidade. Entre elas, não poderíamos deixar de destacar duas assinadas pela própria designer.

Não é de hoje que Meire encarou a criação moveleira. O banco M. Santos foi criado alguns anos antes e volta à mostra com nova roupagem. Do outro lado do ambiente, uma escultura também leva seu nome: a árvore com dois bonecos sentados. “Essa árvore é a genealogia da Casa Cor e os bonecos representam pessoas lendo as revistas da mostra”, explicou Meire.

O cimento queimado misturado a elementos furta cor com efeitos singelos da iluminação marcam a identidade do espaço, ao mesmo tempo lúdica e elegante. Como de costume, peças da Kartell não faltam no ambiente – Meire é conhecida sempre pontuar seus projetos com peças da italiana do plástico.

Foto: Jomar Bragança/ Casa Cor Goiás

Foto: Jomar Bragança/ Casa Cor Goiás

Abrigo do conhecimento

Casa Cor Goiás: a Biblioteca da mostra 2016 foi projetada pela arquiteta e urbanista Cláudia Zuppani

claudiazupani1

Um espaço onde se coleciona informações é tão sagrado quanto o solo de uma igreja, deve ser por isso que a arquiteta Cláudia Zuppani projetou com tanto carinho a Biblioteca da Casa Cor Goiás 2016. Se buscarmos a etimologia da palavra “biblioteca”, vamos encontrar no idioma vindo da Grécia – berço do conhecimento – a palavra βιβλιοϑήκη, que é a junção de “livro” e “depósito”.

Atualmente, com o mundo digitalizado, biblioteca virou sinônimo de “sala de estudo”, os livros deixaram de ser a atração principal do ambiente e sua principal finalidade, o aprendizado, vem se perdendo. Este comportamento assusta um pouco a arquiteta. “Tenho sentido que certos valores milenares têm sido questionados, como o estudo e conhecimento, por isso criar um ambiente que têm nessas palavras sua maior inspiração é uma forma de resgatar algo de tão importante para os brasileiros”, explicou a profissional.

Conhecimento é poder, e é nesse poder que o espaço de 80m² encontrou inspiração. O ambiente é contemporâneo e despojado, um perfeito contraste entre o simples e o luxuoso. Na arquitetura, Cláudia Zuppani optou pelo resgate. “Decidi projetar um ambiente de forma a ensimermar-se”, explicou a arquiteta brincando com as palavras. “Foi um verdadeiro retorno a si mesmo, já que optei por preservar a arquitetura local e trabalhar com a beleza existente no próprio galpão que formava o prédio antes da chegada da mostra”.

Com as paredes descobertas em tijolos aparentes e o teto revestido apenas pelas telhas que forram o galpão, a arquitetura cuidou de dar ao ambiente um tom mais despojado. Ficou então a cargo da decoração o toque de luxo do espaço. O mobiliário reúne peças renomadas do design brasileiro, como a estante Jader Almeida, poltronas Lina Bo Bardi e Sérgio Rodrigo – peças vindas do Armazém da Decoração.

O ambiente é diferenciado não apenas por seu espaço acolhedor, mas também por valorizar o momento intimo ideal para ler, meditar e pesquisar. A parede com tinta própria para escrever com giz é uma homenagem ao antigo quadro negro de escola. O piso em carpete evita ruídos no ambiente, revestimento que possibilita a concentração e o aconchego essencial de uma biblioteca.

Cláudia Zuppani se diz uma amante do conhecimento, dessas que adora sentar e pesquisar. Talvez por isso não tenha brincado com as palavras apenas durante a entrevista com o Blog AZ. No ambiente, algumas frases desfilam nas paredes e Cláudia deu destaque para as maiores palavras encontradas na língua portuguesa, como “inconstitucionalissimamente”.
claudiazupani7 claudiazupani6 claudiazupani5 claudiazupani4 claudiazupani3 claudiazupani2

Texto: Bárbara Alves
Fotos: Marcus Camargo

Cozinha de Vó

Casa Cor Goiás: a cozinha da mostra 2016 ficou com os novatos arquitetos Aline Torres e Thiago Cardoso

Foto: Marcus Camargo

Foto: Marcus Camargo

O gosto da infância não é exclusividade da comida. Ambientes podem nos levar ao passado com seu design retrô. Foi com essa que os estreantes de Casa Cor Goiás Thiago Cardoso e Aline Torres projetaram o 26 m² na mostra 2016.

