De olho na Casa Cor

Organizadoras da Casa Cor Goiás anunciam data, local e tema da mostra 2017

Imagem: Casa Cor Brasil (divulgação)

Imagem: Casa Cor Brasil (divulgação)

O ano começa e os preparativos para mais uma edição do maior evento de design e arquitetura do centro-oeste começa junto. Esta semana, a organização da Casa Cor Goiás realizou uma reunião com arquitetos, decoradores, designers e paisagistas para debater sobre o evento.

Sheila Podestá e Eliane Martins, organizadoras da mostra no estado, aproveitaram para anunciar que a Casa Cor 2017 já tem local definido. Este ano a mostra se mantém no centro da cidade – como ocorreu em 2016 – e transformará o interior do Colégio José Carlos de Almeida, localizado na Rua 23. A escola está desativava, mas faz parte do grupo de prédios Art Deco da capital tombado pelo estado como Patrimônio Histórico.

Como retorno para a comunidade, os arquitetos ficarão responsáveis pela restauração do edifício que, após o encerramento do evento, abrigará a Conselho Estadual de Educação de Goiás (CEE-GO). “É fundamental a devolução do prédio em um excelente estado, até porque é uma atitude sustentável. É um compromisso que nós assumimos. É um prédio que temos um carinho muito especial e a gente tem que devolver e entregar ele em excelentes condições”, explicou Eliane em entrevista ao portal G1 Goiás.

A Casa Cor Goiás 2017 também já tem data marcada. A mostra abrirá suas portas ao público entre os dias 12 de maio a 21 de junho para apresentar 40 ambientes projetados por 54 profissionais com o toma “Foco no Essencial”. O Armazém da Decoração também estará lá… Aguardem.

 

A força da Etel

A Casa Cor chegou ao fim, mas alguns importantes nomes do design brasileiro se destacaram e é importante lembrar-se deles

 

Ambiente na Casa Cor São Paulo

Ambiente na Casa Cor São Paulo

No último dia 22 de junho a Casa Cor Goiás começou a se desfazer. O prédio que antes abrigou o centro de distribuição de medicamentos e o anexo de apoio à Santa Casa retoma seu curso para assumir sua próxima função na vida pública: vai abrigar a Goiás Turismo.

Os 51 profissionais que projetaram a mostra esse anos começaram a desfazer os 36 ambientes que compuseram a Casa Cor e a força de cada um dos mobiliários escolhido para Celebrar – tema da exposição em 2016 – mostrou que mais uma vez o Brasil está em voga.

É que no ano passado o tema era Brasilidade. Móveis brasileiros ganharam um espaço especial em cada um dos ambientes para lembrar a força e a beleza das produções genuinamente brasileiras. Este ano uma empresa que mostrou sua importância no design nacional dentro da Casa – não só na mostra de Goiás como também em São Paulo – foi a ETEL.

A Etel Interiores é uma das maiores expressões em móveis de luxo do Brasil. Criada pela autodidata Etel Carmona, a marca reedita peças de designers como Claudia Moreira Sales, Isay Weinfeld, Lia Siqueira, Arthur Casas, Dado Castello Branco, Carlos Motta, Sérgio Rodrigues, Oscar Niemeyer e outros nomes de peso do design mobiliário.

A marca passou a fazer parte do design brasileiro ao resgatar a história do país em suas peças e como mostrar o que o Brasil faz de melhor é o objetivo de muitos arquitetos, o nome Etel não falta em mostras e exposições. O trabalho artesanal da Etel resgata as técnicas milenares de marcenaria na produção de móveis na Fábrica Mágica Etel na cidade de Valinhos, interior de São Paulo.

