Baú de criatividade

Casal de arquitetos projeta um home Office dentro do baú velho de caminhão de carga

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Sabe quando a casa parecia grande, mas no fim ficou apertada demais ou quando a família aumenta e acaba faltando cômodos? Andre Lattari e Daniela Oliveira arrumaram uma solução criativa para resolver a questão. O paulistano André e a mineira Daniela se conheceram na baiana e decidiram fazer da bela Trancoso seu lar.

Há pouco mais de oito anos, o jornalista André Lattari saiu da capital paulista para gerenciar um empreendimento hoteleiro no charmoso vilarejo. A arquiteta Daniela Oliveira chegou à cidade pouco depois, vinda do interior de Minas Gerais, para trabalhar no projeto de André. O resto na história se resume em romance. O casal acabou montando um escritório de arquitetura e uma casa, onde moram juntos há seis anos.
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A parede de barro na sala de estar, fôrmas de madeira usadas na moldura do sobrado, piscina com borda infinita e vista para uma das mais belas cidades do litoral sul da Bahia não são as únicas características da propriedade que chamam a atenção. É que com o sobrado sempre cheio o casal decidiu construir um Office do lado de fora da casa, em um baú de caminhão.

A ideia era aproveitar o amplo espaço do quintal e a lata velha que estava sendo vendida a R$1.800,00 em um depósito da região.  “Estava deteriorado, mas, por causa da maresia daqui, o corpo de alumínio era ideal”, explicou André sobre o estado dos restos do automotor.

Ficou por conta de um serralheiro a tarefa de desamassar a estrutura e recortar janelas na busca de ar e iluminação para o canto que seria o refúgio de criação do casal. O conforto térmico veio com a instalação do forro isolante de placas de poliestireno expandido (EPS) de 3 cm de espessura  e o revestimento de madeira. A criatividade rendeu um espaço aconchegante e destaque para o trabalho da Vida de Vila e Ar Construtora, empresa comandada por André e Daniela.

Vamos falar de moda e de Ronaldo Fraga

Ronaldo Fraga conquistou espaço na moda mundial por meio de suas traduções da cultura local

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Porque moda não se faz só na Champs-Elysée ou nas passarelas da Paris ou da New York Fashion Week. O Brasil está cheio de grandes talentos e Ronaldo Fraga é um deles. Ao contrário de muitos que tiveram alguma influência, Fraga simplesmente virou estilista. Nascido em Belo Horizonte, o mineiro sabia desenhar e usou suas habilidades para investir e vestir a moda.

Sem mãe costureira ou tia bordadeira, seguiu os caminhos habituais das cadeiras da faculdade e se formou estilista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Seguiu para Nova York após ser o ganhador de um concurso da empresa Têxtil Santista e fez um curso de moda na Parson’s School.
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Sua carreira acadêmica seguiu mais algumas milhas até pousar em Londres. Na cidade europeia aprendeu chapelaria na Saint Martins e, junto com o irmão, abriu uma pequena produção de chapéus vendidos nas famosas feiras de Camden Town e Portobello.

As cores, os cortes e a costura: é nessa linha que trabalha Ronaldo Fraga. Suas coleções são conhecidas por levarem para as passarelas a cultura brasileira. O designer se inspira na arte popular e interpreta a cultura local para criar suas peças. Já foram temas de coleções a obra de Cândido Portinari, a caatinga brasileira e a arte nordestina.
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Longe de casa, o estilista brasileiro levou para as passarelas do Design Museum, em Londres, no último ano a coleção “Carne Seca ou um turista aprendiz em terra áspera”. Ao lado de marcas como Prada e Dior, a coleção de Fraga levou para o estrangeiro a diversidade da moda brasileira na exposição Designs of The Year 2014.