“Escolhemos uma abordagem que transportasse os visitantes para o aconchego das cozinha de vó, mas sem deixar de trazer para o ambiente os recursos tecnológicos necessários aos ambientes contemporâneos”, explicou Alina para o Blog AZ. O resultado foi um ambiente inteiramente vestido com detalhes que exibem personalidade e conforto em todos os cantos.

O design ficou ousado. Ao mesmo tempo em que elementos nos remetem para as cozinhas mais tradicionais, o estilo dos anfitriões contemporâneos não foi esquecido pela dupla. Na prática, o toque nostálgico foi dado pela mistura do clássico e vintage, inspirado nos espaços culinários das décadas de 1970 e 1980.

Tonalidades fortes e vibrantes de azul misturados às estampas marcantes afirmam a identidade do local. A reinvenção moderna do design do mobiliário convida para momentos de prazer em família e entre amigos.

O visual foi complementado pelo piso em porcelanato e revestimento da parede com textura de renda, criando volume irregular e exprimindo sensação de movimento por meio do efeito de luz e sombra e com o auxílio de pendentes e sancas. A mini-horta de ervas e temperos trazem vida, aromatizam e facilitam o preparo dos pratos na cozinha, agrupando funcionalidade, conforto e beleza no recinto.
24. Cozinha (1) - Crédito Jomar Bragança 24. Cozinha (2) - Crédito Jomar Bragança

Fotos: Joemar Bragança

O colecionador de memórias

Casa Cor Goiás: os arquitetos e urbanistas Heitor Arrais e Leão Ogawa assinam o Lar Office Lar em 2016

ogawaheitor1

A WGSN, uma das maiores agências de tendências do mundo, confirmou em estudo o que já se vê na prática: trabalhar em casa é a forma de trabalhar do futuro – um futuro já presente na vida de muitas pessoas. Mas trabalhar em casa não é para todos. É preciso atenção e disciplina, além de um bom espaço de trabalho que não se pareça com escritório, mas que não te faça perder a concentração.

Foi a ideia de aliar o útil ao agradável que moveu os jovens arquitetos Heitor Arrais e Leão Ogawa entorno do projeto da Casa Cor Goiás 2016. “Trabalhar em casa é uma tendência contemporânea”, explicaram os arquitetos ao Blog AZ. Talvez por isso o espaço tenha ganhado um tom igualmente contemporâneo.

Com as paredes descobertas, os designers resgataram a arquitetura do antigo edifício que hoje abriga a mostra. A história do office parte da ideia de um galpão antes existente ali, e esse passado é preservado e respeitado mesmo com a transformação do espaço. “Não precisamos da arrogância de achar que o que fazemos é melhor do que aquilo que já estava aqui”, explicou Ogawa. “Escolhemos respeitar o que existia e, a partir desses elementos, criar um novo ambiente que dialoga com o passado”.

Essa prosa entre passado e presente não foi atributo restrito à arquitetura. O ambiente é um verdadeiro colecionador de memórias, e cada peça, mobiliário e obra de arte que foram ali inseridos são carregados de significado. É que um ambiente contemporâneo, pensando a partir da perspectiva de uma atividade contemporânea, só poderia ter sido inspirado em um modelo igualmente contemporâneo. O Lar Office Lar é, ao mesmo tempo, casa e o escritório de uma pessoa que vive a vida a partir daquilo que guarda dela.

“Projetamos esse ambiente idealizando um personagem que encontrou um galpão e foi completando a sua vida dentro dele”, contou Heitor. “Cada conversa com amigos, cada viagem que fez, fotografia que tirou ou bilhete que recebeu, transformou em decoração”, completou. Para Ogawa, o ambiente é uma perfeita mistura entre o público e o privado de uma pessoa aberta para as relações humanas.