Em Goiás peças da Etel estiveram presentes em vários ambientes da mostra, como no de Ana Paula de Castro e Sanderson Porto, Aline Torres e Thiago Cardoso, Heitor Arrais e Ogawa, Karla Cristine Oliveira e Cláudia Zupani. Em São Paulo, peças da Etel também abrilhantaram alguns ambientes.
13407096_1099914783383694_6506366553716584109_n 24. Cozinha (2) - Crédito Jomar Bragança 10. Biblioteca (1) - Crédito Jomar Bragança

Metalinguagem do design goiano

Peças de arte e design de goianos em ambiente de outros goianos na Casa Cor Goiás 2016

Fotografia de Naldo Mundim no ambiente de Geovanni Borges

Fotografia de Naldo Mundim no ambiente de Geovanni Borges

Havia um tempo que o trabalho goiano somente era reconhecido em Goiás quando a notícia do talento nascido no Centro-Oeste difundia no badalado circuito cultural do eixo Rio São Paulo. Esse tempo se foi. As barreiras se quebraram em um mundo globalizado, e o que é produzido em Goiânia é valorizado. Ponto.

É neste ponto que podemos falar da metalinguagem do design moveleiro dentro da Casa Cor Goiás. Para materializar essa figura de linguagem, o Blog AZ circulou em alguns ambientes da mostra e percebeu que arquitetos goianos estavam utilizando-se de arquitetos goianos em seus ambientes. Um verdadeiro intercâmbio de ideias e de valorização da arte e do design produzido aqui.

Anna Paula de Melo usa a linha Chuva de Leo Romano no Wine Bar da mostra. O espelho Chuva chama atenção em uma das paredes do ambiente e dialoga com peças de outros designers brasileiros como Sérgio Rodrigues. O nome de Léo aparece em outro ambiente. É que Ana Paula e Sanderson decoraram seu espaço com as criações em porcelana assinadas conjuntamente por Léo Romano e Yeda Jardim.

Mariela Romano também incluiu goianos em sua linha decorativa. Além do artista plástico Marcus Camargo, responsável pelo projeto da escultura de boi em 3D na entrada do Loft Fazenda, o carrinho de Genésio Maranhão e a Chaise Veleiro de André Brandão e Marcia Varizo também marcaram o ambiente.

Por falar em André Brandão e Marcia Varizo, embora o casal não tenha integrado o time de arquitetos que projetou a Casa Cor este ano, seus nomes fazem parte da mostra não só no ambiente de Mariela. A dupla foi a responsável por criar o Buffet Mondrian, uma das peças que decora a Sala de Almoço de Andreia Carneiro.

A arte goiana não ficou esquecida. Além do mencionado trabalho de Marcus Camargo, presente em quatro ambientes da mostra, uma tela de Sandro Torres chama atenção no espaço Café de Genésio Maranhão. Outro artista que entrou para a mostra foi o fotógrafo Naldo Mundim. É que imagens capturadas por suas lentes fotográficas podem ser vistas no 50 tons Urbanos de Geovanni Borges.

Chaise Veleiro no ambiente de Mariela Romano

Chaise Veleiro no ambiente de Mariela Romano

Tela de Sandro Torres no ambiente de Genésio Maranhão

Tela de Sandro Torres no ambiente de Genésio Maranhão

Porcelanas de Yeda Jardim e Léo Romano no espaço de Ana Paula e Snaderson

Porcelanas de Yeda Jardim e Léo Romano no espaço de Ana Paula e Snaderson

Espelho Chuva de Léo Romano no espaço de Anna Paula Melo

Espelho Chuva de Léo Romano no espaço de Anna Paula Melo

 

Ambiente de Andria Carneiro com Buffet Mondrian de André Brandão e Márcia Varizo

Ambiente de Andria Carneiro com Buffet Mondrian de André Brandão e Márcia Varizo

Fotos: Marcus Camargo

Sofisticação e leveza

Casa Cor Goiás: os arquitetos e urbanistas Eduardo Bittar e Karla Bittar assinam a Sala de Banho da mostra 2016

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Karla Bittar e Eduardo Bittar retornaram após um período sem participar da Casa Cor Goiás e nos lembraram do porquê de sentirmos a sua falta. É que os veteranos de mostra, este ano marcou a 8ª participação do casal na exposição, voltaram em grande estilo. O ambiente parece não dar muita asa para a imaginação, afinal, como inovar em uma sala de banho? O casal aceitou o desafio e transformou os 35m² reservados para o banheiro em um verdadeiro spa: sofisticado, mas com a leveza necessária para um espaço de descanso.