São por razões como essas que o trabalho de Ronaldo Fraga já cruzou fronteiras. Conhecido por suas belas traduções, para a linguagem da moda, da cultura brasileira o estilista representa o Brasil em diversos eventos pelo mundo. Seu estilo de estamparia, cores e ousadia o colocou no topo.
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Vamos falar de moda e de Roberto Cavalli

Roerto Cavalli apostou em um estilo sensual e conquistou a Ilália e o mundo com seus vestidos estanpados

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Extravagante, sexy e elegante. Foi com essas três palavras que o estilista italiano Roberto Cavalli fez nome no mundo da moda e do tapete vermelho. Seus vestidos compridos foram os responsáveis por fazer brilhar grandes estrelas hollywoodianas em premiações que mais parecem desfile de moda. Cavalli nasceu em Florença, Itália, em uma família aristocrata e decidiu enveredar pelo campo da arte têxtil.

O futuro estilista se formou em Artes Plásticas na Escola de Arte de Florença, onde fez especialização em estampas têxteis. Ainda jovem começou a se aventurar pelo restrito campo da moda. Em 1965, Cavalli investiu na produção de estamparia em couro, feita curiosamente sobre uma mesa de pingue-pongue. Outra produção que definiria seu estilo mais tarde foi o patchwork, união de retalhos de tecidos diferentes para a confecção de uma peça.

A brincadeira de transformar retalhos em peças de um quebra-cabeça fashion lhe rendeu nome dentre os grandes e Cavalli vendeu sua técnica para marcas famosas como Hermès e Pierre Cardin. Foi somente em 1970 que o estilista, aos 30 anos, inaugurou a marca que leva até hoje seu nome.

A Roberto Cavalli se lançou naquele ano no prêt-à-porter em Paris e fez um memorável desfile na Sala Branca do Palácio Pitti em Florença. Os primeiros passos da marca mostraram que o empreendimento de Cavalli tinha chegado para ficar. Em 1972, o estilista inaugurou sua primeira boutique em Saint-Tropez, na França.

Atualmente o estilista é conhecido pelas estampas, vestidos e pelo jeans, mas Cavalli apresentou suas primeiras calças, desbotadas de areia, em um desfile em Milão no ano de 1994. Um jeans é um jeans até cair nas mãos do estilista italiano e as peças com o tecido se tornaram marca registrada do artista. Desde 2002 a marca de Cavalli tem aberto uma loja por mês. No Brasil, a Roberto Cavalli desembarcou no circuito da moda em 2004 se tornando a primeira boutique do estilista no continente sul americano.

Bola da vez, o estilista é o mais badalado de seu país. Ao contrário das peças tradicionais de algumas maisons clássicas, Cavalli aposta na sensualidade do desenho do corpo feminino aliado às estampas animais deixando a mulher sexy sem ser vulgar.
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A arquitetura de Le Corbusier

A história de um dos homens que revolucionou a arquitetura

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Charles Edouard Jeanneret-Gris para os próximos, para o mundo ele ficou conhecido como Le Corbusier. O Suíço revolucionou a arquitetura se tornando um dos grandes nomes do seguimento. Nascido em 1887 na cidade de La Chaux-de-Fonds, Le Corbusier projetou sua primeira casa quando tinha ainda 18 anos.

Com 20 anos o jovem arquiteto colocou os pés na estrada. Conheceu a Itália, Alemanha e América do Sul, mas foi na Grécia que buscou sua principal inspiração. Em Atenas estudou o Partenon e outros edifícios da arquitetura antiga e ficou impressionado com o uso da razão áurea pelos gregos clássicos na edificação de suas construções.

Dessa viagem, Le Corbusier tirou um livro, Vers une Architecture (Por uma arquitetura) onde mostra uma nova forma de projetar baseada nas proporções matemáticas harmônicas e agradáveis aos olhos. Para o arquiteto, o tamanho padrão do homem era 1,83. Juntou essa informação aos números do matemático Fibonacci para criar uma série de medidas proporcionais, conhecidas como o Modulor, que dividia o corpo humano de forma harmônica e equilibrada.

Foi com esse equilíbrio que Le Corbusier edificava seus projetos. Para ele a funcionalidade era fundamental na criação do que ele chamava de machine à habiter (máquina de morar). Ele desvencilhou seu desenho das linhas nacionalistas e tradicionais criando um movimento que mais tarde seria chamado de international style.

