Da fotografia para o design

O fotografo panamenho Javier Gomes vem se destacando internacionalmente por suas criações no design de interiores e moveleiro

maison-rising-talents_16

Ele é jovem, é sexy, é fotógrafo e agora é designer. Muita coisa, não? Então vamos por partes. Estamos falando de Javier Gomes, o fotógrafo panamenho eleito entre os 25 homens mais sexy do mundo pela revista norte-americana People. Gomes nasceu no Panamá, mas estudou fotografia nos Estados Unidos e por lá firmou raízes.

Formado pela New York University and Cooper Union para o avanço da Ciência e da Art, Javier criou uma forma única de trabalhar com a fotografia e seus trabalhos assumem as mais diversas roupagens. Muitas de suas fotografias mais se parecem com o trabalho vanguarda de um jovem pintor e fazem parte de coleções particulares de nomes como Hilary Swank, Bill Clinton, Pele e Colin Cowie.

“Ao adotar antiga geometria sagrada na minha visão fotográfica, eu crio obras de arte que são inspirados pela natureza e arquitetura de alguns das mais incríveis cidades do mundo”, explica o artista em seu site. Seu trabalho estético abusa de linhas, cores saturadas e padrões retirados a partir da observação da natureza, da paisagem urbana e da arquitetura urbana.
Sem título

Tanta paixão pela observação e pela apropriação da natureza pela arte levou o fotografo para o campo do design. Seu trabalho já havia despertado o interesse da Fendi Casa e Bulgari – atualmente o designer tem trabalhos com ambas as marcas –, então começou a misturar a fotografia com interiores.

Seus trabalhos foram então transformados em coleção de roupa de cama para JG home (outono 2015). Já no design moveleiro, Javier lançou recentemente uma linha de balanço e mesas laterais de acrílico com estampas de mandalas criadas por ele a partir de fotografias de flores.
maison-rising-talents_15 maison-rising-talents_14 Javier-Gomez-2

O modernismo de Warren Platner

Warren Platner uniu o que o modernismo tinha de novo fazendo uma releitura dos clássicos vitorianos

Sem título

Sabe aquelas mesas redondas com pés em aço que costumamos ver por ai? Ela tem nome e sobrenome. Warren Platner para ser mais específico. Falamos muito no design modernista brasileiro e nos nomes e móveis do início da segunda metade do século 20. Platner também representa esse momento do design, só que em âmbito internacional.

O designer aproveitou-se do clássico, sobretudo nos móveis vitorianos franceses, para trazer para a modernidade aquilo que faziam nos séculos 14 e 15.  “Eu sentia que havia espaço para o tipo de decoração e design de formas suaves e graciosas que surgiu em um estilo da época, como Luis XV”, explicou certa vez o designer.

Com isso, Warren Platner trouxe para sua criação a exuberância do mobiliário daquela época, aliando formas orgânicas a rigidez do aço. O arquiteto norte-americano formou-se pela Universidade de Cornell e iniciou sua carreira trabalhando no escritório dos lendários designers Eero Saarinen e IM Pei. Em 1967 fundou seu próprio espaço de criação, dedicado ao designer e à arquitetura, projetando de mobiliário a interiores de residências e comércios.
acab. mesa-475x375

No design, concentrou-se na ideia de criar móveis com fios de aço até chegar à linha de cadeiras, mesas, poltronas e longue chair que deu maior visibilidade ao seu trabalho – são peças que se repousam em uma base de aço niquelado. As cadeiras Platner, por exemplo, foram desenhadas na década de 1960, junto com a equipe da Knoll. Uma peça robusta que, na companhia das mesas em aço, se impõe no ambiente.

Na arquitetura, Platner acreditava que um edifício não era uma peça para se encaixar na paisagem urbana. Segundo o arquiteto, as edificações devem nascer de dentro para fora. Ou seja, ele primeiro pensava no que o espaço interno daquele ambiente pode trazer de comodidade e conforto e só em seguida projetava as formas que ele daria para as cidades.