A proposta do projeto foi dar um novo conceito para os banhos, que na maioria das vezes são tímidos e escondidos, transformando-os em um refúgio dentro de casa. Para fugir do estresse nada melhor que um banho de banheira cercado de livros, não? É que a banheira, uma das atrações principais do ambiente, funciona como uma chaise para ler um bom livro da pequena biblioteca instalada na sala de banho, junto da charmosa penteadeira e do pequeno jardim.

Na escolha dos acabamentos foram priorizados materiais mais naturais, ecológicos e sustentáveis; ajudando a reforçar o aconchego e relaxamento do ambiente, como réguas e lâminas de bambu no piso e no teto. Na área molhada, com chuveiros e banheira, há uma plataforma elevada revestida de porcelanato emoldurada por um mosaico cimentício que se assemelha a uma pedra bruta.

As luminárias e mesas de apoio dão suporte para esse uso e sua beleza denunciam sua origem: todas do Armazém da Decoração. A bancada tradicional dá lugar a uma mesa de madeira onde são apoiadas as cubas, abajures e alguns outros objetos necessários em um banheiro. A decoração contemporânea e cosmopolita aposta no bem-estar, com um toque simples e poético do genuíno mobiliário brasileiro moderno, com a poltrona Oscar, de Sérgio Rodrigues; Banco Trinco, de Lia Siqueira; além da série de fotografias do Amazonas, da artista Adriana Bittar.
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Fotos: Marcus Camargo

 

Acima do branco, abaixo do preto

Casa Cor Goiás: o arquiteto Giovanni Borges assina o estúdio masculino batizado de 50 tons urbano

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Foi entre o branco e o preto que Giovanni Borges encontrou o tom de seu ambiente na Casa Cor Goiás 2016. O arquiteto, veterano de mostra, apresenta este ano um ambiente masculino inspirado em um morador cosmopolita, que ousa no seu estilo de viver, com discrição e sofisticação.

É o loft de um verdadeiro Christian Grey, personagem do livro “50 tons de cinza” da autora britânica E. L. James. “O personagem que me inspirou a criar o ambiente, assim como o personagem do livro e filme, é um homem culto e viajado que gosta do luxo e da sofisticação sem abrir mão de um ambiente design”, explicou Giovanni Borges ao Blog AZ.

O ambiente foi batizado de “50 tons urbanos”, mas a escolha se deu pelos vários tons de cinza que colorem o loft de 101 m2. Afinal, como bem lembrou o arquiteto, a cidade vive sob os diversos tons de cinza.  O conceito de bem viver aliado ao desejo de espaços integrados, uma característica nos projetos assinados pelo profissional, também estão presentes no estúdio.

O espaço é composto de uma suíte, com uma generosa sala de banho que recebe a luz natural como protagonista, um closet, além de uma varanda para receber amigos ou relaxar. O projeto luminotécnico privilegia os focos pontuais de luz para valorizar os objetos de decoração e criar uma atmosfera intimista, confortável, aconchegante ao espaço, estimulando e convidando o visitante a direcionar seu olhar e a tocar o produto.

