Vamos falar de moda e de Zuzu Angel

Angel brilhou dentro das passarelas como uma das pioneiras da moda brasileira e fora dela como ativista na luta por direitos humanos

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No mês em que a Comissão Nacional da Verdade – criada pelo Governo Federal para investigar as violações aos direitos humanos durante o período da Ditadura Militar – entregou o relatório final sobre os desaparecimentos no período, o Blog AZ decidiu juntar dois assuntos que não parecem se misturar: moda e luta política. É que a coluna “Vamos falar de moda” dá destaque hoje para uma mulher que deu o que falar não apenas nas passarelas.

Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, foi estilista e acabou fazendo nome também ao lutar para encontrar seu filho, militante do grupo guerrilheiro desaparecido durante a ditadura militar no Brasil. Nascida no interior de Minas Gerais, Zuzu se mudou jovem para Belo Horizonte. Na capital começou a criar e projetar looks para suas primas.

O hobby logo virou profissão. Zuzu Angel se mudou para a Bahia e o estilo tipicamente brasileiro influenciou sua criação. A estilista acabou ganhando, mais tarde, o título de pioneira na moda brasileira. Foi nos anos 70, após muitos anos de costura e investindo, que Angel abriu sua primeira loja de roupas em Ipanema.
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Foi por meio da junção de rendas, seda, fitas, chitas e desenhos folclóricos que Zuzu Angel conseguiu criar um estilo próprio. Seus vestidos brancos eram bordados com papagaios, pássaros e borboletas fazendo da moda uma tela branca onde o Brasil era sua principal inspiração.

O campo estava aberto para novidades e Angel levou seu design peculiar para o exterior. Com ajuda de amigos e pessoas influentes, a estilista assinou desfiles nos Estados Unidos. Com experiência no exterior, Zuzu trouxe e popularizou no Brasil o termo “fashion designer”.

Em 1940 Angel conheceu o americano Norman Jones e com ele teve seu único filho, Stuart Edgar. Foi por ele que a estilista entrou em uma guerra contra o regime militar. Stuart foi assassinado pelo governo e transformado em desaparecido político. A luta de Zuzu para encontrar o corpo do primogênito cruzou as fronteiras brasileiras. A estilista realizou reuniões com diplomatas americanos e chegou a organizar desfiles em protesto pelos anos de chumbo brasileiros no exterior.
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Moda para casa

Designer Elisa Atheniense passou a integrar ao seu trabalho criações para casa e não apenas para a mulher

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Moda e mobiliário tem tudo haver e a gente sabe, mas Elisa Atheniense uniu os dois designs e hoje, além de bolsas e acessórios de moda, produz também acessórios para casa. A história da designer com a moda começou cedo. Aos 21 anos Elisa Atheniense buscou aperfeiçoamento estudando estilismo e modelagem de acessórios em Firenze, Itália.

Na moda o trabalho embalou assim que voltou da temporada de imersão na cultura do couro italiana. No Brasil, aplicou imediatamente o conhecimento adquirido e abriu sua primeira loja. O trabalho, manual, de trançar os fios de couro foi o responsável por tirar do papel os desenhos e criações da designer. No começo eram só bolsas, hoje acrescentou às suas criações peças como almofadas, mantas, tapetes e pufes.
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A preocupação da designer é com o material. Sempre de qualidade, o trabalho explora a potencialidade da matéria-prima, quase sempre o couro. Elisa Atheniense valoriza as cores e texturas do couro vacum de origem natural e trabalha minunciosamente até encontrar o acabamento perfeito em formas e medidas.