Além dos desenhos arquitetônicos, o artista foi também pintor e urbanista. Le Corbusier foi um dos primeiros a realmente entender o impacto que o automóvel causaria na circulação das grandes cidades. Para ele, a cidade do futuro deveria se constituir de blocos habitacionais suspensos com fluxo debaixo da construção; algo como grandes estacionamentos.

É também de sua autoria a formulação de uma nova linguagem arquitetônica do século XX: os cinco pontos da nova arquitetura. Para Le Corbusier, na arquitetura não poderia faltar pilotis (construções suspensas), terraço-jardim (edificação da laje como espaço de lazer), planta livre da estrutura (amplos espaços internos por vigas), fachada livre da estrutura (seguindo a mesma ideia do ponto anterior) e janela em fita (janelas localizadas de acordo com a melhor posição solar).

Hoje seu nome e sua imagem, marcada pelos óculos redondos e escuros, se tornaram um símbolo da arquitetura e suas construções estão espalhadas por todo o mundo. Entre as várias homenagens que recebeu de museus e galerias, Le Corbusier dá nome também a uma fundação que se dedica à conservação e difusão de sua obra.
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Vamos falar de moda e de Zuzu Angel

Angel brilhou dentro das passarelas como uma das pioneiras da moda brasileira e fora dela como ativista na luta por direitos humanos

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No mês em que a Comissão Nacional da Verdade – criada pelo Governo Federal para investigar as violações aos direitos humanos durante o período da Ditadura Militar – entregou o relatório final sobre os desaparecimentos no período, o Blog AZ decidiu juntar dois assuntos que não parecem se misturar: moda e luta política. É que a coluna “Vamos falar de moda” dá destaque hoje para uma mulher que deu o que falar não apenas nas passarelas.

Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, foi estilista e acabou fazendo nome também ao lutar para encontrar seu filho, militante do grupo guerrilheiro desaparecido durante a ditadura militar no Brasil. Nascida no interior de Minas Gerais, Zuzu se mudou jovem para Belo Horizonte. Na capital começou a criar e projetar looks para suas primas.

O hobby logo virou profissão. Zuzu Angel se mudou para a Bahia e o estilo tipicamente brasileiro influenciou sua criação. A estilista acabou ganhando, mais tarde, o título de pioneira na moda brasileira. Foi nos anos 70, após muitos anos de costura e investindo, que Angel abriu sua primeira loja de roupas em Ipanema.
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Foi por meio da junção de rendas, seda, fitas, chitas e desenhos folclóricos que Zuzu Angel conseguiu criar um estilo próprio. Seus vestidos brancos eram bordados com papagaios, pássaros e borboletas fazendo da moda uma tela branca onde o Brasil era sua principal inspiração.

O campo estava aberto para novidades e Angel levou seu design peculiar para o exterior. Com ajuda de amigos e pessoas influentes, a estilista assinou desfiles nos Estados Unidos. Com experiência no exterior, Zuzu trouxe e popularizou no Brasil o termo “fashion designer”.

Em 1940 Angel conheceu o americano Norman Jones e com ele teve seu único filho, Stuart Edgar. Foi por ele que a estilista entrou em uma guerra contra o regime militar. Stuart foi assassinado pelo governo e transformado em desaparecido político. A luta de Zuzu para encontrar o corpo do primogênito cruzou as fronteiras brasileiras. A estilista realizou reuniões com diplomatas americanos e chegou a organizar desfiles em protesto pelos anos de chumbo brasileiros no exterior.
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Vamos falar de moda e de Stella McCartney

“Vamos falar de moda” conta um pouco a história da jovem estilista que conquistou as passarelas mundiais

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Não é apenas de rock que vive a família McCartney. A filha do meio do ex Beatle Paul McCartney fez fama mundial em um palco onde, no lugar de baixos e baterias, desfilam roupas, sapatos e bolsas. Filha do roqueiro com a fotógrafa Linda McCartney, a estilista tem a arte em seu sangue e entre as fotografias de sua mãe a música de seu pai e irmão e a escultura de sua irmã, decidiu seguir o caminho das linhas, costura e desenhos.

