Como a Covid-19 pode desafiar a arquitetura

Muitos de nós não imaginávamos que epidemias pudessem ressurgir em pleno século 21. Mas, a crise causada pela Covid-19 nos mostra que ainda somos (e muito) suscetíveis. Em meio a tantas incertezas, uma coisa é consenso entre todos os cientistas e estudiosos: a nossa vida não será mais como antes. Essa pandemia irá modificar nosso cotidiano em todos os aspectos, inclusive na arquitetura.

Muito do que conhecemos nas casas hoje, pode exemplo, se deu a partir da ocorrência de epidemias dos séculos 19 e 20, como a da Gripe espanhola, tuberculose, varíola e outras. Nessa época, médicos e sanitaristas perceberam que as cidades estavam crescendo exponencialmente, mas sem higienização adequada, o que aumentava os surtos epidêmicos. Em nome da saúde, teve início o movimento “higienista”.

Mudanças do passado

Posteriormente, o movimento higienista passou a ser visto como discriminatório, pois acabava excluindo os mais pobres dos espaços urbanos. De toda forma, os novos hábitos de higiene permaneceram e influenciaram na arquitetura das moradias. Ambientes sem ventilação, por exemplo, eram muito comuns, mas foram proibidos devido à falta de circulação de ar, então janelas passaram a fazer parte de todos os cômodos.

A ciência ainda não entendia exatamente quais os fatores de disseminação dos vírus, mas era sabido que ambientes mal ventilados e pouco ensolarados estavam entre eles. Então, parte das regras de construção focava em ventilação e luz natural. Esse movimento também ocorreu no Brasil, após a chegada da Gripe espanhola, em 1918.

Os lavabos surgiram para que a família não tivesse que dividir o banheiro com visitantes. Além disso, um banheiro na entrada da casa incentivava a lavagem das mãos, essencial (ainda hoje) para a não-propagação de doenças. Os azulejos de cozinha se popularizaram porque facilitam a visualização de sujeiras, tornando a limpeza mais prática.

O que poderá ser diferente

Mesmo com as medidas de isolamento sendo afrouxadas, sabe-se que a população terá que redobrar o cuidado com a higiene por mais tempo. Provavelmente, alguns cuidados se tornarão hábitos e serão norteadores para o design. Aqui no Brasil, por exemplo, não tínhamos o costume de tirar os sapatos ao chegar em casa. Por isso, essa recomendação tem dado certo trabalho: não há um lugar para colocar os calçados.

Talvez, a lição venha com o Japão, onde cada casa possui um “genkan”, um local na entrada, com um tapete, onde os sapatos são trocados por pantufas. Outra ideia útil seria colocar um banheiro o mais próximo possível da entrada, para que a higienização e a troca de roupa sejam feitas antes que a pessoa tenha qualquer contato com quem está em casa.

Menos ar-condicionado e mais janelas abertas, maior investimento em áreas verdes, displays de álcool em gel por todos os lados… Não importam as suposições, é certo que essa epidemia exigirá soluções inovadoras da arquitetura e do design. Além de estarem mais conectadas às suas casas, após a crise as pessoas estarão ansiosas para aproveitar a cidade. Ou seja, se todos aprendermos com a dificuldade, saberemos dar mais valor aos espaços que ocupamos, sejam eles individuais ou públicos.

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