A paleta de cores enfatiza os tons de cinza e a cor preta. O mobiliário apresenta-se em linhas retas em materiais nobres e high tech com peças assinadas por designers nacionais e internacionais. Irmãos Campana e Patrícia Urquiola figuram entre eles. A arte de fotografar de Kazuo Okubo e Naldo Mundim estão retratadas em quadros para compor a decoração do espaço.
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Fotos: Marcus Camargo

Contornos do Cerrado

Casa Cor Goiás: Contornos do Cerrado é o nome que a designer Regina Amaral batizou a varanda da mostra 2016

Foto: Joemar Bragança/Casa Cor Goiás

Foto: Joemar Bragança/Casa Cor Goiás

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e cerca de 22% está localizado em território nacional. Mais especificamente no centro-oeste. Suas características são conhecidas dos goianos: arvores tortas, galhos secos e folhas grandes. O que muitos não sabem é que nosso cerrado é considerado como um hotspots mundial de biodiversidade. Agora, imagina a riqueza do resultado de trazer para dentro da arquitetura este bioma tão importante para a geografia nacional?

A responsável por essa homenagem foi a designer de interiores Regina Amaral, que completa este ano 14 participações na exposição. Regina se declara fã das raízes locais e sempre que pode homenageia algo bem típico da cultura goiana. Na Casa Cor Goiás 2016 não foi diferente. Ao projetar a varanda da mostra, a designer colocou seus visitantes no meio de uma paisagem do cerrado.

Contornos do Cerrado é o nome que Regina escolheu para batizar seu pequeno bioma particular. A decoração do local é inspirada no período de queimadas do cerrado, quando as árvores se contorcem para se livrar do fogo, tornando-se verdadeiras esculturas.
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No espaço de 90m² foram criados vários ambientes que proporcionam conforto para reunir o maior número de pessoas, como um deck com ofurô, cozinha gourmet e ambiente de estar com balanços – Tidelli vindos direto do Armazém da Decoração para criar um clima lúdico no ambiente.

Com raízes na simplicidade e comodidade, as cores que prevalecem na varanda são quentes e os materiais basicamente madeira e pedra. Esta última utilizada de forma natural como revestimento das paredes, peças únicas, com formas, cores, mesclas e tonalidades esculpidas pela própria natureza, acrescentando beleza e estilo ao ambiente.

Outro ponto de destaque são as obras do goiano DJ de Oliveira, que representam a cultura do estado. Como diferencial, a marcenaria desenhada por Regina Amaral são valorizados pela iluminação cênica e pontual. O ecossistema goiano é relembrado em cada canto e detalhe da Varanda do Cerrado, como no paisagismo feito com galhos secos de forma discreta e integrado à natureza.
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Fotos: Marcus Camargo

Fora da cena comum

Casa Cor Goiás: os arquitetos Alex Dalcin e Tati Tavares projetaram os Banheiros Públicos da mostra 2016

 

Foto: Joemar Bragança/Casa Cor Goiás

Foto: Joemar Bragança/Casa Cor Goiás

Linhas retas e uma geometria elegante. É assim, simples e contemporâneo, que o projeto dos novatos de Casa Cor Alex Dalcin e Tati Tavares deu vida aos banheiros públicos da mostra 2016. Os 33m2 do ambiente são o resultado de uma proposta contemporânea de estilo industrial.

O mix de materiais como aço corten, ferro, cobre, madeira, PVC, vidro, cerâmica e pedras naturais reforça a identidade do projeto. A iluminação é cênica, o banheiro ganha nova vida com a combinação das luzes, das cores e da estética do ambiente.
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E para quem pensa que em espaços públicos e mais intimistas como este não cabe arte, uma surpresa: letterings (arte em lousa) assinados pelo GOtype Coletivo Tipográfico e painéis em street art assinados pelo artista plástico Mateus Dutra dão um ar artístico às cabines. “A Casa Cor é uma oportunidade que os profissionais têm para criar tendência, por isso nos preocupamos em projetar um ambiente irreverente”, explicou Tati Tavares.

Outro charme do local são os espelhos dupla face assinados pelos próprios arquitetos. Em perfeita harmonia, estão alguns objetos de decoração importados, vindos do Armazém da Decoração, que ajudam a criar uma cena fora comum – é que o banheiro não é nada convencional.