Com nome e talento, não foi difícil para Stella chegar longe. Quando era jovem trabalhou com importantes designers do mundo das passarelas como Tom Ford, na Gucci, e Christian Lacroix. Mais tarde o nome de Stella foi escolhido para substituir nada menos que Karl Lagerfeld na francesa Chloé.
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Em outubro de 2011 Stella McCartney abriu sua primeira maison, grife de luxo que levou na marca seu próprio nome. Naquele ano a estilista assinou também seu primeiro desfile na vitrine da moda mundial: Paris. Atualmente a designer está no topo de uma rede mundial de 33 lojas independentes situadas em charmoso quartiers como o bairro SoHo, em Manhattan (NY), Palais Royal em Paris, Brompton Cross em Londres e outros em outros cantos Tóquio, Milão e Pequim.

De sua mãe herdou mais que o talento para as artes. Linda foi ativista pelos direitos animais e passou sua paixão para a filha. Vegetariana, Stella McCartney é porta-voz dos direitos dos animais e não usa pele nem couro em suas coleções. Entre perfumes, lingeries e acessórios, Stella tem experiência em vestir bem uma mulher. Sua criação dança entre o chic e o inusitado em um estilo que é único.

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Joias da Casa

Nadia Taquary se inspirou na cultura das escravas do período colonial para criar, literalmente, joias para casa

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A artista Nadia Taquary mostrou que é possível utilizar joias para decorar uma casa. É que a artista começou a criar peças que parecem aqueles adornos adorados por mulheres, só que em versão super size. Nadia utilizou seus estudos de pós-graduação como inspiração para criar joias em tamanho gigante.

Especializada nas peculiaridades históricas dos séculos 18 e 19 de seu estado, a Bahia, Nádia criou uma coleção de joias para a casa que recriam as peças usadas pelas escravas no período colonial. No projeto a artista decidiu reverenciar o Mar – com peças em búzios, conchas, cavalos marinhos e peixes – e a Terra – através dos balangandãs, cheios de frutas de orixás e contas em madeira.

Os adornos foram recriados com 8 metros de extensão e 80 metros de cordas expressando o máximo da Arte e Cultura Africana. “Fiquei fascinada com a exuberância do encontro entre Europa, África e Brasil, e com a forma como isso se refletia nos adereços daquelas mulheres”, revelou Taquary.

A sofisticada representação da cultura baiana pode ser encontrada em metais nobres, contas e cristais em preços que chegam a R$ 5.700,00. Assim como na diversidade da cultura africana, a artista plástica utilizou da diversidade de matéria prima para criar os balangandãs muito presentes em sua obra. Nadia declarou ter se encantado pelos balangandãs, espécies de argolas enfeitadas com peças de amuleto. “Fiquei fascinada pela exuberância dos balangandãs, formados por talismãs de ouro”, confessou Nadia.
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Vamos falar de moda e de Alexander Wang

Alexander Wang tem apenas 30 anos e é considerado um dos talentos mais influentes do mundo da moda atual

(Foto: Vogue)

(Foto: Vogue)

“Vamos falar de moda” foca hoje em um jovem talento do design das passarelas. Jovem dentro e fora da moda, já que Alexander Wang tem apenas 30 anos de idade. O americano é diretor artístico da Balanciaga – maison de moda criada pelo espanhol Cristóbal Balenciaga e incorporada ao grupo Gucci em 2001 – e é considerado um dos talentos mais influentes do mundo da moda atual.

Depois de sua chegada a Nova York as portas do mundo fashion não pararam de se abrir para o jovem de então 19 anos. Na cidade que nunca dorme, Alexander Wang passou os dias e noites acordado estudando design na Persons The New School For Design. Em 2005, após dois anos em Persons, Wang lançou sua primeira coleção assinada, uma linha de roupas de malha.

No outono de 2007, Wang apresentou a coleção prêt-à-porter de roupas femininas na passarela de Nova York pela primeira vez e o resultado foi um sucesso. A crítica passou a conhecer seu nome e seu caimento. No ano seguinte ele recebeu seu primeiro grande prêmio, o Council of Fashion Designers of America em parceria com a revista Vogue (CFDA/Vogue), uma honra acompanhada da quantia de US$ 20.000 para expandir sua empresa.

