Entre a casa e o muro

O jardim por Benedito Abbud

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O impacto do verde na vida tanto de uma casa quanto de uma cidade fez com que a arquitetura criasse, dentro de sua linha de estudo, toda uma nova maneira de se pensar o bem estar e Benedito Abbud entendeu bem sua importância. Para o arquiteto e paisagista brasileiro, o verde deixou de ser um elemento meramente estético e se transformou em uma solução para as cidades.

Bom, como essa afirmação não é difícil imaginar que o trabalho paisagístico de Abbud envolve diferentes produtos e escalas, que vão desde cidades, bairros, parques, praças, condomínios verticais e horizontais, residências e até empreendimentos corporativos e comerciais, hotéis e flats, habitações compactas, shoppings centers e áreas especiais. Seu escritório já desenvolveu mais de 5.200 projetos em todo Brasil e em outros países como Argentina, Uruguai e Angola.

Com 40 anos de profissão, Benedito Abbud é arquiteto paisagista formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, na qual atuou como professor. Arte, técnica, bom senso, bom gosto e criatividade são as principais ferramentas de trabalho do paisagista. Desde a escolha de uma planta ou um piso até a disposição de cada um dos elementos em sintonia com a arquitetura do ambiente fazem toda a diferença e um belo jardim – tanto em um espaço público, quando em espaços privados – é sinônimo de qualidade de vida.
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“Hoje, a presença do verde e da natureza em centros urbanos é sinônimo de qualidade de vida, motivo para os profissionais, assim como eu, valorizam o verde nas cidades”, afirma o paisagista que dá cada vez mais valor para o verde que anda sumindo das grandes cidades. “Acredito que a atual conscientização da população para a importância de conviver junto à natureza e respeitá-la impacta em uma vida melhor para todos”.

Para Abbud, paisagismo não é um simples jardim. O arquiteto gosta de trabalhar com o conceito de acupuntura paisagística que defende que, a partir do momento em que se melhoram pontos estratégicos do local, esses benefícios se espalham por toda a região onde são aplicados. “O paisagismo é como a acupuntura, que vê seus efeitos se espalhar pelo corpo humano, mesmo sendo aplicada apenas em determinados pontos”. Os cinco sentidos também não são esquecidos pelos trabalhos de Benedito Abbud, que explora sabores, cheiros e barulhos em seus jardins.

O reconhecido trabalho paisagístico de Benedito Abbud não passou despercebido. O arquiteto já viu seu escritório ser premiado diversas vezes e assina alguns livros sobre a qualidade de vida do verde. É também de autoria de Abbud o desenvolvimento dos projetos para a candidatura do Rio de Janeiro à Olimpíada de 2016.

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Arquitetura pelo mundo: Foundation Pathé

Foundation Pathé é mais um edifício que expõe a criatividade dos arquitetos contemporâneos das capitais europeias

Michel Denancé

A Torre Eifel, estrutura de ferro erguida no Champs de Mars em Paris no século XIX, é ainda o edifício mais alto da cidade, mas não é preciso ser o prédio mais alto para chamar atenção. O edifício da Foundation Pathé, localizado no 13º distrito da capital francesa, não disputa atenção com o monumento mais visitado do mundo, mas com certeza não passa despercebido entre os prédios antigos e históricos da capital.

Primeiro que de antigo o Pathé não tem nada. Sim, o Velho Continente está abrindo suas portas para o novo e os arquitetos contemporâneos estão sendo recebidos de braços abertos nas famosas cidades europeias. Londres sedia o prédio mais alto da Europa ocidental e seus edifícios contemporâneos podem ser vistos de todos os ângulos da cidade. Barcelona, Praga, Madrid e Moscou são outros exemplos de cidades antigas que se abriram para o novo.
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Paris ainda está engatinhando, mas não deixa de exibir prédios bastante chamativos por sua arquitetura contemporânea. O Centro Pompidou, inaugurado em 1977, causou estranheza nos parisienses mais acostumados com os prédios tradicionais. Do alto do Arco do Triunfo, La Defense mais parece um bairro futurista, ainda que não tenha erguido todos os arranha-céus que foram projetados para o setor financeiro de Paris.