Atualmente, soma-se ao seu trabalho autoral o desenvolvimento de produtos em parceria com grandes marcas de mobiliário e design e as peças de Elisa Atheniense podem compor a decoração de sua casa. O Armazém da Decoração não poderia fechar os olhos para um trabalho tão delicado e autoral, e peças da designer podem ser encontradas em nossa loja.
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Fotos: Marcus Camargo

Vamos falar de moda e de Stella McCartney

“Vamos falar de moda” conta um pouco a história da jovem estilista que conquistou as passarelas mundiais

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Não é apenas de rock que vive a família McCartney. A filha do meio do ex Beatle Paul McCartney fez fama mundial em um palco onde, no lugar de baixos e baterias, desfilam roupas, sapatos e bolsas. Filha do roqueiro com a fotógrafa Linda McCartney, a estilista tem a arte em seu sangue e entre as fotografias de sua mãe a música de seu pai e irmão e a escultura de sua irmã, decidiu seguir o caminho das linhas, costura e desenhos.

Com nome e talento, não foi difícil para Stella chegar longe. Quando era jovem trabalhou com importantes designers do mundo das passarelas como Tom Ford, na Gucci, e Christian Lacroix. Mais tarde o nome de Stella foi escolhido para substituir nada menos que Karl Lagerfeld na francesa Chloé.
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Em outubro de 2011 Stella McCartney abriu sua primeira maison, grife de luxo que levou na marca seu próprio nome. Naquele ano a estilista assinou também seu primeiro desfile na vitrine da moda mundial: Paris. Atualmente a designer está no topo de uma rede mundial de 33 lojas independentes situadas em charmoso quartiers como o bairro SoHo, em Manhattan (NY), Palais Royal em Paris, Brompton Cross em Londres e outros em outros cantos Tóquio, Milão e Pequim.

De sua mãe herdou mais que o talento para as artes. Linda foi ativista pelos direitos animais e passou sua paixão para a filha. Vegetariana, Stella McCartney é porta-voz dos direitos dos animais e não usa pele nem couro em suas coleções. Entre perfumes, lingeries e acessórios, Stella tem experiência em vestir bem uma mulher. Sua criação dança entre o chic e o inusitado em um estilo que é único.

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Vamos falar de moda e de Karl Lagerfeld

O alemão assumiu a direção da Chanel e dita a moda em todo o mundo

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Falar de design nacional sem mencionar o nome de Sérgio Rodrigues, bossa nova sem lembrar de Tom Jobim ou pintura sem suspirar pelas obras de Picasso é um erro tão grava quando comentar sobre moda sem falar em Karl Lagerfeld. Karl é hoje o novo nome da Chanel, mas seu trabalho vai muito além que representar a Maison de Grabrielle Coco.

O alemão nasceu em 1935 na cidade de Hamburgo e se especializou no mundo da moda, embora também seja conhecido por seus trabalhos como fotógrafo, editor e diretor de cinema. Para reconhecê-lo, basta prestar atenção em seu estilo – quase marca registrada – de cabelos brancos, colarinho alto e óculos escuros.

Foi na cidade da luz que Karl se especializou em desenho e história após terminar o secundário no Liceu Montaugne de Paris. Nesse período trabalhou em alguns ateliers de renome e apresentou algumas coleções de alta costura, entretanto assinadas como Roland Karl. Nos anos 60 transitou da haute-couture ao prêt-à-porter sem muita dificuldade.

Lagerfeld começou como freelance para casa de moda francesa Chloé, em 1964, projetando algumas peças para cada coleção. Suas criações foram fazendo cada vez mais parte dos looks da marca que ele logo foi projetando toda a coleção. Sua coleção Chloé para a Primavera de 1973 ganhou as manchetes por oferecer algo ao mesmo tempo “alta moda e alta acampamento” e seu nome não parou de circular no mundo das passarelas.

Em 1983 Lagerfeld foi nomeado diretor artístico pelo conjunto de suas coleções de alta costura, prêt-à-porter e acessórios da Chanel, sobre os quais possui plenos direitos atualmente. Seu estilo inovador e cosmopolita se comprometeu em manter vivo o espírito de Coco Chanel, morta em 1971.

