Ernesto Neto realiza performance em Veneza

Ernesto Neto leva índios da tribo Huni Kuin para realizar performance na Bienal de Veneza

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A Bienal de Veneza ainda nem começou oficialmente e o brasileiro Ernesto Neto já deu seu show entre os pavilhões espalhados pela Giardini. A 57ª edição da bienal acontece em 2017 entre os dias 13 de maio, sábado próximo, e 26 de novembro, mas as galerias e artistas já recebem convidados durante esta semana.

Ernesto Neto é um dos artistas brasileiros mais prestigiados no resto do mundo. Seu trabalho é conceitual, performático e ligado à cultura nacional. Todas estas características causaram alvoroço em Veneza na tarde de hoje, quando o artista realizou a dança da Jiboia na companhia de seis índios da tribo Huni Kuin do Acre.

O ato foi chamado por Ernesto de “ação coletiva” em um discurso dado em inglês para o público presente de dentro da tenda de crochê feita por ele para o evento. Ao final, todos deram as mãos para fazer a Jiboia e saíram em canto pelos pavilhões em uma ação que durou cerca de meia hora.

“Estou aqui trazendo a força da arte e os índios, a força da floresta”, explicou Neto durante sua fala. Em seguida, explicou também porque os índios são igualmente artistas: “a arte para os índios é trazer força e conexão, porque o sagrado para eles está em todo lugar”.

Paulo Mendes da Rocha recebe Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza

O celebrado arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha é o ganhador do Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza 2016 pelo conjunto de sua obra

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O Blog AZ teve que apertar a tecla pause para alguns pequenos ajustes técnicos, mas o mundo não parou com ele. Durante a última semana, muita coisa aconteceu – e olha que não estamos falando de política. Na sexta-feira (6) o consagrado arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha foi anunciado ganhador do Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza pelo conjunto de sua obra.

Paulo Mendes da Rocha é um dos mais importantes representantes da geração de arquitetos modernistas e sua obra já tinha sido reconhecida internacionalmente em 2006, quando o arquiteto foi vencedor do prêmio Pritzker– segundo profissional brasileiro a ganhar o prêmio que é considerado o maior reconhecimento mundial da arquitetura.

Naquele ano, Mendes arrancou elogios do importante crítico italiano Francesco dal Co. Francesco ressaltou a originalidade de seu trabalho, bem como o fato de Paulo Mendes marcar sua obra pelo desprezo ao supérfluo. Dez anos depois, os elogios vieram do chileno Alejandro Alvarena. Alejandro dirige a Mostra Internacional de Arquitetura que ocorre durante a Bienal de Veneza 2016.

“Muitas décadas depois de construídos, seus projetos [de Mendes] resistem aos avanços do tempo, tanto em aspectos físicos quando de estilo. Essa consistência estarrecedora é consequência de sua integridade ideológica e sua genialidade estrutural”, explicou em nota o arquiteto chileno. A cerimônia oficial para a entrega do prêmio acontecerá no dia 28 de maio, no Palazzo Giustinian, em Veneza.

Paulo nasceu em 1928 em Vitória (ES), mas se juntou ao movimento chamado “escola paulista” nos anos 60 e 70 que defendia uma arquitetura “crua, limpa, clara e socialmente responsável”. Dai vem a tendência do arquiteto em dispensar de seus projetos tudo aquilo que não seja honestamente necessário. Entre suas obras mais importantes estão o Museu Brasileiro da Escultura, o ginásio do Clube Atlético Paulistano e o projeto de reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

A arquitetura de Rem Koolhaas

O arquiteto holandês ganhou espaço e fama internacional e é considerado um dos grandes representantes da arquitetura pós-moderna

Rem Koolhaas
Remment Lucas Koolhaas ou apenas Rem Koolhaas estudou cinema e televisão, mas dedicou sua vida para a arquitetura após se formar na Architectural Association School of Architecture, em Londres. Atualmente, além de ser um conceituado arquiteto, é também curador da Bienal de Veneza e professor de Harvard. Com suas obras carregadas do pós-modernismo liberal, Koolhaas assina importantes obras como a Casa da Música, em Porto, e a embaixada holandesa em Berlim.