O Pathé é outro exemplo da arquitetura contemporânea em meio aos edifícios tradicionais. De longe, o prédio parece um inseto gigante, de perto é um criativo edifício exprimido entre dois blocos históricos da cidade da luz. O Pathé é uma presença inesperada, um volume curvo flutuante no meio de um pátio, ancorada em apenas alguns apoios. O projeto requeria a demolição dos dois edifícios existentes, ao contrário, entretanto, sua fachada foi restaurada e conservada devido ao seu valor histórico e artístico – ela foi esculpida por Auguste Rodin.

A Fundação Jérôme Seydoux-Pathé foi inaugurada em setembro do ano passado encarregada de apresentar ao público o patrimônio cinematográfico da Pathé. O responsável por toda essa originalidade foi Renzo Piano, que assina também o já mencionado Centro Pompidou.

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Fotos: Michel Denancé

Design é meu mundo / Linha Chuva

Léo Romano lançou esta semana, na Decameron em São Paulo, sua quinta linha de móveis

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A qualidade da Decameron e a criatividade de Léo Romano já são características familiares do Blog AZ. Não nos cansamos em enaltecer o trabalho tanto da marca de Marcus Ferreira quando da originalidade do arquiteto goiano, por isso não poderíamos deixar de comentar a aliança entre esses craques do design no lançamento da linha Chuva.

A história da Decameron começou há 20 anos quando seu fundador, Marcus Ferreira, abandonou a biologia marinha para desenhar sofás. Na lacuna do mercado brasileiro, que não tinha empresas de design especificamente voltadas para a fabricação de sofás, Marcus lançou sua marca.

Léo Romano começou no design há dezessete anos e sua vasta formação lhe permite transitar entre todos os campos da arte da decoração. Se formou em Artes Visuais, Design de Interiores, Design Gráfico e Arquitetura e Urbanismo, tudo isso coroado com um mestrado em artes visuais. Conhecido pela ousadia, Léo é inquieto e curiosos – qualidades que ajudaram a dar ao seu trabalho o merecido reconhecimento nacional.
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A união dessas duas histórias de vida profissional foi selada na última terça-feira (17) em São Paulo, quando Léo Romano fez o lançamento de sua linha de móveis Chuva para a Decamenron. A coleção ficará exposta até sábado (21) na loja de Marcus Ferreira.

A coleção Chuva integra a série Objetos Poéticos, com peças em madeira e cerâmica – estas últimas assinadas pela artista plástica Iêda Jardim. Como de costume em suas criações, Léo busca trabalhar com os elementos da natureza como um estimulo sensorial. Chuva é uma coleção de móveis com a expressão da fluidez. Segundo o próprio arquiteto, a madeira é trabalhada numa construção artesanal precisa e cuidadosa produzindo imagens plásticas conduzidas por linhas puras e contínuas.

O elemento água foi o fio condutor para a criação de toda a linha, que conta com mesas laterais, bancos, mesas de centro e de jantar, espelhos, aparadores e bancos produzidos em madeira freijó. A linha Chuva é a quinta coleção de móveis assinada pelo arquiteto e exclusividade AZ.

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A cidade das várias cidades

Londres, na contra mão das outras capitais europeias, deixou a arquitetura contemporânea invadir os bairros dos prédios levantados no fim do século IX

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Visitar os grandes pontos turísticos de Londres é realmente encantador, mas ver uma Londres contemporânea lado a lado daquela antiga vila medieval faz valer apena passear por uma das cidades mais visitadas do mundo.  A arquitetura dos novos prédios, ao contrário do que ocorre em praticamente todas as grandes cidades europeias, está realmente espalhada por Londres, que não segregou nos bairros afastados a criatividade dos designers do novo milênio.

Ao olhar para o alto no centro turístico de Paris se vê apenas a Torre Eifel, edifício mais alto da cidade, mas na capital inglesa se vê um incontável número de prédios novos intercalados com as torres de catedrais e edifícios levantados nos tempos aureos dos reis. Parece difícil imaginar arranha-céu na Europa, mas Londres está começando a trazer essa cultura capitalista para o centro de sua cidade – inclusive, a capital inglesa abriga o The Shard, maior edificio da Europa Ocidental .