Tirando um pouco o foco da moda, Karl abre em 1998 a Lagerfeld Gallery, dedicada à fotografia. No campo da fotografia produziu a série Visionaire 23: Roupa Nova do Imperador, fotos nuas de modelos e celebridades. Ele também fotografou pessoalmente Mariah Carey para a capa da V magazine em 2005. Em 2004 desenhou, para a Maison Chanel, selos do santo Valentino (dia dos namorados) que foram emitidos pelos correios franceses.

Seu nome é sempre lembrado como o representante da Chanel, mas Karl realiza trabalhos onde assina apenas seu nome – sem se associar à marca. Sua capacidade de capturar, antecipar e interpretar as tendências de amanhã é infalível e seu jeito cartesiano não o fazem perder nenhuma fonte de inspiração.
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Vamos falar de moda e de Alexander Wang

Alexander Wang tem apenas 30 anos e é considerado um dos talentos mais influentes do mundo da moda atual

(Foto: Vogue)

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“Vamos falar de moda” foca hoje em um jovem talento do design das passarelas. Jovem dentro e fora da moda, já que Alexander Wang tem apenas 30 anos de idade. O americano é diretor artístico da Balanciaga – maison de moda criada pelo espanhol Cristóbal Balenciaga e incorporada ao grupo Gucci em 2001 – e é considerado um dos talentos mais influentes do mundo da moda atual.

Depois de sua chegada a Nova York as portas do mundo fashion não pararam de se abrir para o jovem de então 19 anos. Na cidade que nunca dorme, Alexander Wang passou os dias e noites acordado estudando design na Persons The New School For Design. Em 2005, após dois anos em Persons, Wang lançou sua primeira coleção assinada, uma linha de roupas de malha.

No outono de 2007, Wang apresentou a coleção prêt-à-porter de roupas femininas na passarela de Nova York pela primeira vez e o resultado foi um sucesso. A crítica passou a conhecer seu nome e seu caimento. No ano seguinte ele recebeu seu primeiro grande prêmio, o Council of Fashion Designers of America em parceria com a revista Vogue (CFDA/Vogue), uma honra acompanhada da quantia de US$ 20.000 para expandir sua empresa.

Já com nome consolidado no fechado mercado da moda, Alexander Wang criou algumas coleções assinadas por sua empresa até se juntar a Balenciaga em 2012. Com um olhar mais ousado, bem diferente do design tradicional do fundador da marca, Wang deu nova cara para a empresa. Em 2013 abriu duas novas flagships da marca no charmoso bairro de SoHo, em Nova York, com um design muito distante daquele desenvolvido pelo espanhol Cristóbal Balenciaga.

Outra parceria de Wang que deu o que falar nas paginas das revistas de moda foi sua assinatura para alguns looks da nova coleção da H&M. Várias peças de estilo esportivo, em preto, branco e cinzento, e um vestido preto que pretende reinventar o corte clássico, compuseram o editorial apresentado pela Vogue holandesa que tirou o véu do suspense do resultado dessa parceria.

Alexander Wang para H&M

Alexander Wang para H&M

Flaship Balenciaga em SoHo (NY)

Flaship Balenciaga em SoHo (NY)

Gabrielle Coco e Chanel

“Sou contra a moda que não dure. É o meu lado masculino. Não consigo imaginar que se jogue uma roupa fora, só porque é primavera.” Coco Chanel

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Moda é muito mais que o corte de um tecido ou a escolha das cores para a próxima estação. Muitas vezes moda é a expressão de um período ou a liberdade de uma mulher; para mostrar essa outra faceta do design das passarelas, a coluna “Vamos falar de moda?” se inicia com a estilista que mais traduz essa ideia: Gabrielle Coco Chanel. Para muitas feministas parece contraditório dizer que moda liberta a mulher, mas Coco Chanel fez justamente isso, libertou a mulher.

Em um período de extravagância, Coco – apelido que herdou de seu pai – arrancou os espartilhos, se livrou das penas e resolveu apostar em um estilo sóbrio. Para a estilista “a moda passa, mas o estilo permanece” e o clássico da Chanel parece que nunca se perderá. No mundo patriarcal da primeira metade do século 20, Coco Chanel resolveu que no lugar de usar as roupas que os homens escolhiam para as mulheres, elas deveriam ousar. Sua criação, que hoje é a representação máxima do luxo, um dia foi a marginalidade original de uma mulher à frente de seu tempo.