O Lar Office Lar se traduz em de 33m² de momentos de vida. O mobiliário escolhido pela dupla segue a mesma linha de identidade própria, como a cadeira Daav, de Sérgio Rodrigues e o Carrinho de Chá CMC, de Cláudia Moreira Sales – todos do Armazém da Decoração. Outra marca própria foi a obras de arte: as peças foram desenvolvidas exclusivamente para o ambiente, como uma coleção especial de Marlan Cotrim e a tela de Homero Maurício.
ogawaheitor7 ogawaheitor6 ogawaheitor5 ogawaheitor4 ogawaheitor3 ogawaheitor2

Texto: Bárbara Alves
Fotos: Marcus Camargo

O circulo do encontro

Casa Cor Goiás: a Sala de Almoço da mostra 2016 ficou por conta da designer de interiores Andreia de Sousa Carneiro e Silva

andreiacarneiro3

As horas à mesa têm ficado cada vez mais efêmeras. O tempo corrido dos tempos modernos espreme as relações interpessoais, principalmente aquelas travadas no entorno da mesa de jantar, e os momentos em família têm ficam cada vez mais curtos – e cada vez mais atrapalhados pelas novas tecnologias da informação. Poucos ousam almoçar ou jantar sem o celular na mão ou com a televisão desligada.

As consequências da modernidade líquida são o novo desafio dos arquitetos que projetam salas de jantar e foi esse desafio que deu o norte para todo o trabalho da designer de interiores Andreia de Sousa Carneiro e Silva na Sala de Almoço da Casa Cor Goiás 2016. “Meu principal objetivo foi projetar um ambiente de resgate da família, que perdeu os momentos de sentar-se junto à mesa”, explicou em entrevista ao Blog AZ.

Este ano a designer completa sua sétima participação na mostra e conseguiu fazer mágica com seus 16m² de Sala de Almoço. Para dar o tom desejado ao ambiente, convidou uma nutricionista para ajudar no projeto. Juntas conseguiram unir as ciências do design e da alimentação para criarem um ambiente poético e sensível.

Aos olhares mais atentos, não escapa a quantidades de referências redondas no ambiente: instalação de pratos na parede, mesa redonda, tapete redondo, lustres redondos e até as rodas nada discretas do Carrinho de Chá. A escolha não se deu ao acaso, a ideia da designer foi colocar no espaço formas que facilitam a interação: uma mesa redonda coloca todos de frente uns para os outros.

Outra tática da designer na busca por reviver o convívio familiar foi banir todo e qualquer aparelho eletrônico do ambiente. Protagonizam o espaço apenas conforto, funcionalidade e beleza, muito dela por conta das peças de mobiliário assinados – todas Armazém da Decoração.

A poltrona Paraty, design de Sérgio Rodrigues, é um convite ao relax pós-refeição. O charme do Carrinho de Chá JZ, designer Jorge Zalszupin, traz um ar descolado e moderno à sala que abriga também o Buffet Mondrian, assinado pelos goianos André Brandão e Márcia Varizo e espelhos Françoise Ghost Gold, design Phillip Starck para Kartell. Os espelhos modernos contrastam e compõem com as estampas do papel de parede.  A estrela do ambiente: o conjunto de mesa e cadeiras leva a assinatura de Patrícia Urquiola.

Um chame à parte foi a instalação de pratos assinada pelo artista plástico Marcos Camargo. A proposta é promover um clima agradável ao ambiente, realçando a escolha dos adornos e do mobiliário.  Além disso, a Sala de Almoço une modernidade e funcionalidade, características marcantes de Carol, a nutricionista goiana que inspirou o projeto assinado pela designer de interiores.
andreiacarneiro6 andreiacarneiro4 andreiacarneiro2 andreiacarneiro1

Texto: Bárbara Alves
Foto: Marcus Camargo

Contemporâneo de alma clássica

Casa Cor Goiás: a arquiteta e urbanista Anna Paula Melo assina o Wine Bar na mostra 2016

anapaulamelo7

O mais antigo vinhedo do mundo foi encontrado na Geórgia, na região do Cáucaso, e data da Idade da Pedra. Para os cristãos, entretanto, o vinho surgiu pelas mãos de Noé, que plantou um vinhedo e com ele produziu pela primeira vez a bebida no mundo (tudo catalogado no Velho Testamento). Já os gregos consideraram a bebida uma dádiva dos deuses.

Para nós, mais importante que a história do passado são as histórias do presente, aquelas que reunimos quando abrimos uma garrafa ao lado de amigos. Podemos dizer que são essas histórias, mais que o próprio vinho, a essência do espaço reservado a uma das bebidas mais antigas da história do mundo na Casa Cor Goiás 2016.

Em 2015 a arquiteta e urbanista Anna Paula Melo ficou responsável por projetar o espaço do restaurante da Casa, este ano o vinho foi seu ponto de partida. Em um ambiente que se parece mais com uma grande sala na casa de um amante de vinhos e livros, o Wine Bar foi concebido.