Sua arquitetura pode ser vista nos quatro cantos do mundo e seu trabalho exige uma jornada quíntupla, já que Koolhaas possui escritórios em Nova York, Pequim, Hong-Kong, Doha e Roterdã. Após sua última visita ao Brasil em 2011, Koolhaas topou falar um pouco mais sobre nosso modernismo e a arquitetura em uma entrevista para a Folha de S. Paulo.

Ao se deixar entrevistar pela Folha de S. Paulo após um ano de trocas de e-mails e negociações entre os jornalistas do jornal brasileiro e a assessoria do arquiteto holandês, Rem Koolhaas falou sobre sua paixão pelo modernismo brasileiro e direcionou duras críticas ao arquiteto que desenhou Brasília. Para o ganhador do Pritzker em 2000, Niemeyer era um hedonista que não respeitava as regras e nem a cidade que criou.

“Podemos aprender com Brasília que algo artificial e recente pode oferecer – em um período de tempo incrivelmente curto – um ambiente urbano criativo, produtivo e instigante”, elogiou a seu modo a modernidade da cidade de Niemeyer. Quando foi falar no arquiteto, entretanto, não deixou de criticar a forma como o brasileiro se perde em um homem e para de olhar o que está por trás ou além dele. “Os brasileiros estão muito aferrados a Niemeyer”, comentou durante a entrevista para a Folha de S. Paulo. “Ele criou uma bruma que impede que olhem além da sombra de um grande homem”.

Ao criticar os últimos trabalhos do arquiteto em Brasília, Koolhaas disse acreditar que Niemeyer estava projetando sua própria caricatura em um gesto quase hedonista. Koolhaas afirma que seu investimento emocional está na arte, então não fica difícil entender porque que o arquiteto topou colaborar com a Bienal de Veneza.

Biennale di Venezia

Veneza organiza, a cada dois anos, a Bienal de Veneza com mostras de arte, cinema, dança, música, arquitetura e teatro

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A cada dois anos a bela Veneza abre seus canais para receber a Bienal de Veneza. O evento em 2014 segue cheio de programações até 23 de novembro. Cinema, arquitetura, pintura, escultura, dança, música e teatro são as atrações que atraem turistas e amantes da arte para a região de Venêto na cidade das águas.

A bienal nasceu ainda em 1895 da ideia de um grupo de intelectuais venezianos comandados pelo então prefeito da cidade. O carro chefe das primeiras edições eram as artes decorativas, até que o evento se expandiu, ganhando força internacional nas primeiras décadas do século XX. A partir de 1907, vários países começaram a instalar pavilhões nacionais nas exposições.

A Bienal é composta de seis mostras distintas com exposições em cada área do setor artístico: Mostra Internacional de Arquitetura, Exposição Internacional de Arte, Festival Internacional de Cinema de Veneza (o único com frequência anual), Festival Internacional de Dança Contemporânea, Festival Internacional de Música Contemporânea e o Festival Internacional de Teatro.

Este ano está difícil escolher uma entre todas as grandes atrações da Bienal de Arquitetura, que começou em junho e termina somente em novembro. A exposição Monditalia apresenta a paisagem síria contemporânea na Excavating the Sky. A OMA criou uma sala de cinema de 360°. O modernismo do mundo Árabe pode ser explorado no pavilhão do Barém, e olha que esses são apenas alguns exemplos do que você pode encontrar por lá.

O destaque, porém, está no trabalho do arquiteto japonês Kohki Hiranuma. Kohki projetou uma grande instalação, “Glastectrure”, em forma de concha para cercar os visitantes que circulam pelo pátio do Palazzo Mora, um prédio do século 18. A estrutura, feita com a ajuda de resina, nada mais é que um suporte de vidro dobrado.

Nada como visitar a arte da Bienal de Arquitetura de Veneza, na arte que é a própria cidade com seus palácios bizantinos, suas 100 ilhas flutuantes sobre o mar Adriático, 400 pontes, belos canais e gondoleiros cantarolando apaixonados.

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