Já com nome consolidado no fechado mercado da moda, Alexander Wang criou algumas coleções assinadas por sua empresa até se juntar a Balenciaga em 2012. Com um olhar mais ousado, bem diferente do design tradicional do fundador da marca, Wang deu nova cara para a empresa. Em 2013 abriu duas novas flagships da marca no charmoso bairro de SoHo, em Nova York, com um design muito distante daquele desenvolvido pelo espanhol Cristóbal Balenciaga.

Outra parceria de Wang que deu o que falar nas paginas das revistas de moda foi sua assinatura para alguns looks da nova coleção da H&M. Várias peças de estilo esportivo, em preto, branco e cinzento, e um vestido preto que pretende reinventar o corte clássico, compuseram o editorial apresentado pela Vogue holandesa que tirou o véu do suspense do resultado dessa parceria.

Alexander Wang para H&M

Alexander Wang para H&M

Flaship Balenciaga em SoHo (NY)

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Gabrielle Coco e Chanel

“Sou contra a moda que não dure. É o meu lado masculino. Não consigo imaginar que se jogue uma roupa fora, só porque é primavera.” Coco Chanel

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Moda é muito mais que o corte de um tecido ou a escolha das cores para a próxima estação. Muitas vezes moda é a expressão de um período ou a liberdade de uma mulher; para mostrar essa outra faceta do design das passarelas, a coluna “Vamos falar de moda?” se inicia com a estilista que mais traduz essa ideia: Gabrielle Coco Chanel. Para muitas feministas parece contraditório dizer que moda liberta a mulher, mas Coco Chanel fez justamente isso, libertou a mulher.

Em um período de extravagância, Coco – apelido que herdou de seu pai – arrancou os espartilhos, se livrou das penas e resolveu apostar em um estilo sóbrio. Para a estilista “a moda passa, mas o estilo permanece” e o clássico da Chanel parece que nunca se perderá. No mundo patriarcal da primeira metade do século 20, Coco Chanel resolveu que no lugar de usar as roupas que os homens escolhiam para as mulheres, elas deveriam ousar. Sua criação, que hoje é a representação máxima do luxo, um dia foi a marginalidade original de uma mulher à frente de seu tempo.

Gabrielle Bonheur Chanel nasceu no dia 19 de agosto de 1883 em Saumur, interior da França, e se mudou para Paris quando tinha apenas 16 anos. Junto com a prima, fugiu do internado e trabalhou como costureira em uma loja de enxovais. Na noite parisiense, com pouco mais de 20 anos, Coco se arriscava a cantar e dançar. Em uma de suas performances, conquistou o socialite Etienne Balsan.
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Balsan tinha herdado, além do nome, uma fábrica de tecidos. Levou Chanel para sua casa de campo, onde criava cavalos, e apresentou a pequena mademoiselle ao mundo. Foi ali que Coco Chanel tirou do guarda-roupa – masculino – suas principais criações. Blusa inspirada no uniforme de marinheiros, calças para montaria e os lenços que mais pareciam gravatas desenhados por Chanel assustou o público conservador que frequentava as festas de Balsan.

Depois de se livrar do espartilho e terminar o romance, Coco Chanel voltou para Paris, onde conheceu seu grande amor. O milionário inglês Arthur Capel ajudou Coco a abrir a sua primeira loja de chapéus que se tornaria um sucesso com direito a anúncios nas famosas revistas de moda de Paris. Capel morreu meses mais tarde em um acidente de carro. Com o nome circulando na alta sociedade, Chanel abriu sua primeira casa de haute-couture.

Neste período, Chanel conheceu muitos artistas importantes, tais como Pablo Picasso, Luchino Visconti e Greta Garbo. Suas roupas já eram vestidas pelas celebridades Hollywoodianas e seu nome começou a refletir o luxo clássico de suas criações. Coco Chanel criava para si mesma. A estilista dizia que nunca fez roupa para os outros, “elas é que queriam tudo que eu usava. Jamais fiz um vestido que não fosse para mim. Se me copiavam, é porque eu tinha razão”. Em 1921 seu sucesso chegou no auge com a criação da fragrância Chanel nº 5.