A maior parte dos edifícios altos da capital inglesa se localizam na City e Canary Wharf, regiões financeiras da cidade que sediam as grandes empresas e bancos mundiais. Porém, não é preciso se locomover até esses bairros já que o novo e o velho estão lado a lado em toda Londres.

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Um passeio pela margem do rio Tâmisa até a famosa Tower Bridge  nos faz variar no tempo. A própria ponte báscula da torre, construida em 1894, é visinha do City Hall – prédio construído há pouco mais de dez anos que abriga a prefeitura – e do Royal Palace and Fortress The Tower of London – que teve sua construção iniciada no século IX, em 1078.

O edifício que abriga a câmara e o gabinete do Prefeito de Londres é um modelo de acessibilidade e sustentabilidade. Projeto do arquiteto Norman Foster, o City Hall surpreende logo pelo formato de esfera inclinada coberta por vidro. Já o Royal Palace, do outro lado do rio, matém seu desenho original e medieval que inicialmente serviu de fortificação dos limites da cidade romana sendo, alguns séculos mais tarde, utilizado como sede de prisão e tortura dos opositores da coroa.

Ainda às margens do Tâmisia, a Milenium Bridge – batizada em homenagém a chegada do novo milênio, ano de sua inalguração – se destaca quando vista ao lado da St Paul’s Cathedral, levantada ainda no século XVII. Destaque também para o belo edifício empresarial projetado pelo arquiteto Norman Foster (o mesmo da prefeitura londrina) em forma de cilindro.

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O incrível vazio de Lloyd Wright

Wright projetou, na década de 50, um de seus trabalhos mais espetaculares, as mansões da Ilha particular de Petra, criando um verdadeiro paraíso na terra

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Organismo é tudo aquilo que tem vida e vida é a palavra de ordem para os profissionais da arquitetura orgânica. Pai desse movimento, Frank Lloyd Wright trabalhava no vazio de suas obras. Para o arquiteto estadunidense, o vazio é o ponto culminante da arquitetura, já que é no vazio das paredes que vivemos. Na arquitetura orgânica, uma casa deve nascer para atender às necessidades das pessoas como se realmente fosse um organismo vivo.

O famoso arquiteto americano de ascendência galesa Frank Lloyd Wright começou sua carreira em 1886. Wright via vida na arquitetura e viveu a sua para ela. Influenciou os rumos da arquitetura moderna com suas ideias irreverentes e se consagrou pai da arquitetura do século XX e um dos maiores arquitetos de todos os tempos. Foi com todo esse background que Wright projetou, na década de 50, as mansões da Ilha de Petra criando um verdadeiro paraíso na terra.

Dentre os vários organismos vivos de Lloyd Wright, um em especial chamou nossa atenção. Antes de sua morte, Wright deixou um de seus projetos mais espetaculares construído em uma ilha particular há pouco mais de 80 quilômetros da cidade de Nova York, as mansões da Ilha de Petra.São também de sua autoria o Museu Guggenheim de Nova York e a lendária Casa da Cascata, na Pensilvânia.
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A casa da ilha dos sonhos, construída em 1950, foi um dos últimos projetos do afamado arquiteto que morreu nove anos mais tarde. O projeto possui 1200 metros quadrados de convivência harmônica entre natureza e concreto. Em 2008, a segunda residência da ilha, uma mansão de 5000 metros quadrados, foi levantada tendo como base um projeto que Wright deixou apenas papel. Hoje a ilha encanta com suas duas casas, uma pista de pouso para helicóptero e seus mais de 110 mil metros quadrados de natureza.

Wright abusou ao máximo do que a ilha poderia lhe oferecer e as casas integram a natureza ao seu interior de concreto. O projetofoi construído com mais de 1500 metros quadrados de claraboias e vastas extensões de pedra, cimento e mogno. É como se a mansão tivesse nascido de dentro das pedras e crescido pela força da luz solar. Com três suítes, seis lareiras e a sala principal carcada por janelas em mogno africano, a mansão principal virou sinônimo de sossego e descanso.