Warren-Platner-Collection-700 Sem título 2

Prada e seu mundo da arte

Fundação Prada inaugurou, em 2015, novo espaço para promoção da arte e da arquitetura em Milão

Os-fundos-da-Fundação
Quando a moda deixa de ser, seguindo definição própria do dicionário, o “uso passageiro que rege, de acordo com o gosto do momento, a maneira de viver” e se torna simplesmente a “maneira de viver”, deixamos de falar unicamente em roupas, sapados e bolsas e passamos a falar em algo que extrapola os desfiles de moda. Algumas grifes atingiram esse patamar, como a Prada. É por isso que a fundação Prada não é apenas um centro de moda, é um conceito em arte.

É justamente por ser um “conceito” que a nova Fundação Prada inaugurada em Milão no ano passado, projetada pelo badalado estúdio holandês OMA, mistura um complexo de moda, arte e arquitetura. A Fundação Prada foi originalmente criada em 1993 e já nessa época surgiu para ir além da moda e promover a arte.  A grife, por meio da fundação, realizava exibições de arte contemporânea e projetos de arquitetura, cinema e filosofia.

Sua primeira sede própria foi criada há poucos em um pallazzo histórico no Grande Canal de Veneza. Em 2015, a grife abriu mais uma porta para as artes e inaugurou outra sede, com endereço em Milão. Antes de se estabelecer em um CEP próprio na cidade, a fundação promovia exposições em armazéns e igrejas abandonadas de Milão. Foi assim nos últimos 20 anos.

Mas foi no charmoso edifício que abrigava uma antiga destilaria milanesa que a Prada viu sua nova casa de arte. Convidou o holandês Rem Koolhaas para dar cara nova ao velho prédio e criar o complexo com quase 11 mil metros quadrados de espaço para exposições. “É surpreendente como o sistema da arte se expande, mas suas exibições continuam acontecendo em vitrines limitadas. A nova Fondazione funciona em um antigo complexo industrial que tem uma diversidade incomum de ambientes. Acrescentamos à estrutura já existente três novos edifícios: um grande pavilhão para exibições, uma torre e um cinema”, explicou à época o arquiteto.

O edifício abriga um teatro para cinema, performances e palestras, um bar criado pelo cineasta Wes Anderson (de “O Grande Hotel Budapeste”), um centro para crianças e um espaço grande reservado para uma futura biblioteca. Na fachada uma surpresa: não há a logotipo da marca Prada. A CEO da empresa, Miuccia Prada, garante que conserva seu apoio às artes independente da grife de moda, por isso descartou o símbolo da marca na entrada da fundação.

O objetivo da fundação não é a de se tornar um museu, mas sim um espaço para manifestações artísticas de todos os formatos. Entretanto, o espaço abriga obras cedidas por 40 museus espalhados pelo mundo.

O-interior-da-Fundação-2 O-bar-Luce A-mostra-Portable-Classic-2

A força da Etel

A Casa Cor chegou ao fim, mas alguns importantes nomes do design brasileiro se destacaram e é importante lembrar-se deles

 

Ambiente na Casa Cor São Paulo

Ambiente na Casa Cor São Paulo

No último dia 22 de junho a Casa Cor Goiás começou a se desfazer. O prédio que antes abrigou o centro de distribuição de medicamentos e o anexo de apoio à Santa Casa retoma seu curso para assumir sua próxima função na vida pública: vai abrigar a Goiás Turismo.

Os 51 profissionais que projetaram a mostra esse anos começaram a desfazer os 36 ambientes que compuseram a Casa Cor e a força de cada um dos mobiliários escolhido para Celebrar – tema da exposição em 2016 – mostrou que mais uma vez o Brasil está em voga.

É que no ano passado o tema era Brasilidade. Móveis brasileiros ganharam um espaço especial em cada um dos ambientes para lembrar a força e a beleza das produções genuinamente brasileiras. Este ano uma empresa que mostrou sua importância no design nacional dentro da Casa – não só na mostra de Goiás como também em São Paulo – foi a ETEL.

A Etel Interiores é uma das maiores expressões em móveis de luxo do Brasil. Criada pela autodidata Etel Carmona, a marca reedita peças de designers como Claudia Moreira Sales, Isay Weinfeld, Lia Siqueira, Arthur Casas, Dado Castello Branco, Carlos Motta, Sérgio Rodrigues, Oscar Niemeyer e outros nomes de peso do design mobiliário.

