Sesc 24 de Maio de Paulo Mendes da Rocha

Paulo Mendes da Rocha, que corre risco de ver uma de suas obras demolida em Goiânia, aproveita prédio antigo para construir nova sede do Sesc em São Paulo

Paulo Mendes da Rocha é um dos maiores nomes do modernismo brasileiro. O designer e arquiteto, ganhador do Pritkzer de arquitetura em 2006, está por trás de mais uma obra prima da capital paulista – sua cidade natal e sua grande paixão.

Inaugurado em meados de 2017, a nova unidade da rede Sesc, na 24 de Maio, carrega a relíquia desse modernismo que poucos, como Paulo Mendes,  sabem fazer. Quem teve a oportunidade de ver de perto, garante: o projeto é, por si só, um passeio cultural completo.

O local escolhido pelo Sesc era uma antiga loja de departamentos. Em parceria com o escritório MMBB, Paulo Mendes aproveitou a estrutura já existente do edifício e a reforçou para suportar uma piscina construída na cobertura do prédio. A piscina é a única parte realmente nova e não reformada do projeto, mas para aguentar seu peso, o escritório teve que projetar pilares que partiram no subsolo até o último andar do edifício.

Os blocos de cimentos e rampas, clássico da arquitetura de Mendes da Rocha, se misturaram em meio a estrutura de metal e vidro que cobre todo o projeto. “A graça desse projeto é que ele não é um prédio novo, é reforma de um prédio antigo, mas aproveitamos um terreno ao lado para construir um anexo que auxilia o edifício principal”, explicou o arquiteto.

Outro ponto que chama a atenção no projeto é o mobiliário interno criado por Mendes da Rocha. Os bancos e cadeiras espalhados pelo novo Sesc são feitos com chapas dobradas e finalizadas com cores. Um charme! Mas peças icônicas de Paulo Mendes também fazem parte da nova obra do designer, como a poltrona Paulistano.

“Na ocupação das cidades, novos projetos perpassam pela decisão de demolir ou não para dar espaço para o novo, nós optamos por não demolir e, de fato, deu certo”, explicou o arquiteto que, por uma triste ironia, corre o risco de ter uma de suas obras emblemáticas em Goiânia – o Jóquei Club de Goiás – demolida.

Imagens: Divulgação

Walter Gropius e a arquitetura modernista

A história de vida e trabalho de um dos grandes nomes da arquitetura do século 20

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Assim como em toda a área do pensamento e da criação, a arquitetura tem seus clássicos. Walter Gropius (1883-1969) foi um deles. Mas quando falamos em clássico não estamos nos referindo ao estilo, mas sim à força de seu trabalho. É que Gropius é considerado um dos mais importantes da arquitetura do século 20. O estilo? Bom, Walter Gropius foi um vanguardista, precursor da arquitetura moderna.

Alemão, nascido em 1883, Gropius estudou em institutos técnicos de Munique e formou-se na Universidade de Charlottenburg, em Berlim. Sua carreira profissional começou no escritório de Peter Behrens, o mesmo que lançou outros nomes já conhecidos, como o de Le Corbusier.

Em 1910, Gropius se lança em uma carreira independente interrompida pela Primeira Guerra Mundial. Nesse período, o arquiteto criou seu primeiro grande projeto, a Fagus Factory. Sua abordagem, original para a época, aproximou o profissional dos materiais que usaria sempre em seus projetos: vidro e metal. Pela primeira vez toda a fachada de um edifício foi constituída em vidro.

Fagus Factory

Fagus Factory

Em 1914, Gropius é chamado a servir no exército como oficial da cavalaria e já no fim da guerra, com apenas 35 anos, o arquiteto assume o cargo de diretor Escola de Artes Aplicadas e da Academia de Belas Artes da Saxônia. O acúmulo de funções possibilitou com que Gropius estivesse em contato com duas formas antagônicas de arte e ele aproveitou para uni-las.

Ele defendia que projetos envolvessem todas as escalas humanas. As dimensões e a complexidade da fabricação moderna passaram a exigir o trabalho colaborativo e com essa mentalidade – negando características históricas da arquitetura e das artes – Gropius fundou a Das Staatliche Bauhaus (casa de construção). Com a ajuda de artistas e arquitetos a Bauhaus lançou as bases do modernismo.

Durante o período de ascensão do Terceiro Reich, a Staatliche Bauhaus começou a sofrer ataques dos nazistas, obrigando o arquiteto a deixar a Alemanha em 1937. Refugiado nos Estados Unidos, Walter Gropius tornou-se professor da Universidade de Harvard e assumiu a direção do seu departamento de arquitetura. Foi nos EUA que passou a desenvolver arranha-céus e criar conceitos arquitetônicos que seriam exaustivamente copiados nas décadas seguintes.

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