Vamos falar de moda e de Ronaldo Fraga

Ronaldo Fraga conquistou espaço na moda mundial por meio de suas traduções da cultura local

Ronaldo Fraga
Porque moda não se faz só na Champs-Elysée ou nas passarelas da Paris ou da New York Fashion Week. O Brasil está cheio de grandes talentos e Ronaldo Fraga é um deles. Ao contrário de muitos que tiveram alguma influência, Fraga simplesmente virou estilista. Nascido em Belo Horizonte, o mineiro sabia desenhar e usou suas habilidades para investir e vestir a moda.

Sem mãe costureira ou tia bordadeira, seguiu os caminhos habituais das cadeiras da faculdade e se formou estilista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Seguiu para Nova York após ser o ganhador de um concurso da empresa Têxtil Santista e fez um curso de moda na Parson’s School.
10806199_717868561627761_6035212371196592286_n

Sua carreira acadêmica seguiu mais algumas milhas até pousar em Londres. Na cidade europeia aprendeu chapelaria na Saint Martins e, junto com o irmão, abriu uma pequena produção de chapéus vendidos nas famosas feiras de Camden Town e Portobello.

As cores, os cortes e a costura: é nessa linha que trabalha Ronaldo Fraga. Suas coleções são conhecidas por levarem para as passarelas a cultura brasileira. O designer se inspira na arte popular e interpreta a cultura local para criar suas peças. Já foram temas de coleções a obra de Cândido Portinari, a caatinga brasileira e a arte nordestina.
10678787_687202058027745_1076596741940152957_n

Longe de casa, o estilista brasileiro levou para as passarelas do Design Museum, em Londres, no último ano a coleção “Carne Seca ou um turista aprendiz em terra áspera”. Ao lado de marcas como Prada e Dior, a coleção de Fraga levou para o estrangeiro a diversidade da moda brasileira na exposição Designs of The Year 2014.

São por razões como essas que o trabalho de Ronaldo Fraga já cruzou fronteiras. Conhecido por suas belas traduções, para a linguagem da moda, da cultura brasileira o estilista representa o Brasil em diversos eventos pelo mundo. Seu estilo de estamparia, cores e ousadia o colocou no topo.
10432977_711626672251950_7881788378326242721_n 10368204_717599568321327_598080740829703796_n

Vamos falar de moda e de Zuzu Angel

Angel brilhou dentro das passarelas como uma das pioneiras da moda brasileira e fora dela como ativista na luta por direitos humanos

zuzu-angel-exposicao-itau-cultural-interna-04

No mês em que a Comissão Nacional da Verdade – criada pelo Governo Federal para investigar as violações aos direitos humanos durante o período da Ditadura Militar – entregou o relatório final sobre os desaparecimentos no período, o Blog AZ decidiu juntar dois assuntos que não parecem se misturar: moda e luta política. É que a coluna “Vamos falar de moda” dá destaque hoje para uma mulher que deu o que falar não apenas nas passarelas.

Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, foi estilista e acabou fazendo nome também ao lutar para encontrar seu filho, militante do grupo guerrilheiro desaparecido durante a ditadura militar no Brasil. Nascida no interior de Minas Gerais, Zuzu se mudou jovem para Belo Horizonte. Na capital começou a criar e projetar looks para suas primas.

O hobby logo virou profissão. Zuzu Angel se mudou para a Bahia e o estilo tipicamente brasileiro influenciou sua criação. A estilista acabou ganhando, mais tarde, o título de pioneira na moda brasileira. Foi nos anos 70, após muitos anos de costura e investindo, que Angel abriu sua primeira loja de roupas em Ipanema.
2537357092

Foi por meio da junção de rendas, seda, fitas, chitas e desenhos folclóricos que Zuzu Angel conseguiu criar um estilo próprio. Seus vestidos brancos eram bordados com papagaios, pássaros e borboletas fazendo da moda uma tela branca onde o Brasil era sua principal inspiração.

O campo estava aberto para novidades e Angel levou seu design peculiar para o exterior. Com ajuda de amigos e pessoas influentes, a estilista assinou desfiles nos Estados Unidos. Com experiência no exterior, Zuzu trouxe e popularizou no Brasil o termo “fashion designer”.

Em 1940 Angel conheceu o americano Norman Jones e com ele teve seu único filho, Stuart Edgar. Foi por ele que a estilista entrou em uma guerra contra o regime militar. Stuart foi assassinado pelo governo e transformado em desaparecido político. A luta de Zuzu para encontrar o corpo do primogênito cruzou as fronteiras brasileiras. A estilista realizou reuniões com diplomatas americanos e chegou a organizar desfiles em protesto pelos anos de chumbo brasileiros no exterior.
zuzu-angel-exposicao-itau-cultural-interna-02 sp-fashion-week-zuzu-angel-volta-as-passarelas-1

Vamos falar de moda e de Stella McCartney

“Vamos falar de moda” conta um pouco a história da jovem estilista que conquistou as passarelas mundiais

stel
Não é apenas de rock que vive a família McCartney. A filha do meio do ex Beatle Paul McCartney fez fama mundial em um palco onde, no lugar de baixos e baterias, desfilam roupas, sapatos e bolsas. Filha do roqueiro com a fotógrafa Linda McCartney, a estilista tem a arte em seu sangue e entre as fotografias de sua mãe a música de seu pai e irmão e a escultura de sua irmã, decidiu seguir o caminho das linhas, costura e desenhos.