A marca passou a fazer parte do design brasileiro ao resgatar a história do país em suas peças e como mostrar o que o Brasil faz de melhor é o objetivo de muitos arquitetos, o nome Etel não falta em mostras e exposições. O trabalho artesanal da Etel resgata as técnicas milenares de marcenaria na produção de móveis na Fábrica Mágica Etel na cidade de Valinhos, interior de São Paulo.

Em Goiás peças da Etel estiveram presentes em vários ambientes da mostra, como no de Ana Paula de Castro e Sanderson Porto, Aline Torres e Thiago Cardoso, Heitor Arrais e Ogawa, Karla Cristine Oliveira e Cláudia Zupani. Em São Paulo, peças da Etel também abrilhantaram alguns ambientes.
13407096_1099914783383694_6506366553716584109_n 24. Cozinha (2) - Crédito Jomar Bragança 10. Biblioteca (1) - Crédito Jomar Bragança

Hanazaki: o crescimento da flor

Alex Hanazaki, um dos maiores nomes do paisagismo brasileiro, e seu trabalho poético com as plantas

 

Sem título
Paulista de descendência japonesa, Alex Hanazaki formou-se em arquitetura, mas transformou-se em paisagista – por vocação. O profissional atribui à sua infância e juventude em Presidente Prudente, local de muita agricultura, a capacidade que possui de transfazer o simples em algo sofisticado.

Alex extrai da natureza  formas, cores e texturas que pelas suas mãos se traduzem em paisagem moderna. Jardins particulares de alma e linguagem poética. Seus ambientes são minimalistas, no conceito e no cuidado, feitos de detalhes que flertam com o purismo e seus significados. “O desafio de criar o jardim é fazer com que a pessoa permaneça nesse espaço”, explica o paisagista.

Por uma coincidência do destino, seu nome e profissão possuem uma forte ligação. “Hanazaki”, na origem japonesa, significa flor (hana) e crescimento (zaki). Não é atoa que Hanazaki é considerado  um dos grandes nomes do paisagismo moderno no Brasil. Exemplo disso é que o jardim desenhado pelo paisagista para a casa da arquiteta Debora Aguiar, em São Paulo, foi eleito o mais bonito do mundo pela Sociedade Americana de Arquitetos e Paisagistas (Asla) em 2014.

Seu objetivo é criar jardins como obra de arte, sem deixar de lado a importância desses espaços na vida das pessoas. “Questões como acessibilidade e harmonia botânica nas calçadas são preocupações que se os novos empreendimentos hoje tiverem, já é uma mudança de cenário, isso só tende a deixar a cidade muito mais bonita, muito mais permeável e muito mais acolhedora”. A frente de um escritório em São Paulo afinado com seu perfeccionismo, Alex trabalha com projetos comerciais e residenciais.
g455727s g455724s g455725s

Arte nacional na Casa Cor Goiás 2016

A Casa Cor abre as portas da arquitetura e da arte brasileira para o público goiano

Sandro Tôrres no Café

Sandro Tôrres no Café

Por muito tempo, quando se pensava em arte os nomes que surgiam era, em sua grande maioria, de artistas internacionais.  Isso acontecia em decorrência da forte influência que o Brasil sofreu, por séculos, da cultura europeia. Com a chegada da família real portuguesa, a pedido do rei, um grande acervo de telas e esculturas veio a navio para o novo palácio em terras tupiniquins. Porém, o que não imaginavam é que, apesar de acreditarem estar descobrindo novas terras, o país já tinha gente, cultura e alma.

O Brasil possui vários sítios arqueológicos espalhados pelo território e que guardam memórias e expressões do período denominado Pré-histórico brasileiro. A arte indígena é outra manifestação brasileira rica e que, apesar da diminuição significativa dos índios no país, sua cultura se mantém viva e forte.

O barroco no nacional, influenciado pelo catolicismo europeu, embora tenha tido raízes diretamente ligadas ao barroco europeu, foi uma das primeiras expressões artísticas brasileira no período do Brasil Colônia, e a partir daí começaram a se destacar nomes de grande importância para a arte da pátria.  Em nível regional, grandes nomes do estado de Goiás também se destacam neste e em outros estilos, como o pirenopolino Veiga Valle, Antônio Poteiro, D.J de Oliveira, Ana Maria Pacheco e outros.