A tecnologia e a sustentabilidade dão as mãos neste projeto ao acolher torneiras hidrogeradoras, que abrem e fecham porque possuem um sistema eletrônico capaz de armazenar a energia gerada pela própria força da água. Elas dispensam o uso de rede elétrica para acionar seu sensor. “Acreditamos que esse sistema seja ideal para reduzir custos com o uso de água, além de ser prático para residências e empreendimentos comerciais”, destacaram os profissionais.
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Fotos: Marcus Camargo

A biografia da Casa Cor

Casa Cor Goiás: Meire Santos homenageia a mostra ao mesmo tempo em que celebra seus 30 anos de carreira como designer de interiores no Lounge 20…30…

Foto: Marcus Camargo

Foto: Marcus Camargo

2016 é ano de comemoração: são 30 anos de Casa Cor Brasil, 20 anos de Casa Cor Goiás e 30 anos de carreira da designer de interiores Meire Santos. Quer razão mais importante para celebrar? Meire celebra a biografia da mostra. É que seu espaço é uma verdadeiro contador de história, e a protagonista do Lounge 20…30… é a história da Casa.

Reconhecida como a maior e melhor mostra de arquitetura, decoração e paisagismo das Américas, a Casa Cor conta com 19 franquias nacionais e outras cinco internacionais, além de um público anual de mais de 500 mil pessoas. Meire não poderia deixar de contar essa história, que se cruza com a sua própria: a designer fez parte de 19 das 20 edições já realizadas em Goiás.

“Todos os anos elejo alguém para homenagear e dar um norte ao meu projeto”, explicou Meire. “Em 2016, esse ‘alguém’ foi justamente a história da Casa Cor”, completou a designer enquanto mostrada as revistas de todas as edições da exposição tanto em Goiás quanto nacional espalhadas pelo ambiente.

Foto: Marcus Camargo

Foto: Marcus Camargo

Seu espaço assimila inovação, qualidade e beleza, ao mesmo tempo em que resgata a memória da exposição. No projeto, a profissional explorou texturas e mobílias cheias de boas referências reverenciando o design de qualidade. Entre elas, não poderíamos deixar de destacar duas assinadas pela própria designer.

Não é de hoje que Meire encarou a criação moveleira. O banco M. Santos foi criado alguns anos antes e volta à mostra com nova roupagem. Do outro lado do ambiente, uma escultura também leva seu nome: a árvore com dois bonecos sentados. “Essa árvore é a genealogia da Casa Cor e os bonecos representam pessoas lendo as revistas da mostra”, explicou Meire.

O cimento queimado misturado a elementos furta cor com efeitos singelos da iluminação marcam a identidade do espaço, ao mesmo tempo lúdica e elegante. Como de costume, peças da Kartell não faltam no ambiente – Meire é conhecida sempre pontuar seus projetos com peças da italiana do plástico.

Foto: Jomar Bragança/ Casa Cor Goiás

Foto: Jomar Bragança/ Casa Cor Goiás

Abrigo do conhecimento

Casa Cor Goiás: a Biblioteca da mostra 2016 foi projetada pela arquiteta e urbanista Cláudia Zuppani

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Um espaço onde se coleciona informações é tão sagrado quanto o solo de uma igreja, deve ser por isso que a arquiteta Cláudia Zuppani projetou com tanto carinho a Biblioteca da Casa Cor Goiás 2016. Se buscarmos a etimologia da palavra “biblioteca”, vamos encontrar no idioma vindo da Grécia – berço do conhecimento – a palavra βιβλιοϑήκη, que é a junção de “livro” e “depósito”.

Atualmente, com o mundo digitalizado, biblioteca virou sinônimo de “sala de estudo”, os livros deixaram de ser a atração principal do ambiente e sua principal finalidade, o aprendizado, vem se perdendo. Este comportamento assusta um pouco a arquiteta. “Tenho sentido que certos valores milenares têm sido questionados, como o estudo e conhecimento, por isso criar um ambiente que têm nessas palavras sua maior inspiração é uma forma de resgatar algo de tão importante para os brasileiros”, explicou a profissional.