A sonífera ilha fica a apenas 80 quilómetros de barco da agitada cidade de Nova York. Após mais de 5 anos a venda no mercado por valores estimados em U$19,9 milhões, saiu em 2013 um boato de que Angelina Jolie arrematou a ilha para presentear Brad Bitt em seu aniversário de 50 anos. Baita presente, não?

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A culinária do streetfood

Comer na rua, além de agradável, agora está na moda e os foodtrucks estão invadindo as ruas e calçadas das grandes cidades

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Antigamente comer em pé e na calçada era coisa de atrasado, hoje é coisa de antenado. É que o streetfood e os foodtrucks estão na moda e invadiram as calçadas das grandes cidades. Amantes da culinária assumiram a direção de caminhões e trailers para preparar pratos gourmet com muito estilo.

Em Goiânia, a novidade não é assim tão nova, já que somos conhecidos pelos pit dogs que estão espalhados pelas calçadas e praças da capital. O streetfood repaginou as antigas cabines de sanduiche e deixou o espaço mais agradável e, claro, mais pop.

Os caminhões de comida que ganharam as ruas, além de desfilarem com um design bastante e inovador, contam com renomados chefes de cozinha. A moda tem mudado os hábitos culinários dos jovens, que antes recorriam aos shoppings em busca de fastfood.

As comidas ganharam um toque de sabor e glamour, mas têm contribuído para mudar a dinâmica dos espaços urbanos. Os brasileiros ainda não aprenderam como os europeus a aproveitar os espaços públicos. Em parte a violência faz com que as famílias mantenham seus filhos em casa a sete chaves, mas a cultura dos shoppings acaba deixando as praças vazias.

O streetfood é o primeiro passo para que o brasileiro descubra a graça e a delícia Out Door e vem interferindo na forma de se pensar urbanismo das áreas públicas em varias cidades. Em Goiânia a prefeitura ajudou os donos dos tradicionais Pit Dogs a repaginarem suas lanchonetes, como ocorreu na praça da T-23 no Setor Bueno e ao longo de toda a da Avenida Universitária.

A moda não surgiu no Brasil, só em Nova York são concedidas anualmente 5.100 licenças para novos foodtrucksanualmente. Na França, a edição 2013 do guia Le Fooding elegeu o trailer Le Camionqui Fume como um dos lugares mais bacanas para se comer em Paris. Em São Paulo a novidade foi oficializada durante o encontro de foodtrucks, que aconteceu no último ano no estacionamento do Shopping Center Norte.

Os foodtrucks, mesmo com seu toque de glamour, tem ajudado a democratizar e propagar as culturas culinárias. Os caminhões não vendem apenas sanduiches, comida cubana, vegam, tailandesa, mexicana e de todo canto do mundo.

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Design é Meu Mundo / Poltrona Diz

O conforto e a elegância da Poltrona Diz, de Sérgio Rodrigues

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Nós, do Blog AZ, não nos cansamos de falar de Sérgio Rodrigues e não é pra menos, o arquiteto precursor do design brasileiro moderno deixou um patrimônio mobiliário de tirar o fôlego. A fama das peças criadas por Rodrigues veio não só pela sua qualidade e beleza, os móveis traduzem bem a cultura nacional por meio do que o próprio designer chamou de “acentuação da brasilidade”.

A madeira aliada ao design feito para que a pessoa fique “à vontade” fez das peças de Sérgio Rodrigues as mais cobiçadas do mobiliário nacional. No mundo, Sérgio passou por um momento de valorização de seu trabalho e a Poltrona Mole – criação mais famosa do designer – faz parte do acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa).

A poltrona passou por um processo histórico e podemos encontrá-la em três modelos diferentes. A primeira Poltrona Mole foi criada em 1957 e tinha uma estrutura mais rígida. A segunda versão foi a que foi mandada para a Itália, em 1961. Depois veio a versão “Moleca”. O detalhe interessante é que a poltrona ficou um ano na loja, exposta, sem que ninguém a comprasse.

Segundo o próprio Sérgio, as pessoas diziam “Imagina, essa loja que começou muito bem, agora entrou na galhofa, está fazendo essas brincadeiras assim, uma estrutura de madeira que tem em cima um almofadão que mais parece um ovo estalado. Deve ser uma cama de cachorro”. Agora a Mola é objeto de desejo no mundo do design.