Depois do cenário artístico construído de forma lenta no Brasil, atualmente o país atingiu a maturidade artística e exporta arte para galerias do mundo todo. Um passeio pela Casa Cor Goiás 2016 pode ser considerada uma das melhores formas para conhecer alguns dos aclamados e talentosos artistas brasileiros.

Ieda Jardim no Lounge 9

Ieda Jardim no Lounge 9

Outro ponto positivo da utilização da arte nacional que pode ser destacado é a questão econômica. Importar produtos de qualquer espécie requer o pagamento de tarifas alfandegárias e, para André Lenza, arquiteto responsável pelo Studio 777, em ano de recessão econômica, obras de arte estrangeiras são pedidas pouco vantajosas pelo alto custo, dificuldade de negociação e demora na entrega. O espaço do arquiteto está recheado de arte goiana, como a tela de Marcelo Solá e as fotografias exclusivas de Naldo Mundim.

Na Casa da Dina, as telas de Siron Franco e Menelaw Sete posicionadas de forma paralela são destaques do espaço. No Café da mostra, os traços despreocupados de Sandro Tôrres colorem o ambiente naturalmente sóbrio. A delicadeza das linhas de costura de Marlan Cotrim em livros e folhas mostra a sensibilidade imprimida em meio a tijolos originais do prédio, no Lar Office Lar.

A composição de cada ambiente exige dos arquitetos e decoradores um olhar atento sobre as produções dos melhores artistas brasileiros e goianos. Os espaços criados para a mostra também são embelezados por quadros, esculturas e telas dos artistas Pitágoras, Gianotti, Marcus Camargo, Homero Maurício, Rogério Mesquita, Iêda Jardim, que enriquecem a decoração e dão personalidade aos ambientes, podendo ser admirados por todos os visitantes. Durante a visita, é possível descobrir de forma individual uma a uma das inúmeras obras de arte presentes na mostra.

Marcus Camargo no Loft Fazenda

Marcus Camargo no Loft Fazenda

Fotos: Joemar Bragança
Texto: Casa Cor Goiás

A fotografia que captura a dor

Fotógrafa explora os sentimentos de angústia e ansiedade em uma série de fotografias intitulada “My anxious heart”

my anxious heart

De acordo com estudo realizado pelo PLOS Medicine, a depressão é a segunda causa mais comum de invalidez em todo o mundo, então por que não transformar a dor em arte? Como um dos primos mais próximos da depressão é a ansiedade, a recém-formada fotógrafa Katie Joy Crawford escolheu o tema para o ensaio em seu trabalho final de curso e o resultado acabou virando notícia em todo o mundo.

Na série de 12 autorretratos intitulada “My anxious heart” (Meu coração ansioso), a fotógrafa narra por meio de imagens os sentimentos de uma pessoa que, como ela, sofre de ansiedade. As fotografias identificam o tamanho do esgotamento emocional e físico que sofre uma pessoa com transtorno de ansiedade a partir de uma perspectiva pessoal.

“Como eu carrego os sentimentos de ansiosidade na minha mente desde que nasci, decidi interpretar meu próprio papel como instigadora e vítima da ansiedade através dos autorretratos”, explicou a fotógrafa em seu site. O projeto, que foi tema de reportagens em diversos portais de notícias internacionais, se transformou em um livro, onde Katie Joy Crawford narra – por palavras e fotografias – o que é o sentimento de angustia.

Como dizem que as melhores criações nascem na dor, o resultado do trabalho da fotógrafa foi incrível. É como estar dentro de sua cabeça ansiosa e se sentir preso nesta angustia.  “Quero que aqueles que sofrem, sintam que têm uma voz e uma mão para segurar. Não quero que ninguém se sinta sozinho nunca, já que ansiedade e a depressão podem fazer com que a pessoa se isole”, contou Katie em entrevista para o portal BuzzFeed.