Com nome e talento, não foi difícil para Stella chegar longe. Quando era jovem trabalhou com importantes designers do mundo das passarelas como Tom Ford, na Gucci, e Christian Lacroix. Mais tarde o nome de Stella foi escolhido para substituir nada menos que Karl Lagerfeld na francesa Chloé.
SL_140821_W14-OCOGBlock4_mini

Em outubro de 2011 Stella McCartney abriu sua primeira maison, grife de luxo que levou na marca seu próprio nome. Naquele ano a estilista assinou também seu primeiro desfile na vitrine da moda mundial: Paris. Atualmente a designer está no topo de uma rede mundial de 33 lojas independentes situadas em charmoso quartiers como o bairro SoHo, em Manhattan (NY), Palais Royal em Paris, Brompton Cross em Londres e outros em outros cantos Tóquio, Milão e Pequim.

De sua mãe herdou mais que o talento para as artes. Linda foi ativista pelos direitos animais e passou sua paixão para a filha. Vegetariana, Stella McCartney é porta-voz dos direitos dos animais e não usa pele nem couro em suas coleções. Entre perfumes, lingeries e acessórios, Stella tem experiência em vestir bem uma mulher. Sua criação dança entre o chic e o inusitado em um estilo que é único.

colecao-stella-mccartney-cea-precos-5 desfile-lanvin-resort-2014-09

Gabrielle Coco e Chanel

“Sou contra a moda que não dure. É o meu lado masculino. Não consigo imaginar que se jogue uma roupa fora, só porque é primavera.” Coco Chanel

coco-chanel-style-620km093012
Moda é muito mais que o corte de um tecido ou a escolha das cores para a próxima estação. Muitas vezes moda é a expressão de um período ou a liberdade de uma mulher; para mostrar essa outra faceta do design das passarelas, a coluna “Vamos falar de moda?” se inicia com a estilista que mais traduz essa ideia: Gabrielle Coco Chanel. Para muitas feministas parece contraditório dizer que moda liberta a mulher, mas Coco Chanel fez justamente isso, libertou a mulher.

Em um período de extravagância, Coco – apelido que herdou de seu pai – arrancou os espartilhos, se livrou das penas e resolveu apostar em um estilo sóbrio. Para a estilista “a moda passa, mas o estilo permanece” e o clássico da Chanel parece que nunca se perderá. No mundo patriarcal da primeira metade do século 20, Coco Chanel resolveu que no lugar de usar as roupas que os homens escolhiam para as mulheres, elas deveriam ousar. Sua criação, que hoje é a representação máxima do luxo, um dia foi a marginalidade original de uma mulher à frente de seu tempo.

Gabrielle Bonheur Chanel nasceu no dia 19 de agosto de 1883 em Saumur, interior da França, e se mudou para Paris quando tinha apenas 16 anos. Junto com a prima, fugiu do internado e trabalhou como costureira em uma loja de enxovais. Na noite parisiense, com pouco mais de 20 anos, Coco se arriscava a cantar e dançar. Em uma de suas performances, conquistou o socialite Etienne Balsan.
chanel-wallpaper-3d-logo-685x320

Balsan tinha herdado, além do nome, uma fábrica de tecidos. Levou Chanel para sua casa de campo, onde criava cavalos, e apresentou a pequena mademoiselle ao mundo. Foi ali que Coco Chanel tirou do guarda-roupa – masculino – suas principais criações. Blusa inspirada no uniforme de marinheiros, calças para montaria e os lenços que mais pareciam gravatas desenhados por Chanel assustou o público conservador que frequentava as festas de Balsan.

Depois de se livrar do espartilho e terminar o romance, Coco Chanel voltou para Paris, onde conheceu seu grande amor. O milionário inglês Arthur Capel ajudou Coco a abrir a sua primeira loja de chapéus que se tornaria um sucesso com direito a anúncios nas famosas revistas de moda de Paris. Capel morreu meses mais tarde em um acidente de carro. Com o nome circulando na alta sociedade, Chanel abriu sua primeira casa de haute-couture.

Neste período, Chanel conheceu muitos artistas importantes, tais como Pablo Picasso, Luchino Visconti e Greta Garbo. Suas roupas já eram vestidas pelas celebridades Hollywoodianas e seu nome começou a refletir o luxo clássico de suas criações. Coco Chanel criava para si mesma. A estilista dizia que nunca fez roupa para os outros, “elas é que queriam tudo que eu usava. Jamais fiz um vestido que não fosse para mim. Se me copiavam, é porque eu tinha razão”. Em 1921 seu sucesso chegou no auge com a criação da fragrância Chanel nº 5.

O perfume foi criado por Ernest Beaux a pedido de Gabrielle Chanel, que sugeriu: “Um perfume de mulher com cheiro de mulher”. Dentro de um frasco art décoo Chanel nº 5 – seu número da sorte – foi o primeiro perfume sintético desenvolvido por uma mulher. Com todos os autos e baixos que enfrentou na vida e na carreira, Chanel levou seu nome para o mundo – junto com suas criações. A estilista morreu em 1971 aos 88 anos de idade no Hôtel Ritz Paris. Atualmente a direção geral da marca é função do estilista alemão Karl Lagerfeld.

Lagerfeld, que embora tenha entrado no mercado carregando um estilo ousado, casou bem com a proposta da Chanel. A marca continua apostando nos clássicos criados por Gabrielle Coco como os vestidos pretos, as blusas listradas e bolsas com alças douradas, porém ousando sempre apostar no estilo e liberdade da mulher à frente de seu tempo.

Desfile Chanel 2013 em Paris

Desfile Chanel 2013 em Paris

Desfile Chanel 2012 em Paris

Desfile Chanel 2012 em Paris