Banksy desenha Steve Jobs em defesa dos refugiados sírios

O grafiteiro misterioso Banksy sai mais uma vez em defesa dos refugiados com sua arte de rua controversa

divulgação AFP
“A Apple é a companha mais rentável do mundo, paga mais de US$ 7 bilhões ao ano em impostos e só existe porque deixaram um jovem de Homs entrar”. É com essa frase que o controverso grafiteiro misterioso explica sua mais nova crítica social desenhada nos muros da cidade francesa de Calais.

A imagem do grafite desenhado por Banksy em Calais mostra Steve Jobs, fundador da Apple, segurando em uma mão os famosos computadores Macintosh e, na outra, um saco preto. O desenho faz alusão ao fato de que Steve Jobs imigrou da cidade de Homs, interior da Síria, para os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. “Nós somos levados a acreditar que a imigração drena os recursos dos nossos países, mas Steve Jobs era filho de um imigrante sírio”.

Banksy é um dos desconhecidos mais famosos. O artista de rua inglês espalha seu grafite pelo mundo embora ainda nunca tenha aparecido oficialmente para o público. Sua arte, sempre contestadora, ajudou a mudar o olhar das pessoas sobre a arte de rua e suas obras são cotadas a preços altíssimos.

Ultimamente, a crise dos imigrantes sírios tem ganhado a atenção do artista. Em agosto um parque de diversões abandonado próximo à cidade de Bristol, interior da Inglaterra, virou palco para o mais horripilante parque distópico da história. Batizado de Dismaland, o parque dedicou um de seus brinquedos para, com o típico humor sombrio do artista, criticar a forma como a Europa e os Estados Unidos estavam lidando com a crise migratória do Oriente Médio.

O barco, carregado de corpos Sírios mortos, foi a forma encontrada pelo artista para chamar a atenção do público do parque para o delicado assunto. Com o fim da exposição, o artista abriu o espaço para receber os imigrantes da Inglaterra. Após os atentados ocorridos em Paris no mês de novembro, quando a França anunciou fechar suas portas para os imigrantes que escolhem o país para fugir da guerra na Síria, Banksy voltou a atacar com a sua tinta.

Em outro desenho também criado nas paredes da cidade francesa, Banksy fez uma releitura do famoso quadro de pintura a óleo desenhado em 1819 por Théodore Géricault “A Balsa da Medusa”. Na versão moderna do quadro exposto no Louvre, o grafiteiro desenha os imigrantes afundando nas águas do Mediterrâneo.

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Fotos: AFP/divulgação

Dismaland: a Disneylândia distópica de Banksy

O sombrio parque de diversões de Banksy

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“São proibidas facas e tintas de spray”, explica o Mickey horripilante na entrada da “Nova atração mais decepcionante do Reino Unido” – segundo explica seu próprio slogan. Estamos no caminho de entrada para a nova atração de Banksy. A crise de imigrantes na Europa, a degradação do meio-ambiente e a corrida pelo lucro a todo custo substituíram as princesas e as montanhas russas neste parque de diversões às avessas.

O Blog AZ adora se aventurar pelo incompreendido, polêmico e encantador mundo da arte de rua, mas é o anônimo mais conhecido do movimento underground do street art que gosta de mergulhar o público em sua arte cheia de significados. Banksy, o misterioso famigerado artista britânico, inaugurou este mês seu mais novo trabalho: a Dismaland.

Ao som melancólico de uma ininterrupta trilha sonora cantada por um balão de hélio que sussurra “Eu sou um imbecil”, os visitantes são convidados a se divertir no parque distópico criado por Banksy – uma versão subversiva da Disneylândia. O projeto do artista é mais uma de obra que veio para incomodar.

A exposição foi inaugurada no final deste mês em Weston-super-Mare, litoral oeste da Inglaterra, e já recebe mais de 4 mil pessoas por dia. O grotesco parque de diversões de Banksy critica o capitalismo da sociedade contemporânea tendo como alvo o maior clichê capitalista norte-americano.

O artista brincou com o nome “Dismal” (que significa sombrio em português) para fazer um trocadilho remetendo ao nome do parque das princesas e dos contos de fadas norte-americanos.

Nas atrações, o parque inclui um passeio de barco de imigrantes ilegais e a brincadeira consiste em pilotar a patrulha que persegue e atira nas pessoas que viajam na embarcação. Qualquer semelhança com a realidade vivida pelos imigrantes europeus não é mera coincidência.

Um banco dentro do parque oferece empréstimos a juros de 5.000%… Está bom de realidade? Segundo informou um porta-voz do misterioso artista, o parque é um tipo diferente de passeio em família. “O conto de fadas acabou”, explicou ele.

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