Marcada por linhas esculturais, com design elegante, visualmente leve e excepcionalmente ergonômica, outra peça dessas feita para ficar a vontade é a poltrona Diz. Quem senda no móvel se deixa escorregar na madeira e encontra posições bem confortáveis – mesmo que a peça não tenha nenhuma estrutura almofadada em seu acabamento. Mais jovem que sua colega Mole, a poltrona foi criada em 2002 e é um dos itens mais disputados na R 20th Century, loja de design situada no badalado bairro Tribeca, em Nova York.

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Fotos: Marcus Camargo

Os traços de Álvaro Siza

O Blog AZ sempre destaca grandes designers e arquitetos e Álvaro Siza é um deles. O português é considerado um dos grandes arquitetos de todo o mundo não só por sua coleção de trabalhos, mas […]

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O Blog AZ sempre destaca grandes designers e arquitetos e Álvaro Siza é um deles. O português é considerado um dos grandes arquitetos de todo o mundo não só por sua coleção de trabalhos, mas por sua facilidade em lidar com as várias linguagens arquitetônicas.

Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira nasceu em 1933 no interior de Portugal.  Entre os anos de 1949 e 1955, estudou na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde lecionou anos depois. Influenciado por nomes como o de Frank Lloyd Wright, Le Corbusier e Alvar Aalto, Álvaro Siza desenvolveu uma linguagem própria próxima daquela desenvolvida durante o modernismo português.

Foi professor visitante na Escola Politécnica de Lausanne, na Universidade de Pensilvânia, na Escola de Los Andes em Bogotá, na GraduateSchoolof Design of Harvard University como “Kenzo Tange Visiting Professor”; e lecionou na Faculdade de Arquitetura do Porto, onde trabalha atualmente. Sua carreira foi consolidada (e coroada) em 1992 quando ganhou o prêmio Pritzkerde arquitetura.
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Sua linguagem própria encantou os jurados que justificaram o prêmio na habilidade e firmeza do arquiteto. “A arquitetura de Álvaro Siza é uma alegria para os sentidos e eleva o espírito”, palavras do júri. Como os primeiros modernistas, suas formas, moldadas pela luz, tem uma simplicidade. “Se uma vista é desejada, uma janela é feita. Escadas, rampas e paredes, tudo parece ser predestinado num edifício de Siza. Esta simplicidade é revelada como uma grande complexidade. Há um domínio sutil sublinhando o que parece ser uma criação natural”, completaram os jurados.

No Brasil, a obra do arquiteto Álvaro Siza Vieira tornou-se conhecida em torno das ideias de regionalismo crítico e identidade nos anos 80. Em 2008 foi inaugurada às margens do lago Guaíba, a Fundação Iberê Camargo, projetado porÁlvaro Siza composta por dois volumes cheios de linhas e curvas – bem ao seu estilo modernista.

“É difícil pensar num arquiteto contemporâneo que tenha mantido uma presença tão consistente na profissão como Álvaro Siza. Que esta presença seja mantida por um arquiteto que vive e trabalha na margem extrema atlântica da Europa só serve para enfatizar a sua autoridade e o seu estatuto”, lê-se no comunicado que destaca os projetos da Casa de Chá Boa Nova e as Piscinas de Marés, obras de Siza em Leça da Palmeira.

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Jardins perdidos da capital

Bosque dos Pássaros e os jardins esquecidos do Setor Sul viram galerias de arte para os grafiteiros goianos

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A capital esconde algumas belezas e o Bosque dos Pássaros é uma delas. O que poucos sabem é que o Bosque dos Pássaros, a versão goiana e com mais natureza da famosa viela de grafites da Villa Madalena em São Paulo, é apenas um exemplo dos inúmeros jardins esquecidos do Setor Sul.

Segunda capital planejada do Brasil, Goiânia nasceu dos desenhos do urbanista Atílio Corrêa Lima (revisado por Armando de Godoy) com o objetivo de fomentar a marcha para o oeste iniciada pelo governo de Getúlio Vargas na década de 1930.