Com 100m², o ambiente é contemporâneo de alma clássica e sofisticada. Madeira, plantas, mobiliários de todos os estilos e idades são alguns dos elementos responsáveis pelo charme da “casa do Baco”. Anna Paula Melo idealizou o espaço pensando como um local para compartilhar bons momentos e celebrar a vida na companhia de amigos.

A mistura do rústico com o refinado, um hábito da arquiteta, reflete no clima que o ambiente passa para o visitante – com muita luz natural de uma beleza delicada. Podemos dizer, tranquilamente, que o Vino Bar de Anna Paula nos transporta para as vinícolas da Itália e sul da França.

O design é um destaque, com mobiliário assinado por profissionais de renome como Sérgio Rodrigues, com as poltronas e sofá Mole e cadeiras Cantú e a poltrona Butterfly de Jorge Ferrari-Hardoy – todos vindos do Armazém da Decoração. Na varanda vemos a extensão do ambiente interno, com o mesmo rústico refinado que dá o tom do lugar.
anapaulamelo3 anapaulamelo8 anapaulamelo2 anapaulamelo1 anapaulamelo6 anapaulamelo5 anapaulamelo4

Texto: Bárbara Alves
Fotos: Marcus Camargo

Um lugar para se inspirar

Casa Cor Goiás 2016: a designer de interiores Karla Cristine Oliveira assina o Refúgio do Benjamim

karlaoliveira3

O medico trabalha com uma das artes mais incompreendidas: o copo humano. Como o corpo parece uma máquina pré-programada, a inspiração não costuma ser uma palavra incluída no vocabulário médico, pelo menos não era até o dia que a designer de interiores Karla Cristine Oliveira topou o desafio de criar um espaço em parceria com a Unimed na Casa Cor Goiás.

Em sua segunda participação na mostra, a designer de interiores Karla Cristine Oliveira decidiu criar um verdadeiro refúgio para um médico bem sucedido que gosta das sete artes, “um lugar que ele pudesse se inspirar”, explicou a profissional.

Embora o ambiente seja um espaço saúde, o profissional que mais brilhou no Refúgio do Benjamim foi o arquiteto Sérgio Rodrigues. Em 2016 Karla escolheu homenagear seu ídolo. “Sérgio Rodrigues é um dos maiores nomes do design moveleiro mundial, então escolhi uma de suas peças mais icônicas para protagonizar o ambiente e batizar o espaço”, contou Karla ao apontas para a Benjamim que protagoniza o ambiente.

A Poltrona Benjamim foi uma das últimas peças do mestre do design e une, em um só trabalho, os 60 anos do design pensado, desenhado, criado e produzido por Rodrigues. A escolha de Karla não poderia ter sido mais simbólica. Sérgio tirou o projeto inédito da gaveta para lançá-lo em 2014, ano de sua morte.
karlaoliveira5

Podemos dizer seguramente que o Refúgio Benjamim, um estúdio de 27 m², é um espaço da arte. Além da arte dos móveis, como o carrinho Totó, de Isay Weinfeld; a cadeira giratória Sherlock, de Etel Carmona; poltrona Palito, de Paula Gontijo e Danilo Lopes; e do lustre italiano Caboche, das designers Patricia Urquiola e Eliana Gerotto, outras obras exclusivas se destacam no ambiente.

O revestimento cimentício com relevo, por exemplo, foi assinado por Fernanda Marques. A obra cobre uma das paredes e é um dos destaques do espaço por seu caráter versátil e contemporâneo. Em outra parede, a arte do multifacetado Marcus Camargo, intitulada “Cardíaco”, forma uma galeria exclusiva na mostra – a perfeita ligação entre a arte e a medicina. O canto oposto abriga a tela da goiana Rosy Cardoso, que fez um esboço da poltrona de Sérgio Rodrigues completando a proposta artística do estúdio.

O ambiente foi criado para atender as necessidades de um médico de sucesso, como forma de refúgio para estudos e momentos íntimos. “Quando eu tenho um projeto de criação livre, acabo desenhando para mim mesma. Na tentativa de evitar esta tendência, escolho homenagear pessoas ou personagens”, explicou a designer.
karlaoliveira6 karlaoliveira4 karlaoliveira2 karlaoliveira1

Texto: Bárbara Alves
Fotos: Marcus Camargo