Conheça mais o trabalho de Katie Joy Crawford em sua página online.

enhanced-29616-1458672230-2 enhanced-11274-1458672363-8 enhanced-1767-1458672091-1

O incrível mundo de Lapo Elkann

O herdeiro da Fiat Lapo Elkann, sua criatividade excêntrica e seu encontro com a Kartell

05_Kartell_Lapo-It's a wrap collection

Algumas pessoas vieram ao mundo para se destacar. Seja pela polêmica de seus atos, pela humanidade de suas ações ou pela genialidade de suas criações. Definitivamente o italiano Lapo Elkann é um deles – talvez a justificativa se encontre em todas as três razões citadas acima. Com o cigarro em uma mão e o café na outra é que o filho prodígio da Fiat encontra inspiração para criar. Filho prodígio da Fiat porque Lapo, além de fundador de oito empresas de sucesso, é tataraneto do fundador da Fiat, Giovanni Agnelli, ou seja, herdeiro da marca italiana de carros.

Traçar o perfil de Lapo Elkann não é uma tarefa fácil, o italiano de 38 anos atua como marqueteiro, empreendedor, estilista e magnata mundial do jeans e dos óculos, designer de veículos, destilador de vodca, distribuidor de filmes e designer de relógios. Além de sua vasta lista de profissões, Lapo coleciona também uma lista de mais de meia dúzia de empresas fundadas por ele. São seis de capital aberto e outras duas de capital fechado, tendo como caçula a recém-criada Garage Italia Customs, empresa de design e fabricação responsável por personalizar carros.

Embora o ‘playboy’ não esconda a influencia da família, não gosta de misturar a influencia magnata da empresa de seus avos com suas apostas pessoais. “Os empreendimentos que faço não são com o dinheiro da minha família — são minhas decisões, minhas escolhas, e é assim que eu quero que seja”, explicou certa vez em entrevista para a revista Forbes. “É um muro muito alto, mas muito respeitoso, que foi construído com flores entre as minhas empresas e as empresas da minha família. Ainda sou um dos maiores acionistas das empresas da família, com meu irmão [John, presidente da Fiat] e minha irmã, e eu as vejo com muita seriedade, sou parte delas. Mas minha vida diária é desenvolver meu grupo, minha empresa, meu império e minha história”, completou.

Cladio Luti (Kartell) e Lapo Elkann

Cladio Luti (Kartell) e Lapo Elkann

O termo playboy que acabou por dar apelido ao empresário pode estar associado a sua vida pessoal. De personalidade forte, o empresário já alcançou com apenas uma de suas empresas um faturamento de quase US$ 36 milhões, mas nem sempre foi assim. Baladeiro, antes de mostrar sua criatividade no mundo dos negócios, Lapo saiu de um tratamento para dependência química e morou em Nova York enquanto se recuperava. Foi nos últimos oito anos que construiu seu império criativo.

Com tantas vertentes, não é estranho imaginar o trabalho de Lapo Elkann cruzando com o mundo do design moveleiro – assim como fez com a moda, o cinema e o design de carros. Este ano, durante a edição 2016 do Salão do Móvel de Milão, a Kartell uniu forças à Garage Italia Customs para lançar a “Kartell + Lapo. It’s a wrap!”. O designer e sua empresa reinterpretaram os produtos icônicos da Kartell utilizando a tecnologia usada para personalizar os carros (car wrapping technology).

A grande paixão de Lapo Elkann é o mundo automobilístico, então a parceria entre as duas empresas italianas levaram as peças mais marcantes da Kartell para dentro deste universo. Foi por isso que uma flagshipstore da Kartell se transformou em um viveiro criativo real, onde os produtos da marca foram personalizadas usando as reinterpretações artísticas do designer, inspirado nas cores tradicionais das nações e do mundo automotivo. Os móveis são fruto de uma edição limitada das marcas.

04_KartellLapoRinascente 05_KartellLapo

50 anos de B&B

B&B contou seus 50 anos de história com uma sensorial instalação durante o Salão do Móvel de Milão 2016

milao-dia1-triennale-06

O Salão do Móvel de Milão chegou ao fim no último dia 17, mas foram tantas informações, criações e design que é difícil parar de falar na feira. Um desses incríveis destaques veio da clássica empresa italiana B&B, que assinou uma instalação tendo como palco a Triennale di Milano – evento que acontece simultaneamente ao Salão.

Para celebrar seu meio século de vida, a B&B montou a exposição The Parfect Density com o auxílio luxuoso do escritório de arquitetura Migliore+Servetto Architects para mostrar a trajetória da empresa. Com muita luz e abusando das novas tecnologias da informação, a instalação lembrou os principais eventos, personalidades e momentos que fizeram parte da história da B&B.