O perfume foi criado por Ernest Beaux a pedido de Gabrielle Chanel, que sugeriu: “Um perfume de mulher com cheiro de mulher”. Dentro de um frasco art décoo Chanel nº 5 – seu número da sorte – foi o primeiro perfume sintético desenvolvido por uma mulher. Com todos os autos e baixos que enfrentou na vida e na carreira, Chanel levou seu nome para o mundo – junto com suas criações. A estilista morreu em 1971 aos 88 anos de idade no Hôtel Ritz Paris. Atualmente a direção geral da marca é função do estilista alemão Karl Lagerfeld.

Lagerfeld, que embora tenha entrado no mercado carregando um estilo ousado, casou bem com a proposta da Chanel. A marca continua apostando nos clássicos criados por Gabrielle Coco como os vestidos pretos, as blusas listradas e bolsas com alças douradas, porém ousando sempre apostar no estilo e liberdade da mulher à frente de seu tempo.

Desfile Chanel 2013 em Paris

Desfile Chanel 2013 em Paris

Desfile Chanel 2012 em Paris

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A influência do design nacional

Joaquim Tenreiro foi um dos grandes nomes do design mobiliário e influenciou muitos artistas com seus desenhos modernistas

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Conhecido como pioneiro do modernismo brasileiro, o marceneiro fez nome no design mobiliário nacional junto com Sérgio Rodrigues e Zanini de Zanine. Já sabe de quem estou falando? Sim, de Joaquim Tenreiro. Como muitos designers que influenciaram de forma considerável mobiliário brasileiro, Joaquim não nasceu no Brasil.

Exímio artesão de madeira, Tenreiro teve de onde puxar seu talento. Filho de marceneiro, o designer começou a brincar com as ferramentas do atelier de seu pai com o mesmo entusiasmo que seus colegas brincavam de carrinho e jogavam bola. Após ter vivido breves períodos no Brasil quando era ainda jovem, o português decidiu adotar o país como sua nova casa e a carpintaria como sua nova profissão.

No Rio de Janeiro, o tímido marceneiro se inscreveu em um curso de desenho mantido pelo Liceu Literário Português e, dois anos mais tarde, seria um dos membros mais ativos do recém fundado Núcleo Bernardelli. Nascia ali outra vertente de seu trabalho, a pintura. Além de carpinteiro e designer de móveis, Joaquim Tenreiro ficou conhecido também como projetista, pintor e escultor.
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No ramo mobiliário, sua primeira peça – respeitando bem o estilo moderno que conhecemos bem do mobiliário de Sérgio Rodrigues e Jorge Zalszupin – foi criada em 1942 para a residência do médico e colecionador Francisco Inácio Peixoto. Foi nesse momento que Tenreiro parou de produzir móveis para realmente projetá-los em seu estilo único.

O designer abandonou, no início dos anos 1940, as práticas recriar móveis em estilo clássico europeu. Na época trabalhava na Laubisch & Hirth, especializadas em fornecer peças imitativas dos velhos estilos franceses e italianos. Com o trabalho para Francisco Inácio, Tenreiro abandonou os clássicos, deu uma nova visão moderna ao mobiliário nacional e criou sua primeira peça autêntica.

O sucesso não era tudo e Joaquim decidiu, em 1967, entregar sua última encomenda de design – a decoração do salão de banquetes do Palácio Itamaraty em Brasília. Nesse período resolveu fechar oficina e lojas para, de então por diante, dedicar-se exclusivamente às artes plásticas.

Liberado de seu compromisso com o Desenho Industrial, Joaquim assinou grandes obras nas artes como o painel para a Sinagoga Templo Sidon na Tijuca, a portada da Capela Ecumênica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e os dois painéis em fibra de vidro realizados em 1975 para o novo auditório do SENAI na Tijuca.

O desejo de Joaquim Tenreiro em contribuindo com o design mobiliário morreu mais de 20 anos antes do artista, mas suas peças continuam vivas e inspirando novos e respeitados talentos do ramo mobiliário.

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