Como tudo que é planejado, a cidade nasceu com grande potencial. A ideia era inspirar o projeto da nova capital na proposta das cidades idealizadas pelo urbanista inglês Ebenezer Howard. Howard propunha o fim da divisão entre o urbano e rural e para isso as cidades foram pensada como pequenas vilas para até 35 mil habitantes cercadas de verde.

A cidade-jardim de Ebenezer Howard norteou a urbanização de várias vilas pelo mundo e de um peculiar setor da capital goiana: o setor-sul. O coração do Setor Sul foi criado para ser uma rede pública de jardins por onde as pessoas caminhariam a pé. As casas ficariam de frente para essa cidade verde com passagens apenas para pedestres e de costas para pequenas vielas feias e frias projetadas para que os carros pudessem passar e estacionar.

Por meio de uma lógica ilógica os jardins se tornaram o fundo das casas e as vielas, a entrada principal; ou seja, os moradores viraram o bairro do avesso e os jardins ficaram esquecidos. Os jardins foram projetados para as ruas, mas as ruas se esqueceram do jardim.Quem já andou pelo bairro, com certeza se perdeu em um número sem fim de vielas sem saída até encontrar um jardim abandonado que nunca imaginou existir na cidade. O problema é que esses jardins são numerosos.

O resultado positivo do abandono foi a reutilização desses espaços pela arte urbana. O Bosque dos Pássaros é o exemplo mais claro do aproveitamento artístico do espaço público. O jardim realmente não admite a entrada de carros, suas ruas estreitas ligam três entradas opostas todas projetadas para a passagem de pedestre. Os muros altos com pequenos portões que ligam as casas ao jardim esquecido – passagens que não devem ser abertas muitas vezes ao ano – são as telas em branco. Os artistas se apropriaram desses espaços e deixaram suas marcas. Hoje os jardins esquecidos merecem fazer parte do circuito cultural da cidade, pois viraram galerias a céu aberto.

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“Zero real” no mundo real

Fotógrafo curitibano viajou o Brasil com uma máquina na mão e nenhum real no bolso

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Foi com uma mochila nas costas e uma ideia na cabeça que o fotógrafo curitibano Leonardo Maceira  decidiu conhecer o Brasil. Na mochila, dessas ao estilo backpacker, Leonardo levou o pouco que precisava para se vestir. Na cabeça, levou a ideia que motivou sua aventura: fotografar o Brasil sem nenhum real no bolso.

“A pessoa acha que eu quero dizer que estou levando pouco dinheiro. Aí eu digo que na verdade estou viajando com ‘zero real’”, explicou o fotógrafo de 23 anos ao repórter do portal G1. Para se deslocar, Leonardo ficou na beira das estradas procurando carona. Como herança, trouxe da viagem belas fotografias e várias experiências.

Sua coragem chamou a atenção do Brasil. Sua história foi contada por vários repórteres e a viagem acabou no Rio de Janeiro em um papo com Fátima Bernardes para seu programa de televisão. Foram inúmeras cidades por mais de dez estados brasileiros percorridos de carona e pernoitados na casa de conhecidos.
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Leonardo Maceira não era novato de estrada, ainda aos 16 anos o jovem morou na Itália onde atuou como jogador de futebol de salão profissional. Quatro anos depois, voltou para o Brasil e entrou para as áreas de cinema e fotografia. A ideia da viagem veio quando foi apresentar o trabalho de conclusão de um curso na área de fotografia com o tema “O lugar de cada um”.

Leonardo percebeu que cada um tem seu ou seus lugares e caiu na estrada para registrar cada um deles. Ele batizou a viagem de “Os lugares de cada um” e criou uma página de mesmo nome no Facebook – com mais de 13 mil curtidas – onde posta atualizações e fotos sobre o seu dia a dia.

“Minha viagem foi uma aventura, então tudo que acontece de bom ou errado foi uma experiência nova que valeu a pena ser vivida”, explicou no programa de televisão. Seu projeto não acabou com a viagem no Brasil e Leonardo já embarcou (de carona) para a América do Sul. Ele pretende rodar, literalmente, o mundo sem um real (ou dólar) no bolso. Teria coragem?
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Fotos: Leonardo Maceira