Filmes, vídeos e telas de televisores foram os contadores de história nessa retrospectiva criativa da marca. Bodas de Ouro em grande estilo. Para a italiana, a exposição leva uma das características da identidade da B&B para um sentido mais amplo. Eles partem do produto para chegar em seu conceito. A exposição, assim como a marca, foi uma densidade de ideias e projetos.

É por isso que a palavra densidade foi justamente o elo narrativo desta trajetória. No centro da instalação, oito gaiolas verticais em movimento contínuo criaram uma rede de feixes de luz como uma espécie de prateleiras visuais. Foi por meio desde sistema de iluminação que as imagens e textos sobre a história da empresa se projetaram. Produtos, processos, instalações e outras cenas puderam ser vistas nas paredes e teto da instalação, no total oito vídeos com temas diferentes.

Ao mesmo tempo, nas paredes laterais da sala, dois filmes, que caiam de forma contínua, narraram uma série de micro histórias: imagens gráficas, produtos e pessoas que passaram pela B&B Italia durante seus 50 anos de vida. A assinatura criativa da exposição ficou nas mãos de Ico Migliore e Mara Servetto e do estúdio de arquitetura com atuação internacional e um time de arquitetos e designers com trabalhos em cidades, instituições e museus em todo o mundo.

Cidades-fantasmas

Aquilo que o homem abandona, a natureza adota outra vez

cidade-mineira-abandodada
A arquitetura não vive apenas do que existe, mas também daquilo que já existiu. O estudo das grandes obras levantadas no passado ajuda os profissionais do presente a entender o ofício e a criar com todas as ferramentas adquiridas ao longo da história. Ocorre que algumas delas ficam esquecidas. O Blog AZ apresenta hoje alguns dos lugares abandonados que mais parecem cenas pós-apocalípticas ou contos fantásticos de um filme surrealista.

É interessante perceber um ponto em comum entre todas as construções já abandonadas pelo homem: a força da natureza. O controle do ser humano sobre a natureza é ténue, assim basta que nos afastemos por alguns anos para que o verde reconquiste seu espaço. Quando um barco, uma casa ou mesmo um objeto fica abandonado por muito tempo, passa a fazer parte da natureza ou a natureza dela.

árvore-bicicleta-árvore

Muitos desses edifícios abandonados ganharam um apelido que atrai muita curiosidade, “Cidade abandonada”.  Em Kolmanskop, na Namíbia, por exemplo, algumas casas foram abandonadas e o deserto acabou invadindo o lugar que antes o homem ocupava. A cidade ficou conhecida como cidade mineira devido ao seu intenso comércio com a venda de diamantes.

Kolmanskop10

Colônia da Alemanha entre 1884 e 1915, Kolmanskop foi fundada em 1908 quando os mineiros alemães de diamantes migraram e fundaram o município dedicado à extração de pedras preciosas. A Primeira Guerra Mundial foi responsável pela escassez do diamante e a mina foi completamente abandonada. Resultado: o movimento das dunas acabou deteriorando as estruturas dos edifícios e invadiu todo o espaço.

A China viveu uma história parecida. A Ilha de Gouqi, que é parte de um arquipélago conhecido como Zhoushan, já foi habitada por pescadores que viviam da indústria de pesca. Com o tempo e as transformações econômicas, a atividade foi perdendo espaço na vida dos pescadores e estes abandonando suas casas. A vila de pescadores se transformou em uma pequena floresta dominada unicamente pela força da natureza.
11

Mas o prêmio de cena mais apocalíptica fica reservado para um cemitério de carros abandonados na Bélgica. À primeira vista, parece que um engarrafamento ficou parado no tempo na Vila de Chatillon, mas a história dos carros nos leva de volta para a segunda Guerra mundial. Aparentemente os veículos foram deixados escondidos na floresta por um grupo de soldados americanos que, ao final da guerra, não tinha condições financeiras para levar o veículo de volta para os Estados Unidos.

2

Quase um cenário de filme de terror, o parque de diversões Nara Dreamland, no Japão, foi definitivamente abandonado apenas em 2006, mas já sofreu as influencias da natureza. Hoje o espaço, aberto na década de 1960, é um parque de diversões para fotógrafos em busca de cenários exóticos para suas câmeras.

5