Gabrielle Bonheur Chanel nasceu no dia 19 de agosto de 1883 em Saumur, interior da França, e se mudou para Paris quando tinha apenas 16 anos. Junto com a prima, fugiu do internado e trabalhou como costureira em uma loja de enxovais. Na noite parisiense, com pouco mais de 20 anos, Coco se arriscava a cantar e dançar. Em uma de suas performances, conquistou o socialite Etienne Balsan.
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Balsan tinha herdado, além do nome, uma fábrica de tecidos. Levou Chanel para sua casa de campo, onde criava cavalos, e apresentou a pequena mademoiselle ao mundo. Foi ali que Coco Chanel tirou do guarda-roupa – masculino – suas principais criações. Blusa inspirada no uniforme de marinheiros, calças para montaria e os lenços que mais pareciam gravatas desenhados por Chanel assustou o público conservador que frequentava as festas de Balsan.

Depois de se livrar do espartilho e terminar o romance, Coco Chanel voltou para Paris, onde conheceu seu grande amor. O milionário inglês Arthur Capel ajudou Coco a abrir a sua primeira loja de chapéus que se tornaria um sucesso com direito a anúncios nas famosas revistas de moda de Paris. Capel morreu meses mais tarde em um acidente de carro. Com o nome circulando na alta sociedade, Chanel abriu sua primeira casa de haute-couture.

Neste período, Chanel conheceu muitos artistas importantes, tais como Pablo Picasso, Luchino Visconti e Greta Garbo. Suas roupas já eram vestidas pelas celebridades Hollywoodianas e seu nome começou a refletir o luxo clássico de suas criações. Coco Chanel criava para si mesma. A estilista dizia que nunca fez roupa para os outros, “elas é que queriam tudo que eu usava. Jamais fiz um vestido que não fosse para mim. Se me copiavam, é porque eu tinha razão”. Em 1921 seu sucesso chegou no auge com a criação da fragrância Chanel nº 5.

O perfume foi criado por Ernest Beaux a pedido de Gabrielle Chanel, que sugeriu: “Um perfume de mulher com cheiro de mulher”. Dentro de um frasco art décoo Chanel nº 5 – seu número da sorte – foi o primeiro perfume sintético desenvolvido por uma mulher. Com todos os autos e baixos que enfrentou na vida e na carreira, Chanel levou seu nome para o mundo – junto com suas criações. A estilista morreu em 1971 aos 88 anos de idade no Hôtel Ritz Paris. Atualmente a direção geral da marca é função do estilista alemão Karl Lagerfeld.

Lagerfeld, que embora tenha entrado no mercado carregando um estilo ousado, casou bem com a proposta da Chanel. A marca continua apostando nos clássicos criados por Gabrielle Coco como os vestidos pretos, as blusas listradas e bolsas com alças douradas, porém ousando sempre apostar no estilo e liberdade da mulher à frente de seu tempo.

Desfile Chanel 2013 em Paris

Desfile Chanel 2013 em Paris

Desfile Chanel 2012 em Paris

Desfile Chanel 2012 em Paris

Vamos falar de moda?

Blog AZ começa a falar também sobre moda com uma série de reportagens semanais sobre designers que fazem e fizeram história

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O mundo globalizado globalizou a moda e as tendências que eram ditadas pelas grandes maisons, agora são feitas dentro de casa. Cada um tem o seu estilo e pronto. “A moda hoje está enfrentando um novo desafio, as pessoas não buscam na moda as tendências das marcas, elas consomem as roupas que enquadram em seu estilo próprio” explicou Giovanni Frasson, Diretor de Moda da Vogue Brasil durante o Vogue Fashion’s Night Out Goiânia.