Conhecimento é poder, e é nesse poder que o espaço de 80m² encontrou inspiração. O ambiente é contemporâneo e despojado, um perfeito contraste entre o simples e o luxuoso. Na arquitetura, Cláudia Zuppani optou pelo resgate. “Decidi projetar um ambiente de forma a ensimermar-se”, explicou a arquiteta brincando com as palavras. “Foi um verdadeiro retorno a si mesmo, já que optei por preservar a arquitetura local e trabalhar com a beleza existente no próprio galpão que formava o prédio antes da chegada da mostra”.

Com as paredes descobertas em tijolos aparentes e o teto revestido apenas pelas telhas que forram o galpão, a arquitetura cuidou de dar ao ambiente um tom mais despojado. Ficou então a cargo da decoração o toque de luxo do espaço. O mobiliário reúne peças renomadas do design brasileiro, como a estante Jader Almeida, poltronas Lina Bo Bardi e Sérgio Rodrigo – peças vindas do Armazém da Decoração.

O ambiente é diferenciado não apenas por seu espaço acolhedor, mas também por valorizar o momento intimo ideal para ler, meditar e pesquisar. A parede com tinta própria para escrever com giz é uma homenagem ao antigo quadro negro de escola. O piso em carpete evita ruídos no ambiente, revestimento que possibilita a concentração e o aconchego essencial de uma biblioteca.

Cláudia Zuppani se diz uma amante do conhecimento, dessas que adora sentar e pesquisar. Talvez por isso não tenha brincado com as palavras apenas durante a entrevista com o Blog AZ. No ambiente, algumas frases desfilam nas paredes e Cláudia deu destaque para as maiores palavras encontradas na língua portuguesa, como “inconstitucionalissimamente”.
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Texto: Bárbara Alves
Fotos: Marcus Camargo

Cozinha de Vó

Casa Cor Goiás: a cozinha da mostra 2016 ficou com os novatos arquitetos Aline Torres e Thiago Cardoso

Foto: Marcus Camargo

Foto: Marcus Camargo

O gosto da infância não é exclusividade da comida. Ambientes podem nos levar ao passado com seu design retrô. Foi com essa que os estreantes de Casa Cor Goiás Thiago Cardoso e Aline Torres projetaram o 26 m² na mostra 2016.

“Escolhemos uma abordagem que transportasse os visitantes para o aconchego das cozinha de vó, mas sem deixar de trazer para o ambiente os recursos tecnológicos necessários aos ambientes contemporâneos”, explicou Alina para o Blog AZ. O resultado foi um ambiente inteiramente vestido com detalhes que exibem personalidade e conforto em todos os cantos.

O design ficou ousado. Ao mesmo tempo em que elementos nos remetem para as cozinhas mais tradicionais, o estilo dos anfitriões contemporâneos não foi esquecido pela dupla. Na prática, o toque nostálgico foi dado pela mistura do clássico e vintage, inspirado nos espaços culinários das décadas de 1970 e 1980.

Tonalidades fortes e vibrantes de azul misturados às estampas marcantes afirmam a identidade do local. A reinvenção moderna do design do mobiliário convida para momentos de prazer em família e entre amigos.

O visual foi complementado pelo piso em porcelanato e revestimento da parede com textura de renda, criando volume irregular e exprimindo sensação de movimento por meio do efeito de luz e sombra e com o auxílio de pendentes e sancas. A mini-horta de ervas e temperos trazem vida, aromatizam e facilitam o preparo dos pratos na cozinha, agrupando funcionalidade, conforto e beleza no recinto.
24. Cozinha (1) - Crédito Jomar Bragança 24. Cozinha (2) - Crédito Jomar Bragança

Fotos: Joemar Bragança