O evento, que encerrou na capital goiana a edição de 2014, acontece mundialmente desde 2009, quando Paris abriu suas ruas para falar de moda. No Brasil, a Vogue Fashion’s Night Out foi realizada nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Vitória e Goiânia e integra o evento internacional que acontece anualmente em 19 países, com o total de 30 capitais espalhadas por quatro continentes.

O papo sobre moda não poderia vir em melhor momento. Estudar o design é perceber que eles se encontram em todas as suas vertentes. Moda e mobiliário parecem estar distantes, mas se cruzam quando entendemos que ambos fazem parte de como queremos nos apresentar ao mundo – fora que é impossível não perceber a arte por trás do trabalho de um designer, independente desse profissional estar desenhando um vestido ou uma poltrona.

As pessoas globalizadas podem até criam seus looks com algumas peças do guarda roupa e uma olhada consultiva no instagram, mas não deixam de beber sua criatividade em clássicos da moda que nunca vão morrer. É com a intenção de falar mais sobre esse novo momento vivido pelo design que o Blog AZ começa uma série de reportagens sobre o universo da moda. Vamos passear pelos designers que estão super expressivos mundo afora sem deixar de falar também naqueles que marcaram época.

Made in Pernambuco

Jailson Marcos fez nome com o artesanato com status de alta costura de suas sandálias e sapados

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Você pode simplesmente calçar um sapato eu colocar o design no pé. Se optar pela segunda alternativa, deve ser apresentado para o potiguar erradicado em Pernambuco mais badalado da moda atual. Jailson Marcos vem transformando madeira, couro, veludo e até metal e ferro em criativos sapatos e sandálias há mais de 15 anos e seu talento recebeu o reconhecimento de grandes nomes do design nacional e internacional.

O atelier de Jailson define seu trabalho como a tradição artesanal com status de alta costura. O designer já desfilou em importantes eventos do mundo da moda, como a São Paulo Fashion Week e seus calçados estão fazendo sucesso nos pés de famosos. Jailson Marcos definiu seu trabalho como a busca pela essência da moda regional. “Acompanho muitos trabalhos feito aqui e priorizo a essência da nossa cultura”, explicou. “Meu trabalho pensa a moda dentro de uma cultura regional”.
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Os traços saídos de uma folha de papel e transformados em realidade na pequena fábrica montada no fundo do atelier do designer são únicos. Basta um olhar para reconhecer um sapato ou sandália do designer. “São nos traços dos desenhos que sempre surge uma ideia e é com ela que busco atingir a minha missão, o diferencial”, contou Jailson Marcos.

O designer alcançou o objetivo. Suas peças são muito diferentes dos sapatos das grandes vitrines da moda. Jailson faz um exercício de modelagem das peças para que cada sapado de seu atelier encontre o formato do pé. A delicadeza do resultado une beleza e conforto para a parte do corpo que mais apanha do cansaço na correria do dia-a-dia.

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Fotos: Divulgação

 

Elegante, porém normal

Semana da moda de Paris evidencia uma tendência que está tomando conta da moda e do design atual: mais elegância, menos exagero, mais simplicidade

Karl Lagerfeld para a Chanel (Foto: divulgação - Stephane Mahe)

Karl Lagerfeld para a Chanel (Foto: divulgação – Stephane Mahe)

Com a tecla pause no modo on, vamos mudar o foco da pauta de hoje do nosso Blog e fazer um passeio pelo mundo da moda no dia que encerra o Paris Feshion Week. Mas acho que o leitor vai perdoar nosso desvio, pois moda e design têm tudo haver e vamos provar.

A moda das passarelas pode até não estar completamente dissolvida em nosso cotidiano, mas a proposta para 2014/2015 da semana da moda mais importante do mundo é quebrar com esse paradigma. Depois de uma onda de extravagância com muito brilho, cor e estampa, está na hora de tirar do fundo do guarda roupas o jeans há muito tempo esquecido e retomar a normalidade nos padrões das vestimentas.

Foi com o “supermercado da moda” de Karl Lagerfeld que a Chanel deu seu recado. A grife francesa abriu o penúltimo dia da semana de moda de Paris na terça-feira (4) com a reconstrução, sob o telhado de vidro do Grand Palais, de um supermercado em um espaço de 13 000 m² com 100 000 falsos produtos de compra. O estilista deixou bem claro sua dupla intenção: aliviar o peso fashion na moda cotidiana e criticar a forma como a arte tem sido apresentada no mundo pós-moderno.

Supermercado da moda por Chanel (Foto: divulgação - Patrick Kovarik)

Supermercado da moda por Chanel (Foto: divulgação – Patrick Kovarik)

“Eu tive essa ideia em um passeio pela decoração de uma galeria de arte”, contou Karl Lagerfeld. “Eu pensei, já que a arte se tornou um grande supermercado, é melhor fazê-la dentro de um” completou o designer. Mas o tom crítico não foi a única motivação da Chanel, que chamou a atenção para uma tendência que está tomando conta da moda atual, a lógica do conforto. “Falamos em uma igualdade de gênero, mas uma mulher nunca vai se sentir igual ao homem enquanto estiver nos pés grandes e desconfortáveis saltos. Elas precisam de sapatos baixos, e por isso colocamos as modelos de tênis”, explicou Lagerfeld.

(Foto: divulgação - Benoit Tessier)

(Foto: divulgação – Benoit Tessier)

A Chanel não foi a única. A semana de Paris trouxe calças e tops, além das tradicionais jaquetas, leggings e tênis para o palco da moda. A Celine de Phoebe Philo também apostou no conforto com sobreposição de casacos e saias de cintura alta. A inglesa Stella McCartney entrou nos looks esportivos e vestidos curtos. Elegante, porém normal.

Com os pés no chão, os estilistas de todo o mundo entraram 2014 buscado a racionalidade da moda, direto das passarelas para o guarda roupas do século XXI. Mas a pergunta permanece: em que isso tem haver com design e decoração?

Podemos dizer que as tendências da arte caminham de mãos dadas. A moda do design também é ser confortável e elegante, mas de um jeito normal. Os designers estão buscando em suas criações traços mais sóbrios que iluminem um ambiente sem exageros. Tudo muito elegante, tudo muito normal.

Desfile Saint Laurent (Foto: divulgação - Michel Euler)

Desfile Saint Laurent (Foto: divulgação – Michel Euler)

 

Histórias na Garagem e nas prateleiras

Histórias na Garagem transforma sonhos e poesias em moda e decoração

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É difícil achar uma definição para a poesia delicada das gêmeas Tina e Lui. As irmãs materializaram sonhos em traçados, recortes e encaixes. Aproveitaram as memórias de ofício e as técnicas tradicionais do artesanato para criar objetos de moda e decoração que mais parecem obras de arte.

Em 1997 as arquitetas criaram oficinas para qualificar e capacitar artesãos do Rio Grande do Sul e com o apoio do Sebrae tornar seus produtos mais atrativos e competitivos no mercado. Designers começaram a trabalhar de mãos dadas com aqueles que usam as mãos para trabalhar. A parceria deu jogo. Do sucesso surgiu a loja Histórias na Garagem, que desde 2011 hospeda, em Porto Alegre, tudo que é produzido pelo projeto.
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O objetivo era simples: resgatar a identidade cultural do país e transformá-la em peças de decoração, mas o resultado foi bem mais longe. O Histórias na Garagem conseguiu fazer um trabalho que resgata a trajetória de vida e trabalho dos artesãos não só do sul, mas de diversos pontos do Brasil e de outros países.
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A rua Feliz da Cunha ganhou mais uma garagem cheia de histórias para contar em meio as suas antigas construções, e essas histórias não são faladas nem cantadas. Os protagonistas da vez são bancos, bolsas, echarpes, bijuterias e roupas. É um trabalho inovador e muito criativo que busca contar a história dos artesãos e do artesanato através de seus produtos expostos nas